Com a possibilidade de Costa
conseguir apresentar uma alternativa a um governo de direita sem apoio
maioritário no Parlamento, são muitas as vozes que se levantam lançando
demónios sobre tal eventualidade.
Porque se levantam estas vozes?
Para começo de conversa, foi Cavaco Silva que disse que só empossaria um
governo com apoio maioritário, e que me lembre as vozes de direita não
contestaram a afirmação, antes a apoiaram.
A coligação PSD/CDS ganhou as
eleições, e deverá ser indigitada para formar governo, mas sabe-se já que
nenhum partido da oposição parece disposto a deixar passar tal governo, seja
com recurso a um voto de desconfiança, seja votando contra o Orçamento de
Estado que terá que passar pela Assembleia da República.
Cavaco Silva pode mesmo assim
forçar a criação dum governo da coligação, mantendo-o como governo de gestão
até o novo PR dissolver a AR e marcar novas eleições, mas o tempo de espera
para uma solução não serve a ninguém, só vai piorar a situação económica.
A possível nomeação dum governo
minoritário do PS, com apoio na AR do PCP e do BE, por Cavaco Silva, depois de
ser inviabilizado o da coligação, pode ser uma incógnita por ser a 1ª vez que
aconteceria, mas tem toda a legitimidade democrática, pelo que não existem
razões para a sua diabolização.