Foi-me enviada uma fotografia do
quarto onde D. Manuel II pernoitou imediatamente antes de se dirigir à Ericeira
para partir rumo ao exílio, e a pergunta que a acompanhava era: as paredes e
até o tecto dum palácio, como o de Mafra, estavam assim cobertas com tecidos,
normalmente, ou eram pintadas como as vemos agora?
Começo por esclarecer que o
Palácio de Mafra era uma das diversas residências de Verão, e ocasionalmente durante
os dias de caçadas recebia o rei e quem o acompanhava. Não sendo uma residência
permanente, era natural que quando o rei ali se propunha dirigir, as coisas nem
sempre estivessem em óptimas condições, e o recurso à cobertura das paredes com
panos ou tapetes era um expediente utilizado.
No século XVI, por exemplo, era
habitual verem-se tapeçarias a cobrir paredes, até porque ajudavam a tornar o
espaço mais agradável. Não devemos confundir a utilização de sedas cobrindo as
paredes, como se vê em alguns palácios (Queluz é um exemplo), porque nesse caso
trata-se de um adorno decorativo considerado de muito bom gosto.
Como adorno ou apenas como um
expediente de recurso, não era pouco habitual verem-se paredes e tectos
cobertos com tecidos ou tapeçarias, especialmente em residências reais
temporárias, mas não só.