sexta-feira, setembro 30, 2011

POIS É!

Acabou de ser reconhecido que apesar de todos os cortes e do aumento de impostos já efectuados, a meta do défice não será atingida.

Como sempre a culpa não é do Governo, não é dos anteriores governantes, não é das empresas e não é dos cidadãos. Agora a culpa é do défice escondido da Madeira, mas lá temos Alberto João Jardim como candidato a mais uma reeleição, como se nada fosse com ele.

Mas nesta questão de responsabilidades, temos os actuais governantes a dizer que tudo é por causa da ruinosa gestão dos anteriores executivos, e estes por sua vez dizem que a culpa é dos actuais.

Claro que é fácil atirar as culpas para os outros, e há quem culpe os funcionários públicos, quem culpe as empresas, quem culpe os desempregados, e quem culpe os bancos, é só escolher.

Quem votou nos actuais e antigos governantes? São muito poucos os que admitem ter errado na escolha, e entre estes há alguns que ainda teimam em dizer que foram os outros que tiveram a culpa.

Eu pago os meus impostos a horas, não tenho empréstimos ao banco, tenho uma carripana com mais de dez anos e faço uma vida modesta desde sempre, sem nunca ter votado nem na rosa nem na laranja, não creio ter contribuído para a crise, mas pago-a. A única culpa que eu admito é de nunca me ter atrevido a criar um partido, ou de não ter conseguido convencer portugueses suficientes a não votarem nos partidos do costume, que quer queiram, quer não, são os maiores responsáveis pela situação que o país atravessa.

Se as responsabilidades fossem tomadas a sério e se os culpados tivessem vergonha na cara, tudo podia mudar.


quinta-feira, setembro 29, 2011

CONFUSÕES CULTURAIS

A passagem da Cultura para uma secretaria de Estado, em vez de um ministério, ainda que sob a alçada do 1º ministro está a demonstrar ter sido um enorme erro.

A confusão parece estar instalada para os lados da Ajuda, onde as mudanças (fusões e extinções) demonstram claramente que não têm nenhum propósito de eficiência ou de melhoria do serviço público, mas apenas um puro aperto de orçamento.

Como um mal não vem só, a “entrega” dos Palácios Nacionais de Queluz e de Sintra à empresa pública Parques de Sintra (PSML) é uma trapalhada completa, sobre a qual não se sabe rigorosamente nada, começando pela razão dessa “entrega”, passando pelo destino a dar aos funcionários dos dois palácios, ou quanto ao “acordo” entre as duas partes, leia-se Secretaria de Estado da Cultura e PSML.

Nesta altura Francisco José Viegas está mais preocupado com o Congresso Internacional da Rota do Românico, onde se pronunciou para dizer que vai criar uma comissão mista para «fazer uma carta de intervenção dos locais onde cultura e turismo se cruzam». Claro que também vão falar de temas como a conservação e salvaguarda do Património antes do almoço de sexta-feira, no Mosteiro de Travanca, em Amarante.

Por Lisboa continua a polémica entre Joe Berardo e a Fundação CCB, sobre a existência de um “saco azul”, ou de uma quantia em dinheiro investido não se sabe muito bem onde. As duas fundações que partilham o CCB são financiadas pelo Ministério da Cultura, e não são as únicas.

Penso que seria útil que na audição que a Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura vai ter com o secretário de Estado da Cultura, em Outubro, fosse abordado o assunto das fundações e outras empresas públicas subsidiadas ou comparticipadas pela SEC, porque se anunciam cortes para o sector, ainda que grande parte do orçamento vá precisamente para estas empresas sem o conhecimento dos cidadãos e até dos seus representantes na AR.

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Foto - Outono


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Humor - Idoso mas Vivo

quarta-feira, setembro 28, 2011

O PODER EMBRIAGA

Ouvimos durante anos as opiniões cordatas de algumas pessoas e depois, quando estas mesmas pessoas atingem lugares onde têm o poder decisório, constatamos que deixam de ser coerentes com tudo o que disseram antes e ficam iguaizinhos a outras pessoas que anteriormente criticaram.

Custa muito ouvir alguém falar em rigor e exigência no ensino, e depois saber que por sua iniciativa o mérito dos melhores estudantes deixa de ser reconhecido como estava previsto, sendo o dinheiro desviado para a acção social, nas vésperas de ser atribuído aos melhores alunos.

O mérito tão defendido por Nuno Crato e pelo PSD, antes de estarem no poder, deixaram de ser importantes perante as primeiras dificuldades. A falta de imaginação e de criatividade do executivo é mais do que evidente, porque bem podia ter substituído o prémio pecuniário por outro em espécie, em cooperação com uma universidade, por exemplo.

Cortar a torto e a direito e aumentar impostos são as marcas deste governo, e o risco de matar a galinha dos ovos de ouro ou de lhe sair o tiro pela culatra, é cada vez maior, por muito que se encomendem sondagens e opiniões favoráveis, que não têm correspondência na opinião pública.

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Humor Educativo


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Foto - Pintarolas

terça-feira, setembro 27, 2011

EMPREGO E PROTECÇÃO SOCIAL

Enquanto por cá ouvimos um Secretário de Estado da Administração Pública falar na redução de 50 mil funcionários públicos até ao fim da legislatura, ou um ministro das Finanças admitir que em 2012 o desemprego vai aumentar, em Paris reuniram-se os ministros do Trabalho dos países do G20, que defendem que a criação de emprego é uma prioridade.

A desaceleração económica pode criar um crescimento do desemprego, mas é absolutamente consensual que a menos que seja conseguido investimento e crescimento económico, a situação pode ficar socialmente insustentável.

A prioridade dos países do G20 vai ser para reverter a desaceleração do crescimento do desemprego, contrariando a perda de postos de trabalho, investindo-se na economia real.

De acordo com a OIT e a OCDE o emprego deverá subir a uma taxa anual de pelo menos 1,3% para se chegar a 2015 nos níveis anteriores à crise.

Lê-se no comunicado conjunto da OIT e da OCDE que “precisamos de investimentos destinados ao crescimento das empresas na economia real e a criação de trabalho decente”, alertando-se ainda para a crescente dualidade entre os trabalhadores com um emprego estável e os que têm trabalhos temporários.

Penso que os membros do governo português deviam ser obrigados a ler este comunicado com atenção antes de se lançarem em aventuras tendentes a facilitar os despedimentos e a aumentar a precariedade laboral, que parecem ser os seus objectivos primordiais.






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Humor Tirado do JN

domingo, setembro 25, 2011

GENOCÍDIO FINANCEIRO

Porque nos falam da Grécia e pouco nos dizem, aqui fica um depoimento de um austríaco conhecedor daquela realidade, e também, se quiserem dar-se ao trabalho de ler, uma visão de dentro, que me dispensei de reproduzir por questões de espaço. O artigo original, em alemão é DAQUI.


Então os gregos “recusam-se a economizar”? Um jurista de Viena, que tem um apartamento em Atenas, observou-os diariamente. A sua conclusão: economizam ao máximo.

Não podemos deixar de responder às diversas declarações dos mais altos responsáveis de toda a Europa, algumas delas roçando a imbecilidade, sobre estes “preguiçosos” gregos que “se recusam a economizar”.

Há 16 meses que tenho casa em Atenas e vivi in loco esta situação dramática. Ouvem-se queixas de que os planos económicos não vão funcionar porque as receitas fiscais caíram. Põe-se em causa a vontade dos gregos economizarem. Que surpresa! Vejamos alguns factos:

- Redução de salários e de pensões até 30%.

- Redução do salário mínimo para 600 euros.

- Dramática subida de preços (combustível doméstico + 100; gasolina + 100%, electricidade, aquecimento, gás, transportes públicos + 50%) ao longo dos últimos 15 meses.

Resgate da UE de 97% volta para a UE

- Um terço das 165 mil empresas comerciais a fecharem as portas, um terço sem conseguir pagar os salários. Por toda a cidade de Atenas pode ver-se os painéis amarelos com a palavra “Enoikiazetai” a letras vermelhas – “Aluga-se”.

- Nesta atmosfera de miséria, o consumo (a economia grega foi sempre muito centrada no consumo) diminuiu de maneira catastrófica. Os casais com dois salários (onde o rendimento familiar representava até então 4000 euros), de repente, têm apenas duas vezes 400 euros de subsídio de desemprego, que começa a ser pago com meses de atraso.

- Os funcionários públicos e de empresas próximas do Estado, como a Olympic Airlines ou os hospitais, há meses que não recebem ordenados e os pagamentos a que têm direito foram adiados para Outubro ou para o “próximo ano”. O recorde pertence ao Ministério da Cultura. Há 22 meses que os funcionários que trabalham na Acrópole não são pagos. Quando ocuparam a Acrópole para se manifestarem (pacificamente!) receberam rapidamente o troco, em gás lacrimogéneo.

- Toda a gente está de acordo quando se diz que 97% dos milhares de milhões das tranches de resgate da UE voltam directamente para a UE, através dos bancos, para amortizar a dívida e pagar novos juros. Assim, o problema é discretamente atirado para cima dos contribuintes europeus. Até ao crash, os bancos recebiam copiosos juros e as reivindicações estão a cargo dos contribuintes. Por isso não há (ainda?) dinheiro para as reformas estruturais.

- Milhares e milhares de empresários em nome individual, motoristas de táxi e de camiões, tiveram de desembolsar milhares de euros para pagarem as suas licenças e, para isso, contraíram empréstimos, mas hoje veem-se confrontados com uma liberalização que faz com que os recém-chegados ao mercado não tenham de pagar quase nada, enquanto quem já lá está há mais tempo está onerado com enormes créditos, que tem de pagar.

- Inventam-se novos encargos. Assim, para apresentar uma queixa na polícia é preciso pagar logo 150 euros. A vítima tem de abrir a carteira se quer que a sua queixa seja aceite. Ao mesmo tempo, os polícias são obrigados a cotizarem-se para abastecerem os seus carros-patrulha.

- Foi criado um novo imposto sobre a propriedade associado à conta da electricidade. Se não for pago, a luz de casa é cortada.

Onde está o dinheiro das últimas décadas?

- Há meses que a escolas públicas deixaram de receber materiais escolares. O Estado deve milhões às editoras e as entregas deixaram de ser feitas. Gora, os estudantes recebem CD's e os pais têm de comprar computadores para que os filhos possam estudar. Não se sabe como é que as escolas – sobretudo as do Norte – vão pagar as despesas de aquecimento.

- Até ao fim do ano todas as universidades estão paralisadas. Um grande número de alunos não pode entregar trabalhos nem fazer exames.

- O país prepara-se para uma enorme onda de emigração e estão a aparecer gabinetes de aconselhamento sobre este assunto. Os jovens não veem futuro na Grécia. A taxa de desemprego entre os jovens licenciados é de 40% e de 30% entre os jovens em geral. Os que têm emprego trabalham a troco de um salário de miséria e, em parte, de forma ilegal (sem segurança social): 35 euros por 10 horas de trabalho diário na restauração. As horas extraordinárias acumulam-se sem serem pagas. Resultado: não sobra nada para investimentos de futuro como a educação. O governo grego não recebe nem mais um cêntimo em impostos.

- As reduções maciças de efectivos na função pública são feitas de maneira antissocial. Foram despedidas, essencialmente, pessoas que estavam a alguns meses da idade da reforma, para lhes ser pago apenas 60% do total da pensão a que teriam direito. Toda a gente faz a mesma pergunta: onde está o dinheiro das últimas décadas? É evidente que não está no bolso dos cidadãos. Os gregos não têm nada contra a poupança, simplesmente, não aguentam mais. Quem consegue ter emprego mata-se a trabalhar (acumula dois, três, quatro empregos).

Todas as conquistas sociais das últimas décadas em matéria de protecção dos trabalhadores se desfizeram em pó. Agora, a exploração te rédea solta; nas pequenas empresas é, geralmente, uma questão de sobrevivência. Quando se sabe que os responsáveis gregos jantaram com os representantes da troika [Comissão Europeia, BCE e FMI] por 300 euros por pessoa, não podemos deixar de perguntar quando é que a situação acabará por explodir.

A situação da Grécia deveria alertar a velha Europa. Nenhum partido que propusesse uma razoável ortodoxia orçamental estaria em condições de aplicar o seu programa: nunca seria eleito. É preciso atacar a dívida enquanto está ainda relativamente sob controlo e enquanto não se assemelha a um genocídio financeiro.

Retirado DAQUI e tem muito mais para se ler

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Foto - Cores de Outono


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Humor - Ajuda no Deserto

sexta-feira, setembro 23, 2011

O RISO DAS VACAS



 VOCÊ TEM DUAS VACAS

CAPITALISMO IDEAL
Você tem duas vacas.
Vende uma e compra um boi.
Eles multiplicam-se, e a economia cresce.
Você vende a manada e aposenta-se. Fica rico!


CAPITALISMO AMERICANO
Você tem duas vacas.
Vende uma e força a outra a produzir o leite de quatro vacas.
Fica surpreso quando ela morre.


CAPITALISMO JAPONÊS
Você tem duas vacas.
Redesenha-as para que tenham um décimo do tamanho de uma vaca normal e produzam 20 vezes mais leite.
Depois cria desenhinhos de vacas chamados Vaquimon e vende-os para o mundo inteiro.


CAPITALISMO BRITÂNICO
Você tem duas vacas.
As duas são loucas.


CAPITALISMO HOLANDÊS
Você tem duas vacas.
Elas vivem juntas, em união de facto, não gostam de bois e tudo bem.


CAPITALISMO ALEMÃO
Você tem duas vacas.
Elas produzem leite regularmente, segundo padrões de quantidade e horário
previamente estabelecido, de forma precisa e lucrativa.
Mas o que você queria mesmo era criar porcos.


CAPITALISMO RUSSO
Você tem duas vacas.
Conta-as e vê que tem cinco.
Conta de novo e vê que tem 42.
Conta de novo e vê que tem 12 vacas.
Você pára de contar e abre outra garrafa de vodca.


CAPITALISMO SUÍÇO
Você tem 500 vacas, mas nenhuma é sua.
Você cobra para guardar as vacas dos outros.


CAPITALISMO ESPANHOL
Você tem muito orgulho de ter duas vacas.

CAPITALISMO BRASILEIRO
Você tem duas vacas.
E reclama porque o rebanho não cresce…

CAPITALISMO HINDU
Você tem duas vacas.
Ai de quem tocar nelas.


CAPITALISMO PORTUGUÊS
Você tem duas vacas.
Foram compradas através do Fundo Social Europeu.
O governo cria O IVVA – Imposto de Valor Vacuum Acrescentado.
Você vende uma vaca para pagar o imposto.
Um fiscal vem e multa-o, porque embora você tenha pago correctamente o IVVA, o valor era pelo número de vacas presumidas e não pelo de vacas reais.
O Ministério das Finanças, por meio de dados também presumidos do seu
consumo de leite, queijo, sapatos de couro, botões, presume que você tenha 200 vacas.Para se livrar do sarilho, você dá a vaca que resta ao inspector das finanças para que ele feche os olhos e dê um jeitinho…

quinta-feira, setembro 22, 2011

BRINCAR COM COISAS SÉRIAS

Por cá temos o corte no subsídio de Natal, os aumentos dos transportes públicos, da electricidade e do gás ainda este ano e mais aumentos para o começo do ano, em quase tudo por via do aumento do IVA.

De cada vez que fazem um anúncio de aumentos do custo de vida, os senhores governantes atiram-nos à cara com a sua inevitabilidade devido ao acordo com a troika. Que eu saiba não assinei nenhum acordo com a dita, nem sou responsável pela má governação que temos tido ao longo dos últimos anos, nem sequer podem alegar que tenha votado nos governantes que tivemos, porque não votei neles.

O que é mais grave, é que caminhamos alegremente para o buraco, aceitando receitas que já demonstraram não ter bons resultados, como se pode constatar pelo exemplo da Grécia.

A Grécia está à beira de cair, é tudo uma questão de tempo, e o seu povo já não aguenta mais cortes, como se vai ver claramente nos próximos tempos. Dentro de pouco tempo veremos a Europa a ajudar os bancos que emprestaram dinheiro aos gregos e a deixarem a Grécia entregue à sua triste sorte. Nós podemos ser os seguintes…

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Foto - Mascote

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Humor no Feminino

quarta-feira, setembro 21, 2011

PROPOR OU IMPOR?

Todos os anos se fala em negociações entre o governo e os sindicatos da função pública mas, regra geral, é anunciada a posição patronal antes das ditas negociações e depois é essa a que prevalece, invariavelmente.

Nos últimos anos, e refiro-me aos últimos doze, só uma vez foram concedidos aumentos reais de salários aos trabalhadores da Administração Pública, com um aumento de 3,9%, em ano de eleições. Na altura isso foi tema de todas as conversas e de todas as notícias veiculadas pela nossa imprensa.

Fazendo um balanço destes últimos doze anos, porque nem me apetece recuar mais, temos que tiveram um ano positivo e onze negativos, sendo que em vários houve mesmo um congelamento como se promete já para o próximo ano. Claro que esta contabilidade é incómoda e nem sequer é feita pela nossa imprensa nem pelos diversos comentadores que se entretêm a “bater no funcionário público”.

A chamada “Negociação Geral Anual”, que o governo enviou aos sindicatos da Administração Pública é mais uma posição fechada, pelo menos no que se refere a salários, e não passa de uma imposição, a que nem com muito boa vontade se pode chamar “negociação”.

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Foto - Outono

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Humor em Crise

segunda-feira, setembro 19, 2011

DESPOJO


E, agora, o que faremos?
A quem legar o que resta
Do simulacro de festa
Que tivemos?


Quem aproveita os detritos
De uma alegria forçada?
Quem confunde aflitos gritos
Com imposta gargalhada?

Iremos por onde alguém
Descubra os nossos farrapos.
Vês flores no jardim de além?
- Vejo sapos.
 
António Manuel Couto Viana

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Foto - Cheiro a Outono

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Humor - O Rico

sábado, setembro 17, 2011

O JARDIM DA MADEIRA

Parece que não temos apenas a frase “a Madeira é um jardim”, porque agora ficámos a ter também “o jardim não é a Madeira”.

Uma terra bonita como aquela não merecia andar nas bocas do povo e nas páginas dos jornais por episódios mal explicados que envolvem muitos, mas mesmo muitos, milhões de euros que andavam mais ou menos escondidos das estatísticas.

Estes episódios lamentáveis, de défices que não se conheciam, mas que segundo AJJ eram conhecidos, não sabemos bem por quem, nem interessa, dão uma ideia de absoluto relaxe das contas públicas e, mais importante ainda, são para nós as pagarmos.

Os esquemas utilizados até são imaginativos, mas admira-me muito que não tenham sido descobertos antes, e admira-me mais ainda que só conheçam a luz do dia quando há estrangeiros a auditar as contas públicas. Apetece perguntar onde é que estavam os nossos governantes quando a coisa começou?

Todas estas revelações a juntar aos dinheiros que deviam ser para ajudar as populações depois das cheias, que pelos vistos também foram para outras coisas, deixam-me ainda mais revoltado com aquela figura que tem estado desde há décadas na cadeira do poder na Madeira.

Ler também ISTO
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Foto - Jardim Verdadeiro

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A Caricatura

quinta-feira, setembro 15, 2011

ACTUAL

O Diálogo (séc. XVII)
Diálogo entre Colbert e Mazarino durante o reinado de Luís XIV, extraído da peça de teatro Le Diable Rouge, de Antoine Rault:


Colbert: Para encontrar dinheiro, há um momento em que enganar [o contribuinte] já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é que é possível continuar a gastar quando já se está endividado até ao pescoço...


Mazarino: Se se é um simples mortal, claro está, quando se está coberto de dívidas, vai-se parar à prisão. Mas o Estado... o Estado, esse, é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se... Todos os Estados o fazem!


Colbert: Ah sim? O Senhor acha isso mesmo? Contudo, precisamos de dinheiro. E como é que havemos de o obter se já criámos todos os impostos imagináveis?


Mazarino: Criam-se outros.


Colbert: Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.


Mazarino: Sim, é impossível.


Colbert: E então os ricos?


Mazarino: Os ricos também não. Eles não gastariam mais. Um rico que gasta faz viver centenas de pobres.


Colbert: Então como havemos de fazer?


Mazarino: Colbert! Tu pensas como um queijo, como um penico de um doente! Há uma quantidade enorme de gente entre os ricos e os pobres: os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficarem pobres. É a esses que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Esses, quanto mais lhes tirarmos mais eles trabalharão para compensarem o que lhes tirámos. É um reservatório inesgotável."

ESSES SOMOS NÓS!

Recebido por correio electrónico.

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Foto com Tomates

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Humor Desempregado

quarta-feira, setembro 14, 2011

À CAÇA DO MÉRITO

Esta semana tive a oportunidade de falar com um chefe de serviços que me sucedeu na minha actividade anterior, e de o confrontar com as diferenças que se podem constatar na actividade desenvolvida pelo departamento.

Perante o estado de degradação dos serviços, do edifício e das condições de trabalho são tão gritantes que nem o actual responsável pretendeu negar. As razões apresentadas foram as que eu esperava, e resumiram-se à habitual falta de verbas.

Os serviços têm hoje mais 5 técnicos do que no meu tempo e a chefia é partilhada por 3 pessoas, o que originou um aumento da despesa em salários, com a agravante de grande parte dos projectos ser agora adjudicada a empresas externas, o que na altura era absolutamente impensável, apesar de ser óbvio que havia uma maior actividade do que nestes dias.

Fiquei ainda a saber que as chefias deste serviço, as oito, foram brindados com uma classificação máxima. Foi-me confessado que o segredo para tão boa avaliação de serviço, reside no facto de não se fazerem grandes exigências de meios, e de se contentarem com o dinheiro para os salários e para as despesas de funcionamento, que já começam a não estar garantidas até ao final do ano.

A valorização do mérito, que tantos defenderam, passam muitas vezes por isto que aqui vos deixo, que me deixa triste por não passar de cobardia e de falta de sentido de ética e de profissionalismo.

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Foto - Rosa

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Humor - Escolhas

segunda-feira, setembro 12, 2011

O HORROR DE SER POBRE

Risco c'um traço
(Um traço fino, sem azedume)
Todos os que conheço, eu mesmo incluído.
Para todos estes não me verão
Nunca mais
Olhar com azedume.

O horror de ser pobre!
Muitos gabavam-se que aguentariam, mas era ver-
-lhes as caras alguns anos depois!
Cheiros de latrina e papéis de parede podres
Atiravam abaixo homens de peitaça larga como toiros.
As couves aguadas
Destroem planos que fazem forte um povo.
Sem água de banho, solidão e tabaco
Nada há que exigir.
O desprezo do público
Arruina o espinhaço.
O pobre
Nunca está sozinho. Estão todos sempre
A espreitar-lhe pra o quarto. Abrem-lhe buracos
No prato da comida. Não sabe pra onde há-de ir.
O céu é o seu tecto, e chove-lhe lá pra dentro.
A Terra enxota-o. O vento
Não o conhece. A noite faz dele um aleijado. O dia
Deixa-o nu. Nada é o dinheiro que se tem. Não salva ninguém.
Mas nada ajuda
Quem dinheiro não tem.


Bertold Brecht, in 'Lendas, Parábolas, Crónicas, Sátiras e outros Poemas'
Tradução de Paulo Quintela

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Foto - Azul

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Humor Faminto

sábado, setembro 10, 2011

LEMBRAR

"É possível viver quase sem lembranças e viver feliz, como demonstra o animal, mas é impossível viver sem esquecer"

Nietzsche
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Por vezes vale a pena recordar músicas que nos ficaram na memória, que quase sempre estão associadas a épocas da nossa vida passada. Lembrar o que foi bom, esquecendo o que não vale a pena recordar.


Diz-se que recordar é viver e, por momentos, o pensamento voltou a um passado que me fez sorrir. As boas memórias merecem ser recordadas.

sexta-feira, setembro 09, 2011

HUMOR E IMAGENS

Este boneco foi inspirado numa conversa de café, em que se discutia o elevado número de futebolistas estrangeiros que jogam na nossa 1ª liga, assunto que reunia uma quase unanimidade entre os presentes, que achavam que era mau para a selecção nacional. 

Eis que um dos presentes, por sinal dos mais calados, se saiu com a sua sentença, afirmando que era melhor discutir-se a contratação de políticos estrangeiros porque afinal está mais do que provado que são mais eficientes que os cá da terra. 


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Humor Negro

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Vídeo com Ética

quinta-feira, setembro 08, 2011

OS COELHOS

Os coelhos são mamíferos lagomorfos da família dos leporídeos, em geral dos gêneros Oryctolagus e Sylvilagus. Caracterizam-se pela cauda curta e as orelhas e patas compridas.
A família dos Coelhos (refiro-me a humanos) teve direito a um brasão e curiosamente tem 5 coelhos (agora os animaizinhos) no seu escudo.

Este é um retrato dum coelho vaidoso, que dá muita importância à imagem e que pretende dar uma imagem que contrasta com o ar campesino que todos lhe conhecemos.
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Um Coelho Divertido
Este coelho era divertido e fez sorrir muita gente. Não consta que fosse vidrado em alguma coisa, à excepção das cenouras, que é o mais natural.
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Música a Preceito
Não pude evitar lembra-me desta canção e das Doce, que encantaram muitos portugueses...

quarta-feira, setembro 07, 2011

OUTRA INEVITABILIDADE

A força dos governos é inversamente proporcional ao peso dos impostos

Devo confessar que foi esta frase (que não é minha) que me surgiu de imediato, quando ouvi Passos Coelho dizer que não permitiria tumultos. Já depois ouvi Paulo Portas dizer que as greves empobreceriam o país.

Penso que os nossos governantes sabem bem que já foram longe demais, mas não me parece que saibam quando devem parar, e isso pode ter consequências que ninguém desejaria.

O argumento da inevitabilidade aplica-se também nestas situações, pois a cada acção corresponde uma reacção, como diria um meu antigo mestre.

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Ditado Popular

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Humor - Imposto de Plástico

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Foto - Amarela

terça-feira, setembro 06, 2011

TUDO DO AVESSO

Portugal enfrenta uma situação difícil, todos o sabemos, mas os sinais vindos do lado do poder, político e económico, continuam a ser os mesmos dos tempos de desafogo económico.

Veja-se o que se passa com as más contas públicas, e constate-se que não há um único indivíduo que tenha passado pelo poder que esteja a ser investigado, ou tenha sido acusado de gestão danosa de dinheiros públicos. Por contraponto veja-se que na Islândia temos um ex-primeiro-ministro que está a ser julgado por possível negligência.

No estrangeiro vemos gente muito rica a pedir para ser mais taxada para contribuir na medida das suas posses para ajudar os seus países, e por cá temos os nossos ricos a assobiar para o ar e a declararem que são meros trabalhadores.

Ouvir um ex-representante dos industriais portugueses dizer que existem mais de 100 mil funcionários públicos excedentários, quando os serviços se debatem na sua generalidade com falta de pessoal, e numa altura em que o desemprego é um flagelo social, indigna.

Indigna saber que se fazem cortes na saúde, forçando a diminuição da qualidade dos cuidados de saúde, quando existem casos vergonhosos como o do BPN, da Madeira e tantos outros, que serão pagos com o dinheiro dos nossos impostos, ainda que em nada tenhamos contribuído para o assunto.

Temem a nossa indignação, a que preferem dar o nome de tumultos, mas não hesitam em fazer no poder aquilo que condenaram quando estavam na oposição. Os cidadãos erram nas escolhas, mas os políticos é que decidem, e têm decidido muito mal, como é mais do que evidente.  

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Foto - Camões e Boa Mesa em Cascais
 By Palaciano
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Humor - Entrevista
Jornalista e Boy

segunda-feira, setembro 05, 2011

O MEDO DA RUA

Passos Coelho mostrou o medo que tem das manifestações de desagrado, que começam a ser inevitáveis com as políticas restritivas que estão a ser seguidas, ao vir falar em “tumultos nas ruas”.

Já foram diversas as pessoas que vieram alertar para os limites da tolerância e da capacidade de aceitação dos sacrifícios que têm vindo a ser impostos, mas a obsessão de ir para além do exigido pela troika tem dominado o executivo.

Tudo o que é em excesso é repudiado, e não será com promessas de Passos Coelho, que já deixou por cumprir várias, que as populações descansam. Antes de avançar com as medidas, é que o 1º ministro devia ter vindo explicar o que pretendia alcançar com elas, e a sua duração.

Passos Coelho acordou tarde, e veio anunciar o princípio do fim da crise, como já antes o tinham feito Manuel Pinho e José Sócrates, mas precisamente no mesmo dia em que Christine Lagarde, do FMI, veio alertar para o risco iminente de recessão na economia mundial.

Esta promessa de Passos Coelho, mais uma, soou a pouco credível, para não dizer mesmo, a promessa vã. Será que não devemos manifestar o nosso desagrado? 

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Humor Pedinte
Sevket Yalaz
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Foto - Em Botão

domingo, setembro 04, 2011

É PRECISO TER LATA

O ministro das Finanças parece gostar de falar, não só anunciando impostos, que é a faceta pela qual é conhecido pela maioria dos portugueses, mas também dando lições na Universidade de Verão do PSD, onde pretende voltar no futuro.

Com o seu tom monocórdico e até irritante, Vítor Gaspar consegue desagradar a quase todos, mesmo a muitos laranjinhas. Pode ser que o senhor seja muito inteligente e sabedor mas começa a ser repetitivo no anúncio de mais impostos, sem nunca explicar para quê, até quando e porquê, já que há muitas maneiras de atacar os problemas económicos.

Nas suas últimas declarações, na tal Universidade de Verão, o senhor ministro foi longe demais e veio dizer que o programa de ajustamento financeiro foi escrutinado nas últimas eleições, o que não é verdade.

Não sei onde andava o senhor Vítor Gaspar quando o PSD votou contra o PEC 4, do Sócrates, nem se ouviu bem as justificações dadas pelos responsáveis do partido. Não sei também se estava atento ao que dizia o actual 1º ministro quando afirmou na campanha eleitoral que não ia aumentar os impostos.

Não creio que o senhor ministro seja esquecido, mas deve ter assessores para o recordarem do programa eleitoral do PSD, para não fazer figuras destas. Não sei se por causa destes anúncios de impostos a cada vez que fala aos portugueses, não veremos Passos Coelho a renovar o pedido de desculpas aos portugueses, como o fez no passado desculpando-se com as decisões de José Sócrates, dizendo que tinha sido enganado.

A memória curta, ou mesmo a falta da dita, não justificam a imensa lata de desdizer hoje o que se disse ontem. Faltar à verdade é mentir!

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Humor Político

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Foto - Rosa Molhada

sexta-feira, setembro 02, 2011

AS TRETAS DO COSTUME

Chegou-me a notícia de que a Câmara do Porto vai concessionar mais 40% da limpeza da cidade a privados, e que segundo fonte oficial da autarquia, vai “seguramente” melhorar o serviço.

Esta e outras patranhas têm sido repetidas à exaustão, para justificar essas concessões a privados, que lucram naturalmente com o negócio, mas que não prestam os serviços mais baratos nem com melhor qualidade do que quando eram feitos por pessoal da autarquia.

O esquema é por demais conhecido, o 1ª ano do contrato é sempre uma pechincha, os seguintes aumentam substancialmente, com justificações do tipo de actualização das condições contratuais, e ao fim de pouco mais de um ano já superam os gastos verificados anteriormente. Os privados não fazem milagres, e naturalmente visam o lucro.

Podia mencionar algumas autarquias onde isto já foi feito e onde se vêem recolhas durante o dia, onde a recolha deixou de ser diária e onde os custos dispararam e as autarquias ficaram amarradas à dependência de uma ou duas empresas, que estabelecem os preços, já que a autarquia deixou de ter capacidade de responder às necessidades por falta de meios humanos e mecânicos.

A gestão pública pode ser tão eficiente como a privada, as escolhas é que podem ser melhores ou piores, e isso está na mão dos decisores políticos, locais ou nacionais. Não se deixem enganar pelas artimanhas dos políticos que tentam sempre iludir os cidadãos favorecendo quem bem entendem e garantindo o futuro próprio após a passagem pelos cargos públicos.

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Foto - Vermelha

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Humor - Medicina

quinta-feira, setembro 01, 2011

O PINHEIRO DOENTE

Não vos venho falar do nemátodo da madeira do pinheiro, que é um verme microscópico transmitido por um insecto vector, o Monochamus galloprovincialis, que é uma doença que preocupa muita gente, mas sim de declarações de um senhor, que por acaso também tem o nome da conífera em perigo.

O antigo ministro e deputado europeu, João de Deus Pinheiro, defendeu um aumento da idade da reforma, a diminuição da generosidade das pensões e o crescimento das contribuições para a Segurança Social.

Não percebo nada de psicologia nem de psiquiatria, mas acho que este senhor não deve estar bem de saúde. Não sei se o sol que terá apanhado a jogar golfe não o terá afectado, porque as suas declarações “não batem certo” com a acção pessoal e com a acção do partido que ele próprio apoia.

Comecemos pelo aumento da idade da reforma, e apenas diria que bem podia olhar bem lá para dentro do seu partido, e retratar-se. A respeito da “generosidade das pensões”, rigorosamente o mesmo, pois então.

Deixei para último lugar o aumento das contribuições para a Segurança Social, e fico sem saber se era algum recado para o ministro das Finanças, ou mesmo para Passos Coelho, defensores da redução da Taxa Social Única, ou se é algum sintoma mais preocupante, que aconselhe uma visita ao médico de família.

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Humor - O Golfista

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Foto - Flor Descolorida