terça-feira, julho 28, 2020

TURISMO E COVID


Com esta pandemia e os riscos de contágio que se conhecem o turismo e as viagens aéreas sofreram imenso, bem como todas as actividades que giram ao seu redor, o que causou algum pânico em empresas e até em Estados.

Depois do susto inicial e com a consciência de que não estávamos a atravessar uma crise passageira, os interesses económicos impuseram a sua lei, e assistiram-se a coisas impensáveis, como a omissão de dados epidemiológicos, anúncios de que tudo estava controlado, ao jogo de influências para se beneficiarem certos destinos, e à utilização de critérios no mínimo questionáveis.

Alguns destinos foram aconselhados, outros desaconselhados, estabeleceram-se quarentenas para quem viesse de certos países, enquanto a União Europeia dizia que as fronteiras deviam estar abertas para todos os países membros sem mencionar nenhuma restrição.

Agora vem aí a segunda vaga, ou quem sabe ainda a continuação da primeira, de Covid, ao mesmo tempo que as economias de cada país levam o seu rombo, e os países emissores de turismo impõem cada vez mais restrições, sobretudo para evitar a saída de nacionais, e os países mais dependentes dos fluxos turísticos esgadanham-se para mostrar que estão melhores do que os seus rivais.

Nada disto devia ser surpreendente pois há muito que sabe que é o poder do dinheiro que manda, e que os políticos se curvam perante os interesses, deixando a saúde e o bem estar das populações para depois…


domingo, julho 26, 2020

O PERIGO DOS EXTREMISMOS



Começa a ser preocupante ver que muitas causas legítimas acabam por descambar em excessos que são condenáveis.

Quando se viraram as atenções para a existência óbvia da escravatura em determinada época, logo apareceram os que aos gritos berravam que estes e aqueles povos tinham praticado a escravatura e que tinham que ser condenados. Poucos se debruçaram sobre o fenómeno da escravatura no mundo, circunscrevendo as críticas a uma época e apenas a alguns povos, ignorando tudo o resto. As estátuas começaram a ser destruídas, sempre que as ligassem colonialismo ou esclavagismo, destruindo Património que podia, ou não, ser testemunho para gerações futuras dessas práticas.

Casos de justiça, alguns assassínios mesmo, estão a ser julgados em praça pública como casos de racismo, mas é notória alguma selectividade, pois acontece sobretudo quando as vítimas são de uma determinada etnia, mas quando as vítimas são de qualquer das outras etnias, o racismo quase nunca se fala de racismo. Há racismo evidentemente, mas será que só os europeus são racistas?

Com os incêndios perderam-se ainda há poucos anos imensas vidas humanas, e há poucos dias morreram dezenas de animais também durante um incêndio, e o tratamento público, e as declarações políticas foram tão diferentes que muitos se perguntaram se as vidas humanas são menos importantes que as de cães e gatos. Não se contesta que ambas as situações são lamentáveis e que nunca deveriam acontecer em lado nenhum, mas convenhamos que o discurso não foi feliz.

Como disse é importante falar sobre racismo, sobre o colonialismo, sobre os direitos das pessoas, sobre os direitos dos animais, sobre a escravatura, mas com serenidade, com conhecimento, com o distanciamento e conhecimento histórico, e sobretudo com informação e em diálogo. As sociedades não foram, não são e não serão sempre justas com todos. Não partir dessa premissa é sempre errado.



quinta-feira, julho 16, 2020

GARANTIR A PROTECÇÃO DE DADOS


Vem aí a app Stay Away que poderá ajudar a evitar a propagação do Covid-19, alertando os cidadãos para o facto de terem estado na proximidade de alguém que estava infectado.

A app é de uso voluntário e as autoridades (CNPD e DGS) estão a procurar que a privacidade e a segurança dos utilizadores sejam garantidas.

Não me atrevo a dar a minha opinião sobre o assunto, porque também não sei qual será a aderência dos cidadãos a esta modalidade, mas temo que a DGS não consiga garantir que o tratamento de dados respeite integralmente a legislação.

A minha dúvida fundamenta-se no procedimento altamente duvidosos que já se verificou em Mafra, onde os dados que deviam ser apenas do conhecimento das autoridades policiais e de saúde, foram também revelados a autarcas e presidentes junta. Não sei se é legal, mas que não me parece bem, isso não parece…


terça-feira, julho 14, 2020

O S. JOÃO E O FUTEBOL


Quando se fala dum mundo à parte para o futebol há quem venha logo dizer que não é bem assim e que o futebol é sempre tratado pelos diversos poderes de igual modo.

Enfim, eu até gosto de ver BOM futebol, como gosto de outros desportos individuais e colectivos, mas acho que o futebol profissional beneficia duma tolerância diferente, a que não deve ser alheias as grandes verbas que esta modalidade movimenta.

Um caso curioso que pode dar uma melhor ideia do que digo foram as declarações de Rui Moreira, o presidente da Câmara Municipal do Porto, segundo o qual não é possível tomar medidas de prevenção nos festejos do campeonato de futebol, isto poucos dias de ter passado o S. João, em que os festejos foram proibidos na zona do Porto e arredores.

O argumento de não existir uma data marcada para os festejos, usado pelo autarca, e as respostas da PSP que diz não ter nada planeado e que o pedido de intervenção teria que ser feito pela autarquia, mostra bem o que estará na calha será uma possível reacção das forças da ordem se as coisas não correrem de forma adequada à situação que vivemos.

O apelo ao civismo é interessante, pois parece que há quem desconheça como se festejam as vitórias dos campeonatos de futebol…


domingo, julho 05, 2020

APRESSADOS


Lembro-me bem de ter criticado a abertura prematura dos nossos museus, monumentos e palácios no dia 18 de Maio, Dia Internacional dos Museus, precisamente por causa da data em si mesma, e não por qualquer razão objectiva atendendo à situação que se vivia.

Depois disso também me lembro de ter mencionado a abertura dos museus em Espanha, em França e no Reino Unido, e de ter salientado os cuidados tidos nesses países, especialmente devidos à segurança dos visitantes e dos funcionários dos serviços.

A receptividade em Portugal não foi a melhor, fui mesmo criticado por alguns devido à minha opinião, de que tínhamos aberto os museus muito cedo e sem estarem reunidas todas as condições, mas é sempre um risco que temos de correr quando emitimos uma opinião.

Hoje enfrentamos uma situação, e não é apenas no âmbito dos museus, palácios e monumentos, mas no país na sua totalidade, em que não merecemos a confiança da maioria dos países cujos cidadãos nos costumam visitar, de desconfiança exactamente por ter-mos desconfinado demasiadamente cedo.

Nenhum país esteve verdadeiramente preocupado com a data de 18 de Maio e do Dia Internacional dos Museus, e nós estamos a pagar uma pesada factura pela mania de de ser sempre o melhor aluno. 


quarta-feira, julho 01, 2020

OS PENTEADOS DE MARIA ANTONIETA


A rainha de origem austríaca começou a aparecer com penteados arrojados desde a sua chegada e por isso foi abundantemente criticada, e depois seguida pelas senhoras mais abastadas.

A primeira vez que apareceu com o seu penteado espectacular foi na coroação do marido Luis XVI a 11 de Junho de 1775. Diz-se que atingia 1 metro de altura, com o cabelo empoado e com um feixe de ondulantes penas brancas. Um comentário que se relata foi o do duque de Croy, que com ironia se fingiu curioso em saber como ela e as suas damas, penteadas daquela forma, haviam conseguido crescer tanto desde a última vez que as vira.
 
O cabeleireiro da rainha, Leonard Autie lucrou com a moda, e as verdadeiras esculturas que criou onde pontuaram flores, frutas, legumes, pássaros e penas, eram verdadeiras obras de arte.

Além das críticas de promiscuidade que circulavam sobre Maria Antonieta, haviam também os problemas de muitas famílias, pois o custo dos penteados eram ruinosos, sendo que o maior gasto era a farinha usada no pó que segurava as madeixas.