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sábado, junho 05, 2021

PATRIMÓNIO NA PENÚRIA

Portugal parece que tem uma ministra da Cultura, pelo menos é o que dizem, e tem também uma Direcção Geral do Património Cultural (DGPC), e ambos ocupam boa parte do Palácio da Ajuda, mas os museus, monumentos e palácios que deles dependem estão na absoluta penúria.

Há poucos dias saiu uma notícia sobre salas fechadas no Museu de Arte Antiga (MNAA), e a razão aduzida foi a da falta de pessoal de vigilância. Não foram poucos os que disseram que podia ser por causa das férias, e até que faziam pouca falta podendo ser substituídos pela vigilância electrónica.

Quem conhece bem o funcionamento destes serviços sabe bem que os problemas são outros, e que a sua resolução é da responsabilidade da tutela. Problemas como a falta de meios humanos, meios materiais, e de condições de trabalho não podem ser resolvidos nos serviços.

A situação de penúria não se esgota em salas encerradas, pois também há problemas como a falta de ar condicionado, problemas com elevadores, instalações eléctricas deficientes e perigosas, problemas informáticos, avarias de casas de banho, falta de lâmpadas, e até falta de energia eléctrica.

A senhora ministra não tem peso político, e talvez vontade, para dar recursos para resolver os problemas, e a DGPC é um monstro inoperante (falavam do antigo IPPC), que consome muitos recursos e sendo centralizador, não tem também a agilidade para actuar atempadamente.

Há quem esteja iludido com o dinheiro da raspadinha do Património, mas é uma ilusão, porque sem mudanças radicais não se dará dignidade ao nosso Património.


 

domingo, maio 17, 2020

CULTURA E MITOS URBANOS


Existem muitos mitos urbanos que envolvem a História e o Património, mas é bem verdade que as pessoas gostam, e fixam melhor estes mitos do que a verdade histórica comprovada.


Durante as várias décadas de trabalho no Património aprendi um a coisa, que foi nunca me esforçar demasiado em desmistificar os mitos, embora sempre os tenha classificado como mitos ou lendas quando a eles me refiro.


No Mosteiro da Batalha ouve-se a lenda da abóbada da Sala do Capítulo e do mestre Afonso Domingues, e eu acho que é uma ume narrativa deliciosa, um pouco nacionalista, mas que trás um certo misticismo ao monumento. Quem desejar aprofundar mais o seu conhecimento, pois então que o faça, mas não desfaça o imaginário dos outros.


No Palácio da Vila de Sintra temos a Lenda das Pegas, talvez um pouco machista mas por isso mesmo interessante, ou as divagações sobre o Quarto Prisão de D. Afonso VI, seja pelas razões da sua desgraça, do desgaste do solo do seu cárcere, ou até dos sinais que trocaria com o conde de Castelo Melhor, que compõem uma narrativa melodramática. E o que dizer da hipotética leitura dos Lusíadas ao rei D. Sebastião pelo próprio Luís de Camões, no Pátio da Audiência, potenciado pelo filme de Leitão de Barros?


Também podemos ir para Mafra onde temos as ratazanas dos subterrâneos, e os exércitos de morcegos que tratam da conservação dos livros, que fazem a delícia de quem ouve estas narrativas.


Claro que as lendas e as narrativas fantasiosas apimentam o imaginário de muita gente, mas devem sempre ser antecedidas do aviso correspondente, porque nunca se sabe a quem as contamos…


terça-feira, janeiro 28, 2020

CULTURA E O POLITICAMENTE CORRECTO


Máscara Cabeça do Macaco Vermelho ( Museu de Etnologia)

A proposta do partido Livre de restituir aos países de origem o património existente em território nacional, não é nenhuma surpresa pois em França já tinha surgido algo semelhante.

Quando se fala em “descolonização da cultura” e numa “estratégia nacional para a descolonização do conhecimento” fico sem saber com exactidão o que se pretende, pois não vejo nunca referências a algum tipo de reciprocidade, ou sequer se fala na distinção entre obras obtidas licitamente ou de forma ilícita.

Os aspectos sobre os quais me surgem estas questões vão muito para além o que já foi perguntado, tanto sobre a falta de condições para conservar e expor esse património, mantendo-o visitável e acessível a todos.

Por vezes há quem queira dar um passo maior do que a perna, e mesmo que tenham boas intenções, talvez não tenham reflectido suficientemente sobre o que é mais importante: conservar o Património, expondo-o ao público do mundo globalizado em que vivemos em pleno século XXI.

Será que há quem se ache verdadeiramente proprietário do Património que se encontra exposto nos museus por todo o mundo, ou será que ele já é propriedade de todos?

terça-feira, outubro 15, 2019

CULTURA À ESPERA DE MUDANÇA


Segundo vimos nas notícias o Ministério da Cultura fica entregue à ministra que lá esteve nos últimos anos da última legislatura, que foi de muito má memória para a área do Património.


Nos últimos anos o investimento nos museus, palácios e monumentos tem sido quase nulo, e a falta de recursos humanos tem-se agravado, apesar de todas as promessas.


A vida nos museus, palácios e monumentos tem sido muito difícil, sendo frequentes as dificuldades em coisas tão simples como a substituição de lâmpadas, arranjo de fechaduras, substituição de vidros, reparação de infiltrações, ou arranjo de instalações sanitárias. Mudando para as dificuldades relativas a recursos humanos temos a carência de pessoal de vigilância, pois não se conseguem atrair funcionários para desempenhar a tarefa (mal paga e com horários especiais), onde vão resistindo apenas funcionários com idades avançadas, boa parte já sexagenários.


Será que podemos antever alguma melhoria para a nova legislatura? Não sei, mas não estou optimista.  



segunda-feira, abril 29, 2019