terça-feira, janeiro 31, 2012

AUSTERIDADE E SOBERANIA

A União Europeia que nos foi prometida e para a qual o povo português não pôde pronunciar-se em referendo, era uma associação de países da qual todos beneficiavam, e onde existia solidariedade entre todos os membros.

De aperfeiçoamento em aperfeiçoamento, sem ser nunca dada qualquer hipóteses de os cidadãos se pronunciarem, e sem uma discussão alargada relativamente ao seu aprofundamento, eis que se chegou a uma crise e estamos perante cenários não previstos.

A fragilidade desta construção arquitectada por gente em quem nem sequer votámos, com projectos nunca democraticamente discutidos, surgiu na sua única forma possível, que se traduziu num directório de dois países que acabou por tomar as decisões por todos os outros.

França e Alemanha, principalmente esta última, ditam os seus termos a troco de empréstimos a que chamam programas de ajuda. A ajuda financeira começa por ser um negócio rentável, eu diria mesmo especulativo, que acaba por asfixiar os ajudados, que são forçados a uma austeridade extrema que impede qualquer hipótese de crescimento, afundando-os irremediavelmente.

Perante a dependência absoluta, a “ajuda” toma uma nova faceta que se traduz na absoluta tutela económica, como a que a Alemanha veio agora propor à Grécia. A Alemanha esqueceu-se do que pode acontecer quando um povo assiste a um atentado à sua soberania e à sua dignidade, e devia ter em conta a sua própria experiência passada, cujos resultados foram os que se conhecem.

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Humor Pedinte

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Desenhos (Des)Animados

segunda-feira, janeiro 30, 2012

ERRO ESTRATÉGICO

O capitalismo, como o conhecemos hoje, tem subestimado os sindicatos e os pequenos partidos que sistematicamente apelida de extremistas, tendo mesmo entrado numa fase em que tende a ignorá-los.

Depois da queda do muro de Berlim, e com a evolução económica da China e dos países africanos e sul-americanos, a economia dos países ocidentais (Europa e América do norte) começou a mostrar as suas debilidades e enfraqueceu a importância dos países ditos capitalistas.

Perante as suas debilidades económicas, e tendo já deslocalizado grande parte da sua indústria, e com níveis de vida e salários bastante superiores, o Ocidente capitalista perdeu a sua competitividade para os emergentes, nas bases estabelecidas. Solução: diminuir custos de produção recorrendo à baixa de salários e cortes no campo social.

O resultado tem sido a contestação enquadrada pelas instituições existentes que tinham sido os rostos da oposição ao poder. Rapidamente o poder económico atacou e tratou de enfraquecer as oposições, para implementar as medidas mais favoráveis aos seus interesses, o que teve resultados inesperados.

As populações deixaram de acreditar nos políticos, e nas instituições existentes e incapazes de travar este empobrecimento forçado pelos interesses económicos, que estão a aumentar para níveis gritantes as desigualdades sociais.

Começaram a surgir grupos de pessoas indignadas contra o sistema dominante, que não se revê em partidos ou outras instituições, que começaram a protestar pacificamente, e que também foram ignoradas e até ridicularizadas pelo poder.

É errado pensar que estes movimentos de protesto, algo desorganizado vai simplesmente acabar, e que com umas bastonadas e algumas detenções se acaba com a contestação. Por este andar as autoridades estão a obrigar os indignados a passar a um nível superior de contestação, mais perigoso porque completamente anárquico. A falta de organização de movimentos mais ou menos clandestinos poderá ter resultados muito desagradáveis e difíceis de evitar.

Há um ditado popular que diz: quem tudo quer, tudo perde!


sábado, janeiro 28, 2012

O TRIUNFO DOS IMBECIS

Não nos deve surpreender que, a maior parte das vezes, os imbecis triunfem mais no mundo do que os grandes talentos. Enquanto estes têm por vezes de lutar contra si próprios e, como se isso não bastasse, contra todos os medíocres que detestam toda e qualquer forma de superioridade, o imbecil, onde quer que vá, encontra-se entre os seus pares, entre companheiros e irmãos e é, por espírito de corpo instintivo, ajudado e protegido. O estúpido só profere pensamentos vulgares de forma comum, pelo que é imediatamente entendido e aprovado por todos, ao passo que o génio tem o vício terrível de se contrapor às opiniões dominantes e querer subverter, juntamente com o pensamento, a vida da maioria dos outros.

Isto explica por que as obras escritas e realizadas pelos imbecis são tão abundante e solicitamente louvadas - os juízes são, quase na totalidade, do mesmo nível e dos mesmos gostos, pelo que aprovam com entusiasmo as ideias e paixões medíocres, expressas por alguém um pouco menos medíocre do que eles.


Este favor quase universal que acolhe os frutos da imbecilidade instruída e temerária aumenta a sua já copiosa felicidade. A obra do grande, ao invés, só pode ser entendida e admirada pelos seus pares, que são, em todas as gerações, muito poucos, e apenas com o tempo esses poucos conseguem impô-la à apreciação idiota e ovina da maioria. A maior vitória dos néscios consiste em obrigar, com certa frequência, os sábios a actuar e falar deles, quer para levar uma vida mais calma, quer para a salvar nos dias da epidemia aguda da loucura universal.


Giovanni Papini, in 'Relatório Sobre os Homens'


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Desenhos Animados

quinta-feira, janeiro 26, 2012

CURTINHAS

Contrastes – Enquanto as viaturas ligeiras de passageiros do segmentos mais económicos baixaram mais de 30%, as vendas dos veículos da gama média-alta não se ressentiram. Curiosamente, ou talvez não, perto de 60% foram pagos em cash, o que me deixa a pulga atrás da orelha sobre o que é que as Finanças andam a fazer.

Justiça para todos – Foi interessante saber-se que a ministra da Justiça admite que há uma justiça para ricos e outra justiça para pobres. É uma realidade para qualquer ceguinho, mas é sempre bom saber-se que um ministro da Justiça se apercebeu que já é uma por demais escandalosa a impunidade de quem tem dinheiro. Não baixando as custas processuais, como é que a senhora ministra vai inverter esta realidade? Será que nos casos de enriquecimento injustificado admite inverter o ónus da prova, como já acontece até nos EUA?


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Humor e Impostos
Até no Inferno
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Foto Amarelada

quarta-feira, janeiro 25, 2012

O ESFORÇO E A RAZOABILIDADE

Este ano vai ser caracterizado pelo “colossal” esforço pedido aos portugueses, que estão a pagar a austeridade imposta pelo governo.

A austeridade que significa cortes nos rendimentos do trabalho e prestações sociais e na perda de direitos laborais e sociais que todos julgavam adquiridos há muito. O que muitos se preguntam é se os esforços estão bem distribuídos, e se este é o caminho correcto para dar saúde à nossa economia.

A propósito da justa distribuição dos esforços pedidos, talvez seja oportuno recordar algumas notícias recentes como aquela em se concluiu que a maioria dos carros de luxo foi paga a pronto pagamento, a outra sobre as reformas de Cavaco Silva que não dão para pagar as despesas (e ele diz-se poupado), ou a deslocalização fiscal da holding da Jerónimo Martins.

A equidade nos esforços é uma miragem e as desigualdades são cada vez maiores. Sobre este tema talvez se deva ter em atenção o recente discurso de Barak Obama.

Falando do caminho correcto para a saída da crise, já nem o FMI acredita que este seja o caminho, pois é por demais evidente que sem crescimento só se agravará a crise. Já são conhecidas posições internacionais de condenação do valor do ordenado mínimo nacional, e nem o Nobel, Stiglitz , se eximiu de criticar a diminuição dos salários nesta ocasião.


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Foto Amarelinha
By Palaciano

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Humor Idoso

terça-feira, janeiro 24, 2012

A SONOLÊNCIA

A notícia que li ontem, dizendo que Vítor Gaspar ia regressar a Londres na próxima quarta-feira, para uma palestra na London School of Economics (LSE), foi talvez a mais divertida dos últimos dias.

Estou a imaginar o nosso Gaspar a falar sobre “restaurar a credibilidade e confiança” da economia portuguesa, naquele seu tom monocórdico, perante uma plateia lutando por não adormecer.


Já sei que o ministro Gaspar se expressa melhor em inglês do que em português, mas para além do tom não ajudar nada, creio que vai ser muito difícil ensinar algo que não conseguiu até agora, como se vê pelas reacções dos mercados.


Deixo-vos aqui uma curiosidade que emparelha bem com esta planeada palestra de Vítor Gaspar, que é o facto da torre do Big Bem, um ex-libris de Londres, já estar inclinada, quem sabe se adivinhar a soneca durante o evento.


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Humor Sonolento

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Foto - Pétalas Rosadas

domingo, janeiro 22, 2012

A IMPORTÂNCIA DO EXEMPLO

Mandar e Ensinar Através do Exemplo

Não há modo de mandar, ou ensinar mais forte, e suave, do que o exemplo: persuade sem retórica, impele sem violência, reduz sem porfia, convence sem debate, todas as dúvidas desata, e corta caladamente todas as desculpas. Pelo contrário, fazer uma coisa, e mandar, ou aconselhar outra, é querer endireitar a sombra da vara torcida.

Manuel Bernardes, in 'Luz e Calor'


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Foto de Amigo
By Palaciano
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Humor e Censura

sábado, janeiro 21, 2012

POBRE HOMEM

Cavaco Silva tem a imagem de tecnocrata cinzento e austero, demasiado fechado e monótono no discurso e pouco claro nas suas afirmações.

Este retrato assentava que nem uma luva ao personagem, mas eis que ele nos vai brindando aqui e ali com actos e palavras que acrescentam outras características menos consensuais, mas ainda assim correntes.

Eu acho que ele é demasiadas vezes inconsequente, como por exemplo, no caso do confisco dos subsídios de férias e de Natal aos funcionários públicos e aos pensionistas, pois não serviu de nada ter chamado a atenção para a necessidade de equidade nos esforços pedidos aos portugueses, já que promulgou o Orçamento de Estado que o consagrava sem pedir a apreciação do Tribunal Constitucional.

Eu não tinha percebido que Cavaco Silva, o economista que é Presidente da República, não tinha a noção exacta dos sacrifícios pedidos à larga maioria dos portugueses, mas ele tratou de me esclarecer sobre a sua ignorância nessa matéria.

Cavaco Silva, que aufere reformas no total de 10.042 euros mensais, admite que essa quantia não chega para pagar as suas despesas. Talvez seja apenas um preciosismo dizer que a esposa também aufere uma reforma, mais modesta é certo, mas dentro da média nacional.

Como pode um Presidente da República que afirmou que os sacrifícios pedidos aos portugueses têm de ser equitativos, assinar um OE como o de 2012, e apadrinhar um “acordo” de concertação social como este que foi agora assinado, fazer afirmações daquele teor?

Não tenho dados suficientes para vos dar a percentagem dos portugueses que recebem reformas superiores a 10.000 euros mensais, mas afirmo com toda a segurança que essa percentagem não atinge os dois dígitos.

Concluindo: o senhor Presidente da República é um privilegiado, mesmo assim vive acima das possibilidades próprias e do país, e não terá conhecimento que, tendo-o como exemplo, mais de 90% dos portugueses são pobres e insolventes.

Sendo público que Cavaco Silva é católico, fica aqui um link para a Wikipédia para o tema das bem-aventuranças, que é uma leitura que a todos recomendo, por vir mesmo a propósito.


Pedinte

Pobreza

sexta-feira, janeiro 20, 2012

MOZART

Sem aventais nem compassos, sem espiões e sem interesses mesquinhos, aqui fica a música de um génio que a muitos encanta.


quinta-feira, janeiro 19, 2012

IMAGENS E PENSAMENTOS

Quando os governantes vêm deitar foguetes por um "acordo" na concertação social, apetece dizer que as coisas já estavam mal e com mais esta entorse ficaram mesmo sem conserto possível. O desequilíbrio nos esforços exigidos é tão grande que só pode conduzir à revolta a curto prazo.



O ciberespaço é o último espaço de liberdade deste planeta, contudo os diversos poderes instituídos estão a fazer tudo para cercear essa liberdade, criando instrumentos que deixam nas suas mãos o poder de cortar acessos, vigiar pessoas e controlar informação.


Um pouco por todo o mundo o preço dos combustíveis é um problema para todos, e de cada vez que vamos abastecer a sensação é esta que vemos abaixo.


Se há algo que fica sempre bem por aqui é uma fotografia dos amigos. Hoje é uma do Palaciano que já é uma presença assídua neste espaço.

quarta-feira, janeiro 18, 2012

O DESCONCERTO

Hoje termina a farsa do acordo de concertação social, com a assinatura dos representantes patronais e governamentais. Omito propositadamente representantes dos trabalhadores, porque não considero o senhor João Proença como tal.

Um documento com as medidas que vão sendo conhecidas através da comunicação, em que se percebe perfeitamente que só os trabalhadores são levados a sacrifícios para a salvação da economia e para o aumento da produtividade, como se tivessem sido eles os únicos culpados da situação a que chegámos.


Algo que me deixa absolutamente indignado, para não dizer enojado, é ouvir o senhor João Proença dizer que tomou uma “opção difícil”, de assinar o acordo, realçando que “houve claras ameaças da parte do governo que iria provocar uma grande desregulação laboral”.


Quem faz declarações desta, das quais não duvido, e se diz representar alguns trabalhadores, na minha modesta opinião, devia bater com a porta e denunciar as ameaças e não assinar um documento que sabe ser altamente gravoso para os trabalhadores.


Quem quer que pense que a paz social foi alcançada com este acordo, desengane-se, porque a situação tornou-se ainda mais explosiva, e a faísca pode surgir quando menos se esperar, e o descontentamento poderá ser incontrolável.


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Foto - Flor na Tela

terça-feira, janeiro 17, 2012

FUI SABENDO DE MIM

Fui sabendo de mim
por aquilo que perdia

pedaços que saíram de mim
com o mistério de serem poucos
e valerem só quando os perdia

fui ficando
por umbrais
aquém do passo
que nunca ousei

eu vi
a árvore morta
e soube que mentia

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"


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Foto de Amigo
By Palaciano
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Humor - Calendário Euro-Maia

segunda-feira, janeiro 16, 2012

A COERÊNCIA DO PATRONATO

O patronato português, ou pelo menos uma boa parte dele, só conhece uma receita para aumentar a produtividade que é a diminuição dos salários dos seus empregados.

Nunca percebi muito bem porque é que se estudam nas universidades as estratégias para incrementar a produtividade, se a solução dos problemas se resume a baixar salários. Eu até já os tinha ouvido falar em premiar o mérito, em incentivar a competência e em recompensar a assiduidade, mas isso são águas passadas.

Agora a última estratégia que pretendem adoptar é a de descontar as pontes nas férias, mesmo sem o acordo dos trabalhadores. Formidável!

Para quem estava preocupado com a produtividade e afirmava que existiam demasiados feriados em Portugal, vai de conceder umas pontes e descontar esses dias nas férias dos trabalhadores, e fica resolvido o problema, na óptica do patronato e do governo.

Ficamos todos a saber que afinal não é preciso produzir mais, e que os feriados mesmo sendo muitos, ainda há espaço para se fazerem umas pontes, sempre à vontade do patrão, mas descontando esses dias às férias dos funcionários. Estes tipos são uns génios!

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Foto - Margarida

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Humor Sem Rosto

sábado, janeiro 14, 2012

INSÓLITOS

O ministro da Economia, o mesmo que gosta de ser tratado pelo nome próprio, tem sido acusado de nada fazer e de estar mais do que desaparecido politicamente, mas não será rigorosamente assim.

O Álvaro, é este o seu nome, anda por aí a tentar lixar quem trabalha, dizendo que é tudo em prol da economia e da produtividade, está mesmo empenhado em retirar-nos todos os direitos laborais, e isso não se pode negar.


Também é verdade que o Álvaro tem ideias e teorias fabulosas sobre economia, mas são poucos os que o levam a sério, mesmo no governo que dá mais importância à austeridade do que ao crescimento.


Recentemente o pobre ministro “atreveu-se” a sugerir o aproveitamento e a internacionalização do cluster do pastel de nata, e logo apareceram os invejosos a criticar a ideia. Bem sei que há quem prefira o cluster da alheira, o da açorda ou mesmo o das tripas, mas o Álvaro estava só a dar uma ideia, caramba!


Parece que nem todos fizeram orelhas moucas à sugestão do pobre ministro, e houve um fulano em Aveiro que o levou tão a sério, que fez o dois em um: arranjou o capital necessário para desenvolver o seu “negócio” e ao mesmo tempo aproveitou a ocasião para tentar testar a ideia começando com duzentos pastéis. E ainda há quem diga que não temos gente com espírito empreendedor…




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Humor - Sexta dia 13

sexta-feira, janeiro 13, 2012

A VERDADEIRA LIBERDADE DO HOMEM

Nunca acreditei que a liberdade do homem consiste em fazer o que quer, mas sim em nunca fazer o que não quer, e foi essa liberdade que sempre reclamei, que muitas vezes conservei, e me tornou mais escandaloso aos olhos dos meus contemporâneos. Porque eles, activos, inquietos, ambiciosos, detestando a liberdade nos outros e não a querendo para si próprios, desde que por vezes façam a sua vontade, ou melhor, desde que dominem a de outrem, obrigam-se durante toda a sua vida a fazer o que lhes repugna, e não descuram todo e qualquer servilismo que lhes permita dominar.

Jean-Jacques Rousseau, in 'Os Devaneios do Caminhante Solitário'


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Imagem - Dália recortada

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Humor - O Hábito e o CEO

quinta-feira, janeiro 12, 2012

DESLOCALIZAR OU INCENTIVAR?

Recentemente foi notícia o caso dos proprietários do Pingo Doce que deslocalizaram a sede da SGPS para a Holanda, mas sobre as deslocalizações dos sectores produtivos das empresas nacionais, não se ouve uma palavra.

É sabido que há diversas empresas nacionais que deslocalizaram a sua produção para países estrangeiros, do norte de África e da Ásia, apesar da elevada taxa de desemprego que o país tem e que tão cara nos sai.


Nos EUA, o presidente Barack Obama vai anunciar em breve medidas para incentivar um aumento do investimento no país e trazer de volta postos de trabalho para os EUA. Por cá não consta que o Ministério da Economia tenha alguma estratégia idêntica.


O discurso que temos ouvido a membros deste governo, que se tem norteado apenas pela facilitação dos despedimentos é claramente demagógico como facilitador do investimento em Portugal ou como incentivo à produtividade.


Talvez seja altura de Passos Coelho e o Álvaro prestarem atenção ao que se vai fazer lá no outro lado do Atlântico, em vez de colaborarem no aconselhamento vergonhoso à emigração.



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Foto Amarelinha

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Humor - A (in)Justa Repartição

quarta-feira, janeiro 11, 2012

O EXEMPLO DO REGULADOR

O conselho de administração do Banco de Portugal decidiu, « no respeito pelas convenções colectivas de trabalho a que o Banco está obrigado (acordos de empresa e Acordos Colectivos de Trabalho para o sector bancário), manter o pagamento dos subsídios de férias e de Natal aos colaboradores no activo».

O exemplo do regulador do sector bancário, enquanto instituição independente mas sob a alçada do Estado, não é seguido pelo próprio Estado que ainda pretende ser considerado “pessoa de bem”, apesar de não ser capaz de se manter fiel aos compromissos para com os seus colaboradores e perante os pensionistas com os quais estabeleceu uma relação de confiança que pretende agora quebrar.

Não admira que o Tribunal do Trabalho de Lisboa tenha decidido pela devolução por parte dos CTT dos cortes salariais praticados em 2011. Apesar de o Tribunal Constitucional ter anteriormente considerado que os cortes constantes do Orçamento de Estado de 2011 não violavam a lei por serem indispensáveis, dentro de uma conjuntura excepcional e não era arbitrário, as coisas mudaram com a aprovação do OE para 2012.

As condições para este ano são novamente excepcionais, a indispensabilidade de medidas irrepetíveis, já não é sustentável e os cortes em 2012 são arbitrários.

As regras não podem ser alteradas de um modo unilateral sob pretextos de emergência excepcional, e para satisfazer compromissos assumidos posteriormente àqueles que se pretendem cortar, desrespeitando a equidade e a regra da universalidade.

Procede bem o Banco de Portugal, procedeu bem o Tribunal do Trabalho de Lisboa e vamos ver o que dirá o Tribunal Constitucional sobre este assunto quando em breve for solicitado a pronunciar-se. Respeitar-se-á a Constituição, ou será autorizado mais um confisco?



terça-feira, janeiro 10, 2012

A AUSTERIDADE E AS CONSEQUÊNCIAS

Desde que começaram a ser implementadas medidas de austeridade para equilibrar as contas do país, os casos de stress aumentaram substancialmente, bem como as consultas da especialidade e a venda dos medicamentos para esta maleita. O que digo não é uma opinião mas sim um facto comprovado e bem conhecido.

Sabemos que 2012 será o ano em que mais se sentirão os efeitos da austeridade imposta pelo governo, nas palavras do próprio primeiro-ministro, e que 2013 não será melhor, pelo menos para os funcionários públicos e para os pensionistas, que vão continuar a sofrer os cortes dos subsídios de Natal e de férias.


O que também já se sabe, e são dados da Comissão Europeia, é que os mais pobres são os mais afectados com as medidas de austeridade impostas, bem ao contrário do que dizem os governantes.


As percentagens apontadas, dizem que os 20% mais pobres sofrem reduções na ordem de 6,1%, enquanto os mais ricos perdem 3,9%. Claro que se podem discutir pormenores deste estudo, mas é absolutamente indiscutível que o corte de alguns euros num salário mínimo fazem mais mossa do que mil euros num salário de 5.000 euros.


Não se pode esperar nenhum entusiasmo nem nenhuma motivação da parte de quem já mal consegue subsistir com o seu salário, e passa a maior parte do seu tempo tentando não deixar de cumprir os seus compromissos económicos e contando os tostões enquanto pede a todos os santinhos que não apareça nenhuma doença ou avaria no carro ou nos electrodomésticos, que estrague tudo.


Sem as pessoas e sem o seu empenhamento, esperança e criatividade não será possível construir nada, nem produzir melhor. Continuando a seguir esta receita o paciente morre da cura, mais depressa do que da doença.


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Humor - Cortes Cegos

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Foto - Atracção Holandesa

segunda-feira, janeiro 09, 2012

A POLÍTICA É LUCRATIVA

Sempre que se fala na má qualidade da classe política portuguesa vem sempre à tona o salário dos políticos, que para uns é exagerado e para outros é baixo. Para os que dizem que é baixo, fica assim estabelecida a relação: baixos salários fraca qualidade.

Eu nunca relacionei o salário dos políticos à sua má qualidade, porque no universo laboral que conheço, e acreditem que é muito vasto, conheço gente muito mal paga altamente competente, e o contrário. Pela experiência adquirida valorizo muito mais a experiência adquirida na prática, do que tudo o resto, mas esta é apenas a minha opinião.


Na política entra-se, nos nossos dias, através das juventudes partidárias e do restante aparelho, e raras vezes pela competência demonstrada nas áreas para onde são escolhidos. A falta de conhecimentos específicos leva a inúmeros erros que se pagam caro, e a equipas de assessores inúteis, que depois obrigam a acessórias externas dispendiosas.


Os políticos acabam por sair dos executivos e das cúpulas partidárias para grandes empresas que gravitam em torno do Estado, não pela sua competência técnica, mas sobretudo pelos seus contactos e pelo conhecimento da máquina do Estado, auferindo sempre ordenados chorudos, como se tem visto.


Passos Coelho reclamou para si uma nova postura na colocação do que se convencionou apelidar de boys, mas a realidade veio a demonstrar que o aparelho acaba sempre por levar a sua avante. A EDP, recentemente privatizada mas ainda com intervenção do Estado e das tais empresas que gravitam ao seu redor, é o exemplo mais recente onde os seis recém-nomeados (portugueses) são todos das cores que compõem o governo.


As coincidências acontecem, mas criam sempre a suspeita de que o que se diz é verdadeiro: passar pela política é altamente compensador.


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Humor - Só Aparências

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Foto Sem Espinhos

domingo, janeiro 08, 2012

A RECEITA

COELHO À CAÇADOR

Ingredientes:
• 1 coelho
• 2 cebolas
• 1,5dl azeite
• 1 folha louro
• 1 colher de vinagre
• 1 ramo salsa
• 4 dentes alho
• vinho verde tinto
• sal, pimenta, alecrim e carqueja

Preparação:

Mata-se o coelho e apara-se o sangue para uma tigela onde está uma colher de vinagre e mexe-se para não coagular. Corta-se o coelho aos bocados e põe-se num recipiente com a folha de louro, os dentes de alho pisados, o sal e a pimenta, envolvendo bem e cobre-se com o vinho. À parte, num tacho, faz-se um refogado com azeite e as cebolas picadas. Logo que estejam transparentes junta-se o coelho, que refoga. Mistura-se a marinada, o alecrim e a carqueja. Tapa-se o tacho e deixa-se cozer. Logo que o coelho esteja cozido rega-se com o sangue. Apura um pouco e serve-se em prato coberto, acompanhado de batatas cozidas ou fritas.


Vamos "mamar" as cenouras...

sexta-feira, janeiro 06, 2012

UMA QUESTÃO DE AVENTAIS

A semana foi preenchida pela polémica em torno das secretas e da maçonaria, ou mais concretamente, pela promiscuidade dos interesses envolvidos.

Devo confessar que não gosto de ver em cargos de relevância política ligados a sociedades secretas. As lealdades e as obediências dos políticos só podem estar ligadas ao interesse público e nuca a interesses de um qualquer grupo.

Por agora fico-me pela confusão dos aventais e pelos Marretas, que sempre me ajudam a sorrir.



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Vídeo do Dia

quinta-feira, janeiro 05, 2012

O RESPEITO PELA CONSTITUIÇÃO

A Constituição Portuguesa é a Lei mais importante do país, e por isso mesmo todas as outras leis e decisões governamentais têm que forçosamente respeitar na íntegra o espírito da Constituição, para serem válidas e respeitadas pelos cidadãos.

Infelizmente em Portugal o respeito pela Constituição não existe verdadeiramente, a começar pelos próprios governantes e por uma boa parte da classe política nacional.


É perfeitamente reconhecido pela maioria dos constitucionalistas e até pelos cidadãos bem informados, que o Orçamento de Estado de 2012 contém medidas que não estão de acordo com a Constituição, e mesmo o governo em funções tentou escudar-se na emergência nacional para tentar contornar a lei.


O que causa estranheza é que o Presidente da República, apesar de ter levantado anteriormente a questão, não suscitou a fiscalização do Tribunal Constitucional. Estranho seria também não ver os deputados virem pedir essa fiscalização, pois cumpre-lhes defender a Constituição e os cidadãos.


Resta-nos esperar mais uns dias para saber se a Constituição será respeitada, e esperemos que haja bom senso pois a falta de respeito pelas leis abre as portas a muitas coisas desagradáveis e indesejáveis.


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Humor aos Coices

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Foto - O Voo

quarta-feira, janeiro 04, 2012

CONLUIOS DE PODER

As ligações com a maçonaria de alguns políticos e as possíveis ligações do mesmo grupo às nossas secretas não são notícias assim tão bombásticas como alguns afirmaram, pelo menos para quem anda atento aos equilíbrios de poder.

Ainda há bem pouco tempo registaram-se algumas movimentações nos partidos políticos que foram atribuídas às “guerras pelo poder”, entre a Opus Dei e a Maçonaria. Não foi uma coisa que passasse despercebida, e a “rebelião” ainda que tenha sido resolvida, marcou bem as águas.


Estes dois grupos interferem na política, e estão bem instalados nos partidos que gostam de se apelidar do “arco da governação”, ainda que procurem passar despercebidos aos olhos dos cidadãos.


O que os separa não será muito na opinião dos leigos na matéria, mas acreditem que a sua convivência não é fácil, e apenas se toleram porque vão partilhando o poder, na política e nos negócios.


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Tributo
Ronald Searle

segunda-feira, janeiro 02, 2012

2012 - O ANO DO DESCONTENTAMENTO

Começou um novo ano, enterrou-se definitivamente o velho, mas continuamos a estar sujeitos a um governo que parece só estar disposto a responder perante a troika.

O novo ano não se apresenta com um aspecto agradável, e nem sequer começaram ainda a tombar as contas com os aumentos que nos ditaram.


Em Democracia um governo responde perante os seus cidadãos, mesmo que tenha que cumprir certas obrigações com os seus parceiros internacionais. Espero que os nossos governantes tenham isso bem presente em 2012, porque com o aumento das dificuldades o descontentamento pode facilmente transformar-se em coisas pouco agradáveis de se ver.



O Troféu
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Música


Nada como começar o ano com música boa, apresentada de um modo ligeiro mas muito agradável.