quarta-feira, novembro 30, 2011

UM ERRO COLOSSAL

Os problemas da economia europeia têm sido sistematicamente combatidos pelos governos com a redução significativa de salários e de direitos, sempre acompanhada por um aumento de impostos.

Até hoje ainda não houve nenhum país onde isto resultasse num aumento de produtividade, ou diminuição do desemprego. Como costuma dizer um amigo meu que é economista, isto é como o doente a quem vão solucionando o mal recorrendo a amputações, que depois o transformam num ser incapaz de se valer a si próprio e incapaz de produzir o que quer que seja.

Os governantes e as suas claques partidárias ficam muito irritados com a indignação e revolta que vai aumentando nos cidadãos, mas não conseguem convencer-nos de que existam no Orçamento de Estado para 2012, medidas que promovam o crescimento e o emprego, condições indispensáveis à melhoria do nível de vida dos portugueses, que deve ser a missão dos políticos.

Os cidadãos querem melhorar as suas condições de vida e necessitam de ganhar esperança no seu futuro, mas o governo só sabe anunciar sacrifícios e não dá nenhuma esperança, nem aponta nenhum horizonte realista para a inversão das políticas recessivas.

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Foto - Os Cortes
By David Caballero
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Humor Poluente

terça-feira, novembro 29, 2011

PECADO DA SOBERBA

Sempre ouvi dizer que “quem tudo quer, tudo perde” mas parece que os senhores que apoiam este governo desconhecem o ditado, ou desconhecem o funcionamento da economia.

Já decidiram o corte dos subsídios de féria e de Natal dos funcionários públicos e dos pensionistas em 2012 e 2013, mas nunca se preocuparam muito com o que vão perder no que respeita a IRS, como se isso não fosse importante. Só o era, na sua óptica relativamente ao sector privado, disseram.

Agora mexeram no IVA, e fizeram disparates que nem um analfabeto faria. A água engarrafada paga o mesmo imposto que o vinho, e a restauração passa para os 23% de IVA.

Ninguém nos veio dizer qual o impacto destas medidas, ao nível das receitas cobradas e do desemprego que vão gerar, porque nem eles sabem em que é que se meteram.

Aumentam os horários de trabalho do sector privado em meia hora, diminuem o número de feriados e cortam nas férias e no pagamento do trabalho extraordinário, sem se perguntarem pelo impacto. Quantos postos de trabalho se vão perder?

Estas medidas, entre outras, vão ter efeitos negativos no emprego e na economia, mas temos um governo que teima em castigar os cidadãos, sem ter qualquer previsão fundada da bondade e da utilidade das mesmas.

Será que alguém se convence que quanto mais pobres formos melhor ficará o país?



segunda-feira, novembro 28, 2011

O FADO E O COELHO

Não tenho intenção de falar deste quadro de Malhoa, O Fado, mas apenas registar aqui que a canção nacional é Património Mundial.
Esperemos que o fado seja bem aproveitado pela promoção turística e cultural do nosso país, que bem precisa do Turismo para equilibrar a nossa balança comercial.


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Passava Bem Sem Este Roedor

Este é o Coelho que nos tramou 3 Natais seguidos. Ao que parece o dito roedor continua a pensar que toda a gente que ganha mais do que o ordenado mínimo (485 euros) já merece ser penalizado pelos erros de governação dos executivos das últimas dezenas de anos.

domingo, novembro 27, 2011

PENSAMENTO DE DOMINGO

Quando nos obrigam cada vez a mais esforços, e quando todos sentimos que o aperto já começa a deixar de ser suportável, o sentimento de revolta cresce, porque depois de tanta austeridade, não há quem nos mostre um horizonte de esperança.

A miséria só principia, quando temos empobrecido até de esperanças.


Emanuel Wertheimer

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Humor de Bolso Vazio

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Pintura - Um par no Outono
By Leonid Afremov

sábado, novembro 26, 2011

PENSAMENTO

Perante a falta de valor que os políticos dão à sua própria palavra e aos seus compromissos assumidos perante os cidadãos, deixo aqui um sábio pensamento.

É indispensável boa memória após se haver mentido.

Pierre Corneille
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Humor - Eu sou mais mentiroso do que tu

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Pintura Outonal

sexta-feira, novembro 25, 2011

MERKOZY

Merkel confirmou que Paris e Berlim já estão "a trabalhar as proposta de modificações" aos tratados da União Europeia.


A Democracia na Europa não pode estar limitada às vontades de nenhum directório constituído pelo eixo franco-alemão como o que se tem instalado no últimos tempos.

quinta-feira, novembro 24, 2011

O ABUSO PREVISÍVEL

A atitude do governo perante as leis laborais começa a gerar os seus resultados, beneficiando de uma certa espécie de chefes e de patrões.

Numa empresa bem conhecida de todos, os trabalhadores foram ontem chamados à chefia que lhes perguntou se nesta quinta-feira iriam trabalhar. Os trabalhadores que conhecem bem a espécie de indivíduo que estava à sua frente, nem se atreveram a dizer que desejavam fazer greve, mas dois disseram que não tinham transporte para se deslocarem de casa para o serviço e vice-versa.

O chefe, com um ar seráfico, diz muito espaçadamente: isso é um problema que cabe a cada um resolver tomando a iniciativa de ir de táxi, pedir uma boleia ou conseguir ultrapassar a dificuldade de outro modo possível. Quem não se apresentasse ao trabalho seria considerado como aderente à greve.

A conversa acabou com a chamada de atenção, muito subtil, para o facto de se estar a ponderar a renovação dos contratos a prazo que ligam a maioria dos trabalhadores à empresa, o facto de o país estar em crise, e também a possibilidade de no próximo ano haver a possibilidade de contratar desempregados, e há muitos, recebendo por parte do Estado um incentivo quase no valor do ordenado mínimo, que aliás é o que auferem aqueles trabalhadores.

Como vêem trata-se de um chefe eloquente, duma boa empresa portuguesa, onde se respeita a lei e os direitos dos trabalhadores. Nada há onde se possa pegar que configure infracção ao Código do Trabalho. É tudo muito civilizado e demonstra na perfeição uma preocupação social extrema.

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Humor - A Queda

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Flor- Pronta a Colher

quarta-feira, novembro 23, 2011

A FLEXIBILIDADE DO GASPAR

O ministro das Finanças personaliza na sua pessoa o governo de que é membro, e o que ele diz é o que o colectivo decide. Sempre que ouvimos o ministro Vítor Gaspar, já sabemos que vem aí mais algum ataque aos contribuintes.

Não causou grande admiração ouvir há dias o ministro das Finanças dizer que não podia recuar nos cortes dos subsídios dos funcionários públicos e dos pensionistas. Os motivos alegados foram a falta de almofadas ou de alternativas, o facto de só poder ser substituído por outros cortes na despesa pública, e o acordo feito com a troika.

Diferente é o caso da recapitalização da banca, não que me cause grande admiração, que pode vir a ser alterada, nas palavras do mesmo ministro. Agora não fala dos prazos impostos pela troika, mas admite alargar os prazos de reembolso por parte da banca. Curiosamente fica-me também na memória o facto de Vítor Gaspar já ter dito que o Estado, apesar de passar a ser investidor nos bancos, vai ser um actor passivo, o que não lembra nem ao careca.

A flexibilidade do ministro Gaspar só existe para a banca, porque no que respeita aos que vivem dos rendimentos do trabalho, pensionistas e desempregados, a flexibilidade é nula.

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Foto - Asno

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Humor Inflexível

terça-feira, novembro 22, 2011

VÃO-SE CATAR

A equipa das Finanças, a começar pelo ministro não atina, e para além de andar a fazer o contrário daquilo que o Passos Coelho prometeu na campanha eleitoral, agora começou a não dizer coisa com coisa.

Depois de cortar os subsídios de Natal e de férias aos funcionários públicos, e depois de anteriormente ter elogiado apenas os funcionários do seu gabinete, Vítor Gaspar veio agora elogiar a “excelência de inúmeros funcionários públicos”.

Vítor Gaspar sabe perfeitamente, mas finge-se esquecido, que a excelência era para ser reconhecida a nível salarial, mas já não é. Os salários eram para ser actualizados mas já não são, e não eram para ser cortados os subsídios porque era um disparate, mas agora são cortados.

Os funcionários públicos dispensam as palavras vãs do senhor ministro, e posso até afirmar que desprezam tanta hipocrisia, porque da parte do senhor ministro gostavam de ouvir coisas concretas sobre o seu futuro, e não palavras ocas.

O desatino do ministério das Finanças é notório basta ver as contradições entre as palavras do secretário de Estado e as do ministro. O primeiro disse com todas as letras que as tabelas salariais dos funcionários públicos iam ser revistas em 2012, já o ministro veio afirmar o seu contrário, dizendo que se estava a especular. Especular, quem? Os jornalistas ou o secretário de Estado?

Eu não confio no senhor ministro, até porque foi ele que disse preto no branco, que faria tudo para atingir o défice previsto no orçamento, e isso quer dizer que existem outras cartas na manga, que ele esconde, por agora.

Outras notícias relacionadas AQUI e AQUI

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Fotos - Ratos com Ritmo
By Ellen van Deelen
By Ellen van Deelen

segunda-feira, novembro 21, 2011

CAMINHOS INVERSOS

A consciência social dos povos não é tão diferente como se costuma pintar, e as diferenças residem sobretudo nas classes dirigentes que manipulam a opinião pública e impõem a sua vontade usando todos os estratagemas possíveis e imaginários.

Durante várias décadas assistimos à deslocação da produção de muitos produtos, do mundo Ocidental para o Oriente. A razão invocada era invariavelmente a de conseguir mais baixos custos de produção e consequentemente, produtos mais competitivos.

O que se dizia nos anos 60 e 70 do século XX, sobre a exploração dos trabalhadores, deixou de se ouvir transformando-se os discursos em igualdade de oportunidades, comércio livre e competitividade. A globalização fechou os olhos às condições de trabalho no Oriente, e mesmo a sua aversão aos regimes políticos lá existentes, para alimentar a fúria consumista que era incentivada.

Esta prática acabou por revelar-se desastrosa, e quando a economia começou a vacilar e o crescimento abrandou, o Ocidente começou a sofrer as consequências de depender da produção e da riqueza produzida na outra parte do mundo.

No Oriente as coisas evoluíam de outro modo e a riqueza derivada das exportações começou a mostrar a esses povos que também eles tinham direito a partilhar dos produtos que apenas exportavam, e da riqueza que assim era gerada.

Os problemas da economia Ocidental começaram a ser combatidos com a contracção do consumo, via diminuição dos salários. O problema da dependência das importações permanece mas o consumo interno baixa substancialmente, afectando muito os países sem potencialidades de exportação.

No Oriente as coisas mudaram muito na última década, e os trabalhadores das grande fábricas que produzem produtos muito procurados no Ocidente, começam a perceber que têm agora mais poder reivindicativo, e vão conseguindo melhores salários e mais direitos.

Os povos do Ocidente não poderão, pelo menos nas próximas décadas, competir por via dos preços com o Oriente, por muito que esmaguem os salários, por diversos motivos entre os quais há um que não podemos deixar de evidenciar, a diferença dos números da natalidade, que é fulcral.

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Foto - Solo


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Humor e Faxina

sábado, novembro 19, 2011

DESCANSO

A política neste país é uma tragédia autêntica, pelo que para compensar eu venho hoje oferecer-vos um desenho animado protagonizado pelo Dom Pixote, um cão que protagonizou muitas aventuras em quadradinhos que fizeram a delícia de muita gente, antes de chegar ao cinema.

Alegrem-se meus caros, que tristezas não pagam dívidas. Para os que se sentem verdadeiramente furiosos com o rumo desta nação, recomendo-lhes que se juntem aos muitos que, como eu, vão fazer greve do próximo dia 24.


Não tenho aqui à mão a padeira de Aljubarrota, mas fica também a música, que espero inspire quem esteja ainda indeciso.


Tenham um bom fim-de-semana





quinta-feira, novembro 17, 2011

A TROIKA NO TALHO

Durante algum tempo discutiu-se se os cortes dos subsídios dos funcionários públicos e pensionistas era razoável, ou sequer equitativo, com o governo a lançar argumentos na defesa dessa medida.

Foi desagradável constatar que em parte o governo conseguiu dividir virando os trabalhadores do sector privado contra os do sector público. Infelizmente ainda há quem pense que está tudo bem enquanto não me toca a mim, esquecendo-se da velha táctica usada por quem detém o poder, que é “dividir para reinar”.

O inevitável surgiu nas declarações dos responsáveis pela missão da troika, que já vieram dizer que querem ver um corte de salários no privado à imagem do que está previsto para o sector público no próximo ano.

Como se percebe claramente o que se pretende é cortar nos custos do trabalho, ou seja, cortar nos salários. As declarações dos governantes de que os cortes (no Estado) são apenas uma medida temporária, e que as reduções salariais são feitas para diminuir o desemprego, são mentiras descaradas que a curto prazo serão claras aos olhos de todos.

O caminho que a Grécia tem percorrido, com os resultados que estão à vista, é o mesmo que nos estão a impor, já não adianta tentar negar.

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Humor e Talhantes

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Foto - Afundando
Sinking by David Caballero

quarta-feira, novembro 16, 2011

O NATAL DE 2011

Li com alguma curiosidade as opiniões de algumas pessoas contactadas pelo Dinheiro Vivo, em que estas compararam o Natal de 1983 com o Natal que se aproxima.

Não contactaram nenhum cidadão com rendimentos médios, ou seja com um salário entre os 900 e os mil euros, o que eu compreendo num órgão de comunicação social virado para a economia, preferindo a auscultação a notáveis, como de costume, pelo que as opiniões ficaram dentro das baias habituais de “opinião pública”, com que nos bombardeiam.

Mesmo perante uma amostra tão pouco representativa, há sempre algo que nos chama a atenção, como seja o facto de quase todos afirmarem que este Natal será pior, que os instrumentos ao nosso alcance eram outros, que dependíamos quase que inteiramente de nós próprios, e que havia esperança.

Talvez seja bom haver quem pense nestas constatações, para se entender a indignação que desponta por toda a sociedade, a absoluta desconfiança nos governos e nas suas medidas, e a falta de esperança que é notória em todo o lado.

Para terminar, e porque temos que ser realistas, o ano de 2012 (pelo menos), vai ser ainda mais duro que 2011, e não é com anúncios infelizes como os que saem da boca dos diferentes ministros da Economia, que as coisas mudam.

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Foto - O Presente

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Foto - Qtª da Regaleira
By Palaciano

terça-feira, novembro 15, 2011

PALHAÇADA

O baixo nível dos nossos governantes começa a transformar a política num circo, tais os números de contorcionismo e de disparates com que nos vão brindando todos os dias.

Ouvir o ministro da Economia a falar numa comissão parlamentar é mais do que penoso. Ele defende o aumento do horário de trabalho dizendo defender o emprego, defende o facilitar do despedimento para aumentar o emprego e acaba a querer comparar as condições de trabalho em Portugal com as da Noruega e da Dinamarca.

O que se ouviu da boca de Santos Pereira é simplesmente inacreditável, porque é um verdadeiro atentado à nossa inteligência ou então um disparate que não se admite da parte dum ministro.

Mas aqueles senhores decidiram levar o coro de disparates ainda mais longe, e ouve-se até um secretário de Estado do Emprego dizer que, “em termos relativos, o montante do salário mínimo não é baixo”.

Não costumo deixar-me levar pela demagogia barata e fácil, mas começo a achar que têm muita razão os que exigem que os nossos governantes deviam ganhar o salário mínimo nacional, porque afinal “até não é baixo”, segundo Pedro Martins.

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Humor no Circo

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Foto - Duo

segunda-feira, novembro 14, 2011

A BANCA E O LUCRO

Há quem caia na estratégia bem montada pelos defensores do liberalismo, que consideram que o que é privado é virtuoso e forçosamente melhor para o colectivo, mas aos poucos vão sendo cada vez menos.

Todas as sociedades quando se vêem ameaçadas viram-se inevitavelmente para o que é público em busca da protecção para a qual contribuem, e é o que é mais racional. O que é privado, exactamente pela sua natureza, visa apenas o lucro e não o bem comum.

Para quem possa andar distraído, ou iludido com discursos liberais, basta olharem com olhos de ver para a reacção dos nossos banqueiros, que agora estão preocupados com o lucro que o Estado possa vir a arrecadar com a ajuda aos bancos no seu financiamento.

Ainda há poucos meses atrás, a banca lucrou balúrdios com a compra de dívida pública, e não me consta que tenha sido relutante em lucrar com esse negócio, mas agora que o fluxo de capitalização vem na direcção inversa, estão muito preocupados com o que o Estado possa vir a lucrar com o negócio.

Esta é a verdadeira relação do capital privado quando se relaciona com o Estado, pelo menos aqui em Portugal, e não vale a pena deitarem paninhos quentes no assunto. Os cidadãos só são enganados se quiserem, porque a realidade está à vista de todos.

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Humor Chupista

domingo, novembro 13, 2011

CLIMA EXPLOSIVO

O governo esticou demasiado a corda com o Orçamento de Estado para 2012, que se vem juntar a muitas outras medidas tomadas e outras anunciadas.

Passos Coelho não se limitou a fazer o que estava acordado com a troika, que já era demasiado para um povo que recebe salários baixos, pensões ainda mais baixas, para não falar dos desempregados que já são demasiados.

Este sábado foi bem patente o descontentamento não só dos funcionários públicos, que já era esperado, mas também dos agentes da autoridade, dos militares e de outros trabalhadores e pensionistas que se juntaram aos protestos.

Não é com “palavras de compreensão” como as de Passos Coelho que o descontentamento diminui, mas sim com políticas razoáveis. O que se passa é que este governo não soube calcular qual era o limite do esforço razoável, nem soube distribuir os sacrifícios por todos, preferindo seguir o caminho mais fácil, que é “atacar” os rendimentos do trabalho.

O clima social é agora perigosamente explosivo, e mesmo os mais exaltados temem que de algum lado chegue a faísca que transforme uma sociedade tolerante, numa turba difícil de controlar. Esperemos que alguém aconselhe bem os nossos governantes, enquanto é tempo.

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Humor Pouco Compreensivo

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Foto - Red

sábado, novembro 12, 2011

O EXEMPLO QUE VEM DE CIMA

Já aqui mostrei o meu desprezo pelos maus políticos (muitos, não todos) que temos, mas nunca é demais voltar ao tema.

O debate do Orçamento de Estado 2012 na generalidade terminou mais cedo, ainda antes do almoço, porque alguns senhores deputados tinham pressa em voltar aos seus círculos eleitorais, segundo foi comunicado pela senhora presidente da Assembleia da República.

Esta situação absolutamente caricata, televisionada para todo o país, só foi contestada pelo líder da bancada do PCP, o que também deixa algumas questões pertinentes por responder.

O governo que vai propor o fim de quatro feriados, a bem da produtividade nacional, ficou incomodado pela contestação do PCP, bastou ver a cara do 1º ministro, é o mesmo governo que quer forçar o aumento do horário de trabalho em meia hora.

Os partidos que suportam o governo, e que portanto suportam a sua política, também ficaram caladinhos, deixando até por utilizar o tempo à sua disposição, que bem podia ter sido utilizado para esclarecer mais os eleitores que tinham a oportunidade de seguir em directo e em diferido o debate.

Perante exemplos destes como é que a nossa classe política não quer ser olhada com a maior desconfiança por parte dos cidadãos? Os seus exemplos são os piores, e não se ficam apenas por meros horários, fiquem bem cientes.

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Foto Sugestiva
Let's go just do it by Tomo Radovanovic
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Humor Comilão

sexta-feira, novembro 11, 2011

PIOR DO QUE A GRÉCIA

Apesar de todas as declarações de Passos Coelho e de Cavaco Silva, para não apresentar uma lista ainda maior, a situação em Portugal no próximo ano será ainda pior do que a da Grécia.

O nosso país, que este ano vai ver a sua economia recuar cerca de 2%, terá um recuo ainda maior no próximo onde o recuo será certamente superior a 3%.

Claro que eu penso que estes números vão pecar por defeito e que Portugal vai recuar bastante mais do que os tais 3% que a Comissão Europeia calcula, e que estará mais próxima dos 5%, bem como o desemprego que ficará muito colado aos 15%, número bem superior ao que está previsto.

Este meu pessimismo não é infundado, basta ver que os problemas da zona euro não se verificam apenas por cá, já se estenderam à Itália e ainda não estão resolvidos na Irlanda e na Grécia. O problema já não é só o da “doença” da economia, mas também do “remédio” que nos andam a administrar, que é ainda mais nocivo.

Quanto ao crescimento que nos prometem para 2013, é pura fantasia, porque ninguém nos consegue explicar como é que se aumenta o PIB sem investimento e sem consumo.

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Foto - Espinhos

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Humor - Carneirada

quinta-feira, novembro 10, 2011

A DEMOCRACIA DA SENHORA

A União Europeia é um espaço onde se encontram diversos países do nosso continente, unidos por políticas comuns e por uma moeda comum. Não se trata de nenhuma federação, ainda que haja quem nos queira forçar a tal, pela via económica.

Os países aderentes à UE continuam a ser soberanos, pelo menos teoricamente, sendo que os governos nacionais respondem perante os seus cidadãos. Neste momento já há algumas limitações de soberania, por exemplo monetária, por parte dos países que adoptaram o euro.

A senhora Merkel, a chanceler alemã, tem vindo a dar razões a muitos que afirmam que ela quer conseguir por via da economia, o que a Alemanha não conseguiu por via do poder militar, na década de 40 do século passado. A afirmação pode ser excessiva, mas não deixa de ter alguma razão, se considerarmos alguns factos recentes.

A crise do euro, da qual Merkel não deixa ser também responsável, tem sido o pretexto para imposições por parte do directório franco-alemão, que não são consentâneos sequer com as regras da própria organização.

O que faltava era ouvir da boca da própria chanceler alemã que “a Grécia já não pode decidir sozinha se quer ou não realizar um referendo”.

Sem pretender discutir a oportunidade do falhado referendo grego, era só o que faltava não se reconhecer ao povo grego o direito de proceder a um referendo. Os traumas da Alemanha quanto a referendos são um problema alemão, senhora Merkel.

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Foto - Bundestag

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Humor e Adaptação

quarta-feira, novembro 09, 2011

FECHE-SE O GOVERNO

Quando se escolhe um gestor para a pasta da Saúde, é de se esperar que ele nos venha com conceitos desta natureza: maternidades com menos de 1.500 partos deveriam fechar”.

Já me disseram que eu tenho alguma coisa contra economistas e gestores, mas eu apenas contesto as suas decisões, que apenas se debruçam sobre números e nunca sobre as necessidades das pessoas.

Seguindo apenas a lógica do custo/benefício, seria completamente razoável mandar o governo para a rua. Veja-se que os ministros só fazem coisas que a troika exige, pelo que não seria descabido poupar-se nos salários dos governantes e colocar um qualquer amanuense (muito mais barato) a cumprir aquele documento manhoso que a nossa troika assinou.

Governar não é só cortar em maternidades ou despedir pessoas, é saber equilibrar os esforços pedidos e saber repartir a riqueza existente, e não é isso que este governo anda a fazer, escudando-se num papel que assinaram certamente sem o ler, porque não é passível de ser cumprido naqueles termos.

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Foto Sobre Rodas

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Humor e Inocência

terça-feira, novembro 08, 2011

ISTO ERA DE EVITAR

Os nossos políticos não lidam muito bem, com a verdade, especialmente quando chegam ao poder. Antes de serem eleitos parecem ter grandes preocupações sociais e juram ser paladinos da verdade, mas logo que se sentam nas cadeiras do poder, as coisas mudam e muito.

Podia falar das preocupações sociais, ou da falta delas, mas basta ver o descontentamento e as movimentações sociais que já começaram a tornar-se evidentes, mesmo antes das medidas mais gravosas que surgirão a partir de Janeiro, para se perceber que as campainhas de alarme já soaram.

O que era absolutamente desnecessário, e até pouco inteligente, era negar a necessidade de renegociar este acordo feito entre troikas, quando era por demais evidente que a receita estava absolutamente errada e que os prazos e montantes eram completamente irrealistas.

Hoje já se admite a necessidade de renegociar, mas ainda têm rebuço em usar a palavra, apenas para não admitirem que a única coisa inevitável desde o princípio, era mesmo renegociar bem ao contrário do que disseram durante este tempo todo.

Não sei se foi para aproveitarem para “esticar tanto a corda” dos sacrifícios exigidos, mas mesmo o que conseguiram foi despertar a indignação da maioria das pessoas, não só pelos sacrifícios em si mesmo, mas sobretudo pelas mentiras sucessivas com que os cidadãos foram brindados por políticos em quem bastantes tinham depositado confiança.

Humor - O Presente

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Foto - A Desenrolar
By Dominick Marino

segunda-feira, novembro 07, 2011

DISCURSO INCONGRUENTE

Estamos todos habituados a dizer que os futebolistas de cada vez que falam dizem umas quantas calinadas, mostrando que quem é bom de bola não é forçosamente bom com as palavras.

Na política, costuma dizer-se que vinga quem tem muita lábia, porque é preciso convencer os eleitorados, falar muito sem dizer nada e sobretudo nunca se comprometer demasiado com posições absolutas, porque o que é verdade hoje pode não o ser amanhã.

As coisas não são sempre assim, pois nos nossos dias já temos futebolistas que sabem falar, e também temos políticos com dificuldades na comunicação oral.

O exemplo mais recente da má utilização das palavras é de Seguro que anunciou “uma abstenção violenta mas construtiva”, como se as palavras “abstenção”, “violenta” e “construtiva”, pudessem ser utilizadas com coerência na mesma frase.

Digam-me lá se a política nacional não está parecida com o futebol, pelo menos no modo como a utilizam a língua portuguesa?

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Humor e Palavra

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Foto de Sintra
By Palaciano

sábado, novembro 05, 2011

ÁLCOOL

Guilhotinas, pelouros e castelos
Resvalam longemente em procissão;
Volteiam-me crepúsculos amarelos,
Mordidos, doentios de roxidão.


Batem asas de auréola aos meus ouvidos,
Grifam-me sons de cor e de perfumes,
Ferem-me os olhos turbilhões de gumes,
Descem-me a alma, sangram-me os sentidos.


Respiro-me no ar que ao longe vem,
Da luz que me ilumina participo;
Quero reunir-me, e todo me dissipo ---
Luto, estrebucho... Em vão! Silvo pra além...


Corro em volta de mim sem me encontrar...
Tudo oscila e se abate como espuma...
Um disco de oiro surge a voltear...
Fecho os meus olhos com pavor da bruma...


Que droga foi a que me inoculei?
Ópio de inferno em vez de paraíso?...
Que sortilégio a mim próprio lancei?
Como é que em dor genial eu me eternizo?


Nem ópio nem morfina. O que me ardeu,
Foi álcool mais raro e penetrante:
É só de mim que ando delirante ---
Manhã tão forte que me anoiteceu.

Mário de Sá-Carneiro

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Humor e Vício

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Foto de Sintra

By Palaciano
1.301

sexta-feira, novembro 04, 2011

CURIOSIDADES

Enquanto ouvimos por cá os senhores comentadores especializados (?) em todas as matérias dizer que temos que trabalhar mais tempo, que temos que consumir menos e que temos que ter salários mais baixos, eu recomendo a todos que façam umas pesquisas grátis na Internet, ou que consultem dados oficiais de diferentes países europeus para se situarem.

Por curiosidade informo que se eu vivesse na Alemanha teria mais 56% de rendimentos do trabalho, gastaria mais 46% de energia eléctrica, e as assimetrias sociais lá, seriam 30% menores. Também é relevante que na Alemanha eu teria mais 20% de tempo livre e viveria pelo menos mais um ano.

O mesmo se passa relativamente ao comparativo com outros países europeus com quem nos costumam comparar, quando é para nos deitar abaixo, variando apenas as percentagens, sendo que ficaria a ganhar em viver lá fora. Um outro dado curioso, nesta altura em que se corta em tudo que são direitos, temos as despesas da saúde, que em Portugal são mais baixas do que nos restantes países, apesar de tudo o que se diz.

Se as coisas correm mal, a culpa não será certamente dos custos do trabalho, nem do sistema de saúde e protecção social, pelo que há que questionar os senhores comentadores e a classe política se querem continuar a iludir os reais problemas, batendo sempre na mesma tecla.

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Humor e Mentiras

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Foto de Sintra

quinta-feira, novembro 03, 2011

MUDANÇA DE OPINIÕES

Não sou daqueles que considera que mudar de opinião possa ser mau, ou que seja uma fraqueza, porque sempre que descubro que me enganei, trato de corrigir bem depressa, se possível tirando ensinamento do erro.

Mudar de opinião pode ser uma atitude sábia, ou pelo menos correcta, mas há certas mudanças que não passam de hipocrisia e de conveniência momentânea.

Recordar-se-ão todos de afirmações peremptórias de banqueiros da nossa praça, que recusaram em tempos a entrada do Estado na banca, enquanto accionista, dizendo até que o Estado na banca era simplesmente um desastre.

Pois é! O mesmo Estado que seria um desastre enquanto accionista da banca, é agora a tábua de salvação duma banca que se afunda e que não consegue já financiar a economia do país. Esta banca privada que durante décadas amealhou lucros simplesmente pornográficos, está de rastos, e é ao Estado (ao nosso dinheiro) que tem de recorrer.

Cuspir para o ar é perigoso, como se sabe, senhores banqueiros. A economia não sobrevive apenas com o capital, precisa e muito do dinheiro que resulta do trabalho, que no fundo é a âncora e a maior riqueza dum povo.

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Humor Cooperativo

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Foto da Estação

quarta-feira, novembro 02, 2011

CULTURA DE LIBERDADE

O ciberespaço é o último reduto da liberdade em todo o mundo e uma preocupação para muitos Estados. Pode parecer contraditório que Estados ditos democráticos também estejam entre os que desejam controlar a Internet, mas isso é uma realidade.

Ainda há bem pouco tempo a Google, um dos gigantes do ciberespaço, informou que muitos países solicitaram informações sobre tráfego efectuado por cidadãos determinados, e entre eles lá estava Portugal. Na altura até se tentou fazer uma comparação infeliz entre Portugal e os EUA, dizendo que nós pedíamos menos informações.

Os motivos invocados nesta tentativa de controlo do ciberespaço, são sempre idênticas, a segurança e a pirataria, e as penalizações que se anunciam são também semelhantes, e passam pela restrição do acesso à Internet.

O caminho escolhido de controlar o acesso e de exercer a censura, são lesivos dos direitos humanos, e já levaram a esquemas complexos e imaginativos de quem quer mesmo fugir ao controlo governamental, e o controlo incide apenas sobre quem usa a Internet sem pretensões criminosas.

Lamenta-se que em Portugal tenhamos políticos como o secretário de Estado da Cultura interessado em legislar sobre o modo como se usa a Internet em Portugal, um país onde o acesso à Cultura é dificultado pela falta de poder de compra e onde a Internet é pouco utilizada comparativamente com os outros países europeus.

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Foto Florida

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Humor - O Nerdinho