sexta-feira, dezembro 28, 2018

PORTUGAL ESTÁ A TORNAR-SE NUM PARQUE TEMÁTICO


A crescente dependência de Portugal relativamente à actividade turística começa a preocupar muita gente e pelas mais variadas razões.

Sabe-se que o que atrai mais turistas a Portugal são factores bem identificados como sejam: a segurança, a qualidade do acolhimento e simpatia dos portugueses, o Património, a gastronomia, e o custo de vida. Resumindo pode dizer-se que o que atrai os turistas é o nosso povo, a nossa identidade e o nosso país.

Tudo isto está a ser posto em causa começando pelo abandono das cidades por parte dos nacionais, motivado pela especulação imobiliária. O fim do mercado tradicional e dos restaurantes genuinamente portugueses, substituídos pelas lojas de bugigangas e pelos restaurantes com ementas tiradas a papel químico de qualquer centro turístico.

No turismo cultural temos as principais atracções sobrelotadas, filas de espera, e dificuldades no trânsito. A par disto temos locais preciosos quase às moscas, por falta de divulgação, outros mostrando alguma decadência, por falta de investimento, e pouco trabalho conjunto entre as entidades envolvidas, Estado, Turismo e Agentes de Viagens, que andam quase de costas voltadas.

Experimentem entrar em igrejas em monumentos, ou mesmo em igrejas monumentos, e garanto-vos uns quantos palermas que sem se importarem com nada nem ninguém, se passeiam de chinelos, a comer castanhas ou outra coisa qualquer, a falar alto, miúdos a correr como se estivessem num parque, e gente a fazer poses frente ao altar, aos beijos diante de pinturas, estátuas ou túmulos, e uns quantos pedintes nas redondezas das entradas.

Quando falo de parques temáticos é a isto que eu me refiro, e infelizmente começa a tornar-se demasiado frequente, o que coloca em risco a tal chamada galinha dos ovos de ouro, o Turismo.



quarta-feira, dezembro 26, 2018

FRASE DA SEMANA

“A tensão, mais do que a violência, foi o que marcou a relação do Japão com o cristianismo, com os jesuítas e outros missionários.”

Alexandra Curvelo, historiadora

Leitura recomendada AQUI


quinta-feira, dezembro 20, 2018

NATAL 2018

Para todos os meus amigos e aos que eventualmente por aqui passem nesta quadra, os meus mais sinceros desejos dum FELIZ NATAL


terça-feira, dezembro 18, 2018

YABURA A MAIOR CIDADE DE PORTUGAL NO TEMPO DOS MOUROS


Para os menos versados na matéria, Yabura, a Évora no tempo dos mouros, foi uma cidade muito importante na Península Ibérica, já depois da queda do Império Romano do Ocidente, e da ocupação sucessiva de outros povos (Suevos e Visigodos), chegando mesmo a rivalizar com Badajoz, que a certa altura a veio a conquistar.




sexta-feira, dezembro 14, 2018

EÇA E PORTUGAL

Logo que na ordem económica não haja um balanço exacto de forças, de produção, de salários, de trabalhos, de benefícios, de impostos, haverá uma aristocracia financeira, que cresce, reluz, engorda, incha, e ao mesmo tempo uma democracia de produtores que emagrece, definha e dissipa-se nos proletariados. 

Prosas Bárbaras


terça-feira, dezembro 11, 2018

MENOSPREZAR A HISTÓRIA DE PORTUGAL

Está a ser cada vez mais questionada a História de Portugal, não pela descoberta de novos dados, mas apenas porque se entrou numa espiral de julgamentos da nossa História, utilizando parâmetros sociais e morais dos nossos dias.

As nossas descobertas são questionadas por quem prefere salientar os aspectos negativos, em vez dos avanços civilizacionais que originaram. O caso dos Museu das Descobertas e as polémicas associadas são apenas um pequeno exemplo desta tendência.

Para quem lida diariamente com o nosso Património e com o que se diz aos visitantes de museus e monumentos, nacionais ou estrangeiros, já nada consegue surpreender grandemente.

Uma das muitas coisas que me deixava incomodado era ouvir, diante do retrato de D. João V, que o uso de perucas era devido à falta de higiene e à proliferação de piolhos. Esta explicação que até nem é totalmente incorrecta, carece evidentemente dum enquadramento geral dos hábitos higiénicos das cortes europeias ao tempo, e isso ficava sempre por dizer.


Hoje quase não conseguimos imaginar viver sem o banho diário, mas como se percebe, não podemos fazer juízos sobre os hábitos higiénicos em Portugal, sem os enquadrar na época em que viveu o Rei Magnífico, nem segundo o critérios higiénicos de hoje. 

D. João V, o Magnífico

domingo, dezembro 09, 2018

CADA CAVADELA...

Seja a PETA, seja o PAN, ao tencionarem modificar algumas expressões frequentemente por nós utilizadas, apenas porque ao mencionarem animais perpetuam a violência sobre os animais (dizem), estão a ter uma atitude ridícula.

Quando propõem alterar expressões como " mais vale um pássaro na mão que dois a voar" por "mais vale um pássaro a voar do que dois na mão", estão apenas a desvirtuar o sentido da frase. 

Só utilizando alguma dose de humor é que se poderiam alterar este tipo de frases, e não se trata de evoluir, mas sim de actualizar a mensagem...


sexta-feira, dezembro 07, 2018

COLÓNIAS E COLONIZADORES


Podíamos começar pela origem da palavra colónia, que provém do latim, e cujo significado é exactamente o que ainda hoje se usa em política, território ocupado e administrado por um grupo de indivíduos mais poderosos, ou por representantes dum país a que esse território não pertencia.

Apesar de ser usada uma palavra de origem latina, as colónias já existiam na antiguidade e todos aprendemos na disciplina de História que os fenícios, os gregos, os romanos e os árabes (para mencionar alguns), tiveram colónias espalhadas nas costas do Mediterrânio, e até para além dele.

O colonialismo (estabelecimento de colónias) não surgiu apenas depois do século XV, por via das viagens marítimas portuguesas, como alguns pretendem insinuar, por ignorância ou por agenda política.

O estabelecimento de colónias na antiguidade criou novas rotas de comércio, trouxe desenvolvimento e novos saberes à Europa, alimentou o sentimento de identidade dos povos, que se uniam sob a influência dos colonizadores, e contra eles, acabando por levar ao surgimento do sentimento de nacionalidade e à criação de países, onde antes apenas existiam povos que nem se entendiam entre si. Foi deste caldo de culturas que nasceu Portugal, e não só.

O que se passou depois das viagens marítimas, iniciadas pelos portugueses, não foi na sua essência muito diferente, embora seja hoje transformado num julgamento histórico em que se usam critérios actuais, o que é completamente disparatado.

Na actualidade temos outras formas de colonialismo, mais refinadas e menos óbvias, mas que têm efeitos semelhantes, se não mais perniciosos. Há quem seja subjugado pela força militar, ou pela sua dependência, ou ainda pela fraqueza económica, mas poucos parecem preocupados com esta realidade.

A História não retrocede para podermos alterá-la, e ninguém nos pode garantir que seguindo outros rumos se alcançassem melhores resultados, por isso só nos resta viver e aprender com ela.   


Mediterrâneo no século VI a.C.; Colonização fenícia em amarelo, grega em vermelho, e outras em cinzento.

segunda-feira, dezembro 03, 2018

OS PROTESTOS INORGÂNICOS

A má qualidade de muitos políticos, tanto no poder como na oposição, tem conduzido as sociedades ocidentais a problemas difíceis, se não impossíveis, de controlar, que têm marcado a política um pouco por todo o lado.

Muitos enchem a boca com os perigos dos populismos que vão surgindo por aí, outros criticando os eleitores por fazerem más escolhas, ou escolhas menos informadas, e os diversos poderes (políticos e económicos) a assobiar para o lado clamando pela repressão, ou boicote dos protestos.

O poder económico não assume culpas pelos maus salários nem pela precariedade, nem o poder político aceita o seu falhanço na redistribuição da riqueza gerada, por inépcia ou poe conluio com o poder económico.

Sem poder recorrer aos políticos, nem aos sindicatos que perderam força e credibilidade, só restam os movimentos cívicos, que pela sua natureza são vulneráveis a infiltrações de extremistas que tornam todos os protestos em tremendas confusões e perturbações da ordem pública.


Os movimentos de protesto inorgânicos são perigosos pela sua vulnerabilidade, mas são o único recurso dos cidadãos que acham que as coisas têm de mudar por serem já insuportáveis.


sábado, dezembro 01, 2018

A FRANÇA E O ABISMO


O que se passa neste momento em França, com os protestos dos “coletes amarelos” é apenas mais um dos sinais dos grandes problemas sociais que as democracias enfrentam nos nossos dias.

As instituições democráticas, os partidos e os políticos, têm ignorado o que sentem os povos, as suas necessidades, e os seus anseios, e por isso têm aberto o caminho ao populismo, e também aos protestos inorgânicos (não enquadrados politicamente), que depressa se transformam em fenómenos incontroláveis.

Lá fora ou cá dentro, são cada vez mais as pessoas que não se sentem representadas pelos partidos políticos, ou pelos sindicatos, ou outras organizações da sociedade civil, e transformam-se assim em potenciais apoiantes de movimentos ou indivíduos que se apresentem como possíveis aglutinadores da vontade de mudança, e que condenam apenas o que existe, sem nunca apresentarem um projecto estruturado para o futuro.

Sociedades insatisfeitas são facilmente instrumentalizadas, e os maus políticos que são cada vez mais numerosos, parecem não perceber o barril de pólvora que se está a criar…