segunda-feira, setembro 29, 2008

ESCOLHAS


Soneto de Bocage

Liberdade, onde estás? Quem te demora?
Quem faz que o teu influxo em nós não caia?
Porque (triste de mim!) porque não raia
Já na esfera de Lísia a tua aurora?

Da santa redenção é vinda a hora
A esta parte do mundo, que desmaia.
Oh!, venha . . . Oh!, venha, e tremulo descaia
Despotismo feroz, que nos devora!

Eia! Acode ao mortal que, frio e mudo,
Oculta o pátrio amor, torce a vontade
E em fingir, por temor, empenha estudo.

Movam nossos grilhões tua piedade;
Nosso númen tu és, e glória, e tudo,
Mãe do génio e prazer, ó Liberdade!



««« - »»»
A Melhor Fotografia
yuri mart

««« - »»»
O Melhor Humor
O Sem Vergonha por Henrique Monteiro

sábado, setembro 27, 2008

QUEM VAI PAGAR AS FAVAS?

Chegados ao buraco causado pela economia de casino, que tem vigorado desde a época Reagan, ninguém parece saber muito bem como sair daqui, sendo certo que com injecções de capital brutais, ou sem elas, os mais desfavorecidos vão ficar ainda mais desprotegidos.

O desmantelamento do Estado Social, as teorias que proclamavam que menos Estado era melhor Estado, e que os aumentos de investimento e de produtividade só se podiam conseguir com mais impostos sobre o trabalho e menos sobre o capital, falharam completamente levaram-nos à situação em que estamos.

Não vi até agora os da escola de Chicago e defensores da política monetarista vir insurgir-se contra a intervenção dos Bancos Centrais injectando biliões de dólares e euros do dinheiro dos contribuintes para salvar algumas das maiores instituições financeiras do mundo, para evitar o descalabro financeiro. Também não os oiço a reclamar a cabeça dos “iluminados de Wall Street” que arrecadaram milhões em salários e prémios, e deixaram as instituições na banca rota.

Hoje podemos todos constatar que são precisamente os que ontem se proclamavam liberais e a favor de menos regulação, que agora vestem outra fatiota e vêm responsabilizar o Estado e exigem uma maior e mais apertada regulação. Também são estes mesmos “liberais” que dizem que as ajudas anunciadas são curtas e que são necessários muitos mais biliões para “curar” esta epidemia de buracos financeiros.

Os Zés de todo o mundo vão continuar a apertar cada vez mais o cinto, cada vez mais oprimidos com impostos, baixos salários e menos protecção social, enquanto os mesmos de sempre voltam às suas negociatas, à custa de todos nós, como convém.




««« - »»»
Fotografias de Flores
The last sunflower by Crossie

Full flower by royho

Drift Away by wpe2006

quinta-feira, setembro 25, 2008

CURTINHAS

A desculpa – José Sócrates passou pelo Parlamento e durante o debate quinzenal passou ao lado de quase todas as questões colocadas, o que nem me espantou nada. O facto mais notável deste debate terá sido, para mim, rejeitar a discussão do casamento homossexual, com a desculpa de que não está no programa do Governo. Fantástico, porque também lá não estava o pagamento nas Scut’s, o aumento dos impostos nem a criação de taxas de internamento, mas afinal aconteceram por iniciativa do Governo. Que raio, não há ninguém que traga o tal programa no bolso e o leia em todos os debates?

O Magalhães – O famigerado coelho tirado da cartola nos últimos dias, que fez com que o Governo em peso fosse às escolas, afinal vai ser vendido ao público por 285 euros. Segundo a propaganda do Governo cada “brinquedo” destes tem um custo de produção de 180 euros, o que implica um investimento de 80 milhões de euros. O que eu gostava de ver explicado é como se chega ao preço final, ao público, com um acréscimo de 60%? Cheira-me a esturro!



««« - »»»
Arte Digital
Cyber-Neo by vulcania

Autumn bouquet by manapi

««« - »»»
Caricaturas de Famosos
The Gallery of caricature Wouter Tulp from Nederland

The Gallery of caricature Wouter Tulp from Nederland

terça-feira, setembro 23, 2008

A DEFESA DO CAPITALISMO

Com a crise dos mercados financeiros que estoirou nos últimos meses, e ameaça continuar a fazer estragos durante mais algum tempo, começaram a aparecer os que anunciaram a morte e enterro do capitalismo e como é evidente, os que vieram proclamar a boa saúde do sistema que teria a virtualidade de excluir as más sementes, e regenerar-se a si próprio com todo o esplendor.

O povo costuma dizer que não há maior cego do que o que não quer ver, e nesta matéria nem uns nem outros têm razão. O sistema foi funcionando nos últimos anos, com os inconvenientes sociais causados pela má divisão da riqueza, até que a ganância dos homens introduziu produtos altamente especulativos, sobre os quais não havia qualquer tipo de controle ou regulação, que levaram a uma espiral de especulação que acabou por estoirar nas mãos das grandes instituições.

Será que eu via virtualidades no capitalismo actual? Sinceramente não, pelo menos neste capitalismo ultraliberal que tem caracterizado a última década, com Estados cada vez com menor poder de intervenção e com especialistas na matéria que afirmavam a pés juntos que o mercado se regulava a si próprio.

O resultado viu-se nos últimos dias. Os mercados afundaram-se, grandes sociedades financeiras entraram em falência e começou a temer-se que as pensões garantidas por fundos privados das grandes empresas fossem por água abaixo, causando um verdadeiro descalabro social. É aqui que os defensores da economia completamente liberalizada atiram para trás das costas as suas convicções e anseiam pela intervenção dos bancos centrais, que tiveram que injectar biliões de dólares e euros do dinheiro de todos os contribuintes, para evitar o desastre causado pela gestão irresponsável e criminosa dos gestores dos gigantes do mundo da finança.

O capitalismo não morreu, ainda, mas sem a utilização do dinheiro dos contribuintes, o seu óbito seria inevitável tal a perturbação social que resultaria do colapso de muitos dos gigantes da finança mundial.



««« - »»»
Fotos de Autor
Roses

Alinhar ao centroRivers Mist

««« - »»»
Humor

domingo, setembro 21, 2008

ESQUERDA NEOLIBERAL?

Quando já ninguém encontra diferenças entre PS e PSD, quando estão no poder e quando se encontram na oposição, é interessante, para não dizer risível, ouvir o secretário-geral do PS clamar que «esquerda do passado nada tem a oferecer ao país».

Não sei se José Sócrates pretendeu afirmar que o seu PS é um partido de esquerda moderna, porque então a tal modernidade matou o socialismo que reclama. As suas políticas laborais, para citar apenas um exemplo, são a maior conquista do patronato desde o 25 de Abril, indo mais além das ideias de Bagão Félix, este assumidamente de direita.

Numa altura em que os ricos estão cada vez mais ricos, em que a Justiça dá sinais de completo desnorte, a insegurança é uma triste realidade, e a grande maioria dos portugueses já não consegue apertar mais o cinto, havendo mesmo muitos a quem nem o salário consegue proporcionar uma vida minimamente condigna, o secretário-geral do PS vem falar-nos de socialismo?

O discurso político desceu muito de nível, mas afinal apenas nos transmite com bastante clareza o baixo nível dos políticos que temos.



««« - »»»
Fotografias
SEVB

mvp23

««« - »»»
Humor da Rússia

quinta-feira, setembro 18, 2008

COMBUSTÍVEIS – FRASES SOLTAS

"Estou preparado para tomar toda e qualquer medida em defesa dos consumidores"

Manuel Pinho (ME)

«O analista considera difícil que o ministro "tenha uma medida prática que possa tomar", à excepção da baixa do ISP (Imposto sobre os Produtos Petrolíferos) e da fixação dos preços administrativamente.

Contudo, a descida dos impostos não é desejável para os cofres do Estado e fixar os preços administrativamente é "recuar quatro anos" na liberalização do mercado, defendeu.»

Pedro Morais (ESR)

Uma intervenção no mercado liberalizado é também recusada pelo secretário-geral da Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (APETRO), José Horta, que afirma que o primeiro-ministro garantiu "há dois anos que não interviria no preço dos combustíveis".

Lusa

O analista financeiro da IMF - Informação de Mercados Financeiros, Ricardo Marques, afirmou à Lusa não se pronunciar sobre "medidas políticas", mas considera que as petrolíferas usam fórmulas de cálculo diferentes na subida e na descida dos preços dos produtos.

"Há claramente uma política comercial que não me parece que seja igual nas subidas e nas descidas, baseada na cotação dos produtos refinados em euros", afirmou.

Lusa




««« - »»»
Pinturas
A quite moment.... by *AlanCross

Spring Bueaty by *AlanCross

««« - »»»
Caricaturas
Forest Whitaker por Sebastián Cast

J. Hendrix por Sebastián Cast

terça-feira, setembro 16, 2008

OS DESEJOS DO MINISTRO

Ouvir da boca do ministro da Economia, «É desejável que os combustíveis que usamos nos nossos carros baixem o mais rapidamente possível… É só isso que quero dizer.», só é imaginável com Manuel Pinho.

É suposto um ministro da Economia “saber” quando deve subir ou descer o preço dos combustíveis refinados, tanto mais que o Estado é accionista da Galp, o principal fornecedor de produtos refinados em Portugal. É suposto haver uma Autoridade para a concorrência que fiscaliza posições dominantes do mercado. É ainda suposto saber-se “ver” com que rapidez se actua sobre os preços quando as matérias primas aumentam, e verificar se existe correspondência quando o movimento é contrário, sobretudo quando se diz que existe total transparência e informação atempada. Também é suposto saber-se que a quase 40% de quebra do valor do crude, também devem corresponder uns tantos por cento de quebra no preço dos produtos refinados.

Não percebo nada de mercados, é certo, mas todos sabemos que o Estado ganhou com a subida de preços do crude, apesar da baixa notória do consumo, e também sabemos que os grandes investimentos da Galp, não acontecem numa altura de quebra de receitas e de lucros, ainda que particulares e empresas estejam a pagar combustíveis muito caros mesmo em relação a muitos dos nossos parceiros comunitários.

Pouco me rala que Manuel Pinho “deseje a descida rápida dos combustíveis”, o que nós queremos é que se deixem de floreados e de rodriguinhos, e se acabe com simulações de concorrência e de transparência, quando o que nós vemos é um mercado que não funciona, onde os aumentos são muito céleres e as descidas se verificam a passo de caracol perante a complacência do Estado que não regula, e ainda lucra com esta situação.

««« - »»»
Fotografias com Energia


««« - »»»
Humor

domingo, setembro 14, 2008

FANTASIA E ESTATÍSTICA

Começa a ser penosa a tarefa dos políticos ao tentarem mascarar a realidade, e nada mais eficaz para os seus intentos do que os índices e as estatísticas, sempre seguindo fórmulas e indicadores ditados pelo poder, para confundir os cidadãos.

Pode-se constatar, por exemplo o aumento absurdo das massa alimentares, algumas estavam a 79 cêntimos há alguns meses e agora, as mesmas massas estão com preços superiores a 1 euro. Claro que podia estar aqui a desfiar um rol de produtos onde os aumentos são enormes, mas mesmo citando apenas a estatística nacional, temos a água, electricidade e gás a subirem 3,6%, e os produtos alimentares acima dos 5%.

O espanto geral é ouvir o ministro das Finanças referir-se à queda de 0,5% dos preços entre Julho e Agosto passado, e acrescentar «penso que esse é um sinal da capacidade da economia portuguesa em resistir a estes choques». Não sei como é que Teixeira dos Santos nos quer convencer de que a economia tem “capacidade” para resistir, a menos que não esteja a falar dos portugueses em geral. Então como é que aumentando tudo o que é essencial e come a fatia de leão dos salários, como a alimentação, a água, a electricidade, o gás, as rendas ou a prestação das casas, os combustíveis, os transportes públicos, as despesas com o ensino e a saúde, temos ainda “capacidade para resistir” a demagogia deste tipo?

Bem pode o senhor ministro repetir até à exaustão o seu discurso sobre a baixa inflação, mesmo sem dizer que também temos dos salários mais baixos, que ainda assim são cada vez mais os que vêem o salário acabar-se antes do final do mês. Essa realidade não deixa de ser sentida, só porque Teixeira dos Santos repete o mesmo discurso sempre que lhe dão a palavra.



Junião

««« - »»»
Fotografias



««« - »»»
Humor de Domingo
William Medeiros

Gilmar

sexta-feira, setembro 12, 2008

MOMENTOS DE PAZ

A paz do coração é o paraíso dos homens
Platão
««« - »»»

Antes de voltar à rotina de trabalho, que irá acontecer já para a semana que vem, nada como dar uma arrumação nas fotografias que andam por aqui pelo computador, ainda sem estarem catalogadas com datas e locais. É uma tarefa agradável, que envolve a família, e nos faz recordar alguns momentos e passeios que partilhámos.

As escolhas foram variadas e da minha responsabilidade, e são colocadas sem legenda nem referências tal e qual estavam antes de irem para os respectivos álbuns.

««« - »»»
Fotos do Meu Baú



««« - »»»
Humor Russo

quarta-feira, setembro 10, 2008

AS NOSSAS TEMPESTADES

Enquanto no Golfo se sucedem os furacões e as tempestades tropicais, que semeiam destruição e morte à sua passagem, por cá até os furacões mostram os seus brandos costumes, e não passam de brisas que espalham papelada a rodos e incredulidade em quantos esperavam por algum vento, que varresse algum lixo que anda por aí.

A imagem da Justiça foi mais uma vez abalada pelo resultado da “Operação Furacão” e pelo “Mega-julgamento do álcool”, que se revelaram absolutos fiascos, podendo dizer-se com propriedade que as montanhas (de papéis e acusações) pariram afinal, ratos.

Não sei o que é que correu mal nestes processos, nem de quem será a culpa do desperdício de tantos recursos, tempo e dinheiro com estes casos, mas fiquei com um sabor amargo na boca, ao ler numa das decisões que «o julgamento foi muito longo, a Justiça deve ser rápida e as penas efectivas perdem eficácia quando passa tanto tempo entre a prática do crime e a decisão final».

Se alguém entendeu o que se passou, por favor explique-me, porque eu fiquei decepcionado e com a sensação clara de que não foi feita Justiça.



««« - »»»
Fotografia - Flores e Insectos


««« - »»»
Caricaturas do Brasil
Caetano Veloso por Baptistão
Roberto Carlos por Carlinhos Müller
Homenagem a Tom Jobim por Baptistão

segunda-feira, setembro 08, 2008

ECONOMIA, A PORCA


À chegada, e como não podia deixar de ser, fui consultar as notícias que tinha armazenadas na máquina central, coisa que não fiz nas férias por razões de higiene mental.

Os meus olhos caíram sobre dois títulos bem diferentes, «Finantial Times chama porco a Portugal» e «Comissão denuncia descarga poluente impressionante na Ribeira dos Milagres». O único traço comum entre elas será o “factor suíno”, embora em matérias bem distintas.

Num primeiro olhar apeteceu-me desancar nos britânicos do Finantial Times, aconselhando-os a olhar para o seu recanto insular em vez de virem enxovalhar um país inteiro com frases como “pigs in muck”, o que é um verdadeiro insulto. Depois de uma nova leitura ao texto original do jornal britânico, mudei de opinião, e constatei que o acrónimo PIGS é dirigido a quem nos governou, e mal, nos últimos anos desperdiçando as ajudas decorrentes da adesão à Zona Euro, sem conseguir tirar a nossa economia do atraso em que se encontrava.

Os nossos governantes, gestores e economistas levaram um murro no estômago, dado por um jornal que veneram e citam com muita frequência, e os outros portugueses nem prestaram atenção ao artigo, porque não se sentiram atingidos por este insulto, sentindo-se antes vítimas de tanta incompetência e incapacidade das elites que gerem a economia deste país.

A incapacidade e incompetência são as razões de mais este atentado ambiental que se verificou mais uma vez na Ribeira dos Milagres, onde a fiscalização ambiental e policial não se mostra capaz de resolver estes crimes, que mais uma vez saem impunes, apesar da regularidade e persistência com que acontecem.

Que raio, chego de férias e pego logo em notícias que fedem!...

««« - »»»
Desenhos Coloridos
Life-Taking-Image by *Life-takers-crayons

Gonna Wash That Man...... by *Life-takers-crayons

««« - »»»
Humor Ambiental
Pawel Kuczynski
Casso

sexta-feira, setembro 05, 2008

QUASE DE VOLTA


Com o regresso marcado para dia 8, resolvi fazer umas quantas visitas aos amigos, ainda que não a todos, e deixo aqui mais duas fotografias de um dos poucos locais onde fui em passeio, e que me agradou muito.

Aproveito para me despedir até à próxima semana, altura em que prometo continuar com as minhas visitas.

José Lopes (O Guardião)

Senhora da Ribeira

Senhora da Ribeira

««« - »»»
Humor Russo