terça-feira, junho 25, 2019

A TRADIÇÃO E OS SANTOS


Nem sou muito de arraiais, mas nesta época costumo passar por lá uma vez, para comer umas sardinhas e beber uma sangria, o que já faz parte da minha própria tradição.

As tradições dos Santos Populares já não são o que eram, e não se julgue que mudaram para melhor, porque não é verdade.

As barraquinhas dos tiros ou não existem ou estão às moscas, as de argolas sumiram, as rifas também já eram, os carroceis às vezes nem lá estão, e os carrinhos de choques escasseiam. Eu sei que para alguns contam mais as procissões e as sardinhas assadas, mas isso parece-me pouco.

A nova realidade tem mais cerveja, ginjinha e gin, mais hamburguers e pizas, e em vez dos nossos ranchos populares, das bandas filarmónicas, e dos nossos cantores pimbas, oferecem-nos dj’s, música sertaneja e outras coisas semelhantes.

Cada vez mais oferecemos aquilo que se pode encontrar em todos os destinos turísticos de baixo preço, e é com esses que alguns querem competir, porque é essa a essência do turismo de massas. É pena, porque nesse campo só podemos competir empobrecendo o país, e ganhava-se muito mais oferecendo o que é genuinamente nosso.    




sábado, junho 22, 2019

CRÓNICA DE NUREMBERG

Um famoso incunábulo publicado em latim, na sua primeira edição em 1493, que depois teve edições em alemão, ainda no mesmo ano.

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quinta-feira, junho 20, 2019

FERIADO

Magro, de olhos azuis, carão moreno


Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno;





Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura,
Bebendo em níveas, por taça escura,
De zelos infernais letal veneno;




Devoto incensador de mil deidades
(Digo, de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades;




Eis Bocage em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades,
Num dia em que se achou mais pachorrento.

Papoilas

A dependência

quinta-feira, junho 13, 2019

A CRISE DOS BAIXOS SALÁRIOS


Agora fala-se muito na crise demográfica e dos efeitos nefastos que poderá vir a ter na economia nacional, mas de soluções apresentadas não se vê quase nada.

Vimos de quase uma década de empobrecimento de quem vive do seu trabalho, ao mesmo tempo que os ricos foram aumentando a sua riqueza, isto apesar da crise económica que o mundo atravessou. 

Durante este tempo, em Portugal, uma geração com formação superior e com vontade de vencer na vida, porque não encontrava emprego compatível cá dentro, resolveu partir pelo mundo procurando realizar-se profissionalmente e como pessoas.

O desemprego durante a crise económica cresceu, os salários foram esmagados, o que fez proliferar uma classe de empregadores que se aproveitaram o mais que puderam, e que agora estão aflitos para encontrar quem queira trabalhar para eles.

O discurso de se facilitar a imigração vem precisamente de quem pretende manter a política de baixos salários, mas a qualidade e o valor acrescentado que um trabalhador satisfeito é sempre mais compensador a médio ou longo prazo, ainda que as vistas curtas destes empregadores não o possam descortinar.

A economia nacional beneficia com as empresas que pagam salários justos, e só assim seremos verdadeiramente competitivos.


domingo, junho 09, 2019

CURTINHAS


A ministra do GPS – Quando foi confrontada com a notícia de 170 obras da colecção de arte da SEC cujo paradeiro é desconhecido, a ministra da Cultura veio dizer, com a sua imensa sapiência, que as obras “precisam duma localização mais exacta”, que é uma admissão do desconhecimento do paradeiro das referidas obras. Espera-se que o GPS da senhora ministra seja mais eficaz, porque há quem diga que existem mais peças cujo paradeiro é desconhecido, há muito tempo, ainda que não desta colecção, mas sim do acervo antigo de alguns palácios e monumentos.

As faltas de memória dos banqueiros – Nenhum dos banqueiros envolvidos nas imparidades registadas pelos bancos nacionais, ou responsáveis pela supervisão dos mesmos admitiu ter sido enganado, ou ter errado, nas inúmeras operações ruinosas que já foram tornadas públicas pela imprensa e pelas comissões de inquérito efectuadas. O mais curioso e, ao mesmo tempo trágico, é que na sua maioria apenas mudaram de cadeiras e estão no activo em entidades ligadas à actividade bancária.

Singularidades bancárias – É simplesmente caricato o facto de ver Ricardo Salgado como um dos lesados do BES, pois fica a ideia de que o banqueiro salgado enganou o depositante Salgado, e o mesmo se passa com outros altos cargos do antigo banco. Quem se recorda de Ricardo Madoff?



segunda-feira, junho 03, 2019

COMPORTAMENTOS

Há alguns dias publiquei um post no Facebook sobre uma senhora que foi advertida por ter mexido num livro na Biblioteca de Mafra, e da sua reacção pouco informada, que nos devia fazer meditar sobre a falta de civismo de algumas pessoas. 

Fiquei espantado com alguns comentários que a crucificavam, que punham (quase) todos os portugueses no mesmo saco, e outros que quase que a desculpavam e também os que atiravam as culpas para o palácio, ou para os professores como se o bom senso e o civismo pudessem ser inculcados numa aula ou com avisos à entrada dos museus.

Não mencionei a nacionalidade da senhora, que para mim era irrelevante, nem tão pouco a sua idade aproximada, que também não vinha ao caso, e não queria de modo nenhum que se fizessem generalizações, o que infelizmente aconteceu. Não atribui culpas a ninguém, apesar de ter afirmado que condutas destas podiam ser evitadas com o recurso a barreiras físicas que considero necessárias num espaço tão reduzido e com distâncias muito curtas entre os visitantes e os livros centenários.

Ficou por dizer apenas que a sinalética, que é pobre naquele palácio, na realidade existe, como se pode constatar numa das imagens abaixo, e que é impossível ter sinalética para todos os comportamentos que não se devem ter dentro de museus, palácios e monumentos, como se percebe por outra imagem aqui colocada, que apenas mostra alguns comportamentos não desejados.