domingo, outubro 27, 2019

ARRANJOS DISCUTÍVEIS

A determinada altura  a área envolvente de alguns monumentos foi alvo de arranjos que visavam não só libertar os espaços dos automóveis, como permitir uma vista desimpedida ao olhar dos visitantes. A intenção até podia ser boa mas os resultados nem sempre foram os melhores, já que a opção escolhida foi a de impermeabilizar os solos o que causa problemas nos espaços próximos, que no caso de Mafra são os estabelecimentos comerciais fronteiros para onde confluem as águas que caiem na área do Real Edifício de Mafra. 

Se os veículos movidos a combustíveis fósseis  poluem e se compreende que sejam afastados das proximidades dos monumentos, as áreas ajardinadas eram preferíveis às áreas coberta de pavimentos impermeáveis existentes.


terça-feira, outubro 22, 2019

MUSEUS E FALTA DE PESSOAL


Já muito se falou sobre a falta de pessoal nos museus, palácios, e monumentos, contudo o problema não só não foi resolvido como ainda se tem agravado com o passar do tempo.

Existem sectores cuja falta de pessoal afecta não só o funcionamento normal, como impede a fruição por parte dos visitantes de certos espaços e colecções, bem como acaba por colocar em risco o próprio património.

Não se podem ter abertos museus, palácios e monumentos sem o necessário pessoal de vigilância, isso e uma evidencia, mas pelos vistos isso não é entendido nem pelo Ministério da Cultura nem pelo das Finanças, que bem podiam resolver a situação.

Outra lacuna enorme verifica-se na área de conservação e restauro, pois já quase não temos artífices que dentro dos serviços possam proceder as necessárias operações de manutenção e restauro das peças, estando tudo dependente da contratação externa, o que é sempre muito difícil e acontece sempre fora de tempo, normalmente quando as pecas já estão em muito mau estado.

Outros grandes óbices para a contratação de profissionais para estas duas áreas são os salários miseráveis que são oferecidos, na casa dos seiscentos e tal euros, os horários especialmente na área da vigilância, as condições de trabalho, e as carreiras sem qualquer tipo de possibilidade de progressão.

O dinheiro é sempre o argumento para explicar estas carências, mas penso que o problema é mais de natureza politica e de falta de sensibilidade para as questões do Património.



segunda-feira, outubro 21, 2019

O PORTUGAL DE SUCESSO


No tempo de Cavaco Silva falava-se do Portugal de sucesso e dos empresários de sucesso, e viu-se o resultado disso quando os dinheiros de Bruxelas começaram a minguar. Nos novos tempos dos governos de António Costa temos uma nova era sem recessão e sem aperto do cinto, mas os rendimentos da maioria dos portugueses não recuperou ainda dos anos maus de 2008 a 2014.

Hoje temos um país envelhecido, com poucos estudos, com uma taxa de natalidade que nos coloca na cauda Europa, e ao mesmo tempo com uma disparidade de rendimentos entre os mais ricos e os mais pobres que coloca o país no fundo da tabela da Justiça Social.

Gastamos mais do rendimento das famílias em cuidados de saúde do que a maioria dos países europeus, em contraste com os baixos salários auferidos, e temos uma taxa negativa no que se refere a óbitos e nascimentos, o que diz muito sobre a falta de optimismo dos jovens quanto ao seu futuro.

Conheço bem o argumento da fraca produtividade, mas será que ainda há quem desconheça qual é a causa da baixa produtividade dos portugueses em Portugal? Porque será que noutras partes do mundo os trabalhadores portugueses são apreciados exactamente pela sua produtividade?

Uma classe de patrões gananciosos, de altas chefias que acham que todos os méritos são deles, de governantes que anseiam por altos cargos nas maiores empresas com salários pornográficos, deitam de rastos a economia de Portugal, mas há quem não queira ver, quem finja que não percebe, e os que andam alegremente enganados…



sexta-feira, outubro 18, 2019

SOCIEDADE CHICLETE


Hoje fui a uma superfície comercial para comprar o Euromilhões, que por acaso é vendido na cafetaria à saída do supermercado. A fila era dumas vinte pessoas, quando cheguei, mas passados uns cinco minutos já só tinha umas quatro pessoas à minha frente, ainda que o cliente ao balcão ser ainda o mesmo de quando cheguei.

O avanço da fila tinha ocorrido pela desistência dos clientes. Desviei a atenção para a moça que estava dentro do balcão e era evidente que estava atrapalhada com a luva que calçava para fazer as sandes, descalçava para fazer os sumos de laranja, calçava de novo para partir um croissant ao meio, e voltava a descalçar para tirar os cafés que transbordaram as chávenas.

À minha esquerda surge um outro funcionário que eu já vira antes na cafetaria, que calmamente começou a retirar louça suja das mesas. Os minutos passavam e depois de dez de espera, a moça estava a atender o segundo cliente, e o funcionário mais antigo passou para dentro do balcão e plantou-se na caixa registando os pedidos que eram feitos à colega, mas ajudar que é bom, nada.

Quinze minutos depois de chegar a fila tinha umas trinta e tal pessoas, apesar das muitas desistências e eu estava em segundo lugar, e foi quando o funcionário decidiu ir para a máquina do Euromilhões e outros jogos, e chamou quem estava na fila para comprar jogo, e lá fui eu ser atendido, mas pelos vistos para jogo eram só três clientes, pelo que a fila não melhorou muito.

Quando acabei de comprar o jogo saí e olhei para as caixas do supermercado e, apesar de ser um cliente semanal do mesmo, não vi uma única cara conhecida, o que já é normal.

Os trabalhadores destas superfícies são jovens contratados a prazo, com baixos salários, que naturalmente não chegam a aquecer o lugar. A qualidade do serviço prestado ressente-se disso, e a culpa não é dos pobres trabalhadores precários mas sim de quem usa e abusa desta precariedade e dos baixos salários.

Eu já só compro aqui uma pequena parte do que necessito, mas vou passar a evitar cá vir, não só pela baixa qualidade do serviço, mas também porque me sinto cúmplice desta situação. Vou experimentar outras lojas como já fiz para comprar o pão, a carne e o peixe.  



terça-feira, outubro 15, 2019

CULTURA À ESPERA DE MUDANÇA


Segundo vimos nas notícias o Ministério da Cultura fica entregue à ministra que lá esteve nos últimos anos da última legislatura, que foi de muito má memória para a área do Património.


Nos últimos anos o investimento nos museus, palácios e monumentos tem sido quase nulo, e a falta de recursos humanos tem-se agravado, apesar de todas as promessas.


A vida nos museus, palácios e monumentos tem sido muito difícil, sendo frequentes as dificuldades em coisas tão simples como a substituição de lâmpadas, arranjo de fechaduras, substituição de vidros, reparação de infiltrações, ou arranjo de instalações sanitárias. Mudando para as dificuldades relativas a recursos humanos temos a carência de pessoal de vigilância, pois não se conseguem atrair funcionários para desempenhar a tarefa (mal paga e com horários especiais), onde vão resistindo apenas funcionários com idades avançadas, boa parte já sexagenários.


Será que podemos antever alguma melhoria para a nova legislatura? Não sei, mas não estou optimista.  



sábado, outubro 12, 2019

TURISMO E O NOSSO PATRIMÓNIO HISTÓRICO-CULTURAL


O que Portugal tem para oferecer a quem nos visita já não são apenas as nossas praias, mas sim outras coisas que nos distinguem dos países com quem concorremos enquanto destino de férias.

Temos uma gastronomia que encanta os visitantes, mas cada vez mais vemos restaurantes, baratos e caros, a apostar em ementas internacionais que em nada se distinguem das que se encontram noutras paragens.

A simpatia dos portugueses e a sua predisposição para ajudar quem nos visita é amplamente reconhecida.

Num país pequeno como o nosso, temos paisagens muito diversas que encantam os turistas, que aliadas à calma do interior e à segurança são características que nos distinguem.

De tudo o que temos para oferecer, e não é pouco, há algo que é uma âncora importante, que é o nosso Património Histórico e Cultural, que importa valorizar. Muitos sectores que ganham com o turismo reconhecem o valor deste nosso património, mas o que é verdade é que isso não tem tradução visível no campo mecenático, visando a conservação e a sua divulgação.

Termino com uma frase duma empresária deste país, “ser um país prestável, amável e de boa gente não chega”.