Guilhotinas, pelouros e castelos
Resvalam longemente em procissão;
Volteiam-me crepúsculos amarelos,
Mordidos, doentios de roxidão.
Batem asas de auréola aos meus ouvidos,
Grifam-me sons de cor e de perfumes,
Ferem-me os olhos turbilhões de gumes,
Descem-me a alma, sangram-me os sentidos.
Respiro-me no ar que ao longe vem,
Da luz que me ilumina participo;
Quero reunir-me, e todo me dissipo ---
Luto, estrebucho... Em vão! Silvo pra além...
Corro em volta de mim sem me encontrar...
Tudo oscila e se abate como espuma...
Um disco de oiro surge a voltear...
Fecho os meus olhos com pavor da bruma...
Que droga foi a que me inoculei?
Ópio de inferno em vez de paraíso?...
Que sortilégio a mim próprio lancei?
Como é que em dor genial eu me eternizo?
Nem ópio nem morfina. O que me ardeu,
Foi álcool mais raro e penetrante:
É só de mim que ando delirante ---
Manhã tão forte que me anoiteceu.
Mário de Sá-Carneiro
Em primeiro lugar, obrigada pela sua gentil presença no "são".
ResponderEliminarMário de Sá-Carneiro, que se suicidou, e de quem aprecio a escrita.
Bons sonhos.
Alcool?!Nõa qero! Qero a penas fiqar imbriagado! Num qero a realidade! Queru ser rey de outra realidade
ResponderEliminarUm abrasso emtre copus
Um poeta que não resistiu a este mundo sem sentido,sem amor, sem esperança... e não assistiu à hecatombe dos dias por que passamos.
ResponderEliminarBem-hajas, amigo!
Abraço fraterno
Alccol, o ópio do povo.
ResponderEliminarSaudações do Zé Marreta.
esse era um outro Mário...
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