Ouvi há dias um comentador económico afirmar a propósito da baixa de preços do petróleo, “que para desespero dos que são contra o liberalismo económico, o mercado funcionou no caso do crude”. É uma conclusão discutível, porque todos sabem que um produtor só tem mercado assegurado se houver dinheiro para o comprar, e portanto «só pode esticar a corda» até níveis que não inibam o consumo do dito produto. Não vou debruçar-me sequer sobre a especulação em torno do mercado, que existe e não pode ser negada, para vos dizer que os mercados devem ser livres, mas com regras.
A inflação que tem subido muito acima do esperado, a nível europeu, deriva das distorções e desequilíbrios dos mercados, de bens alimentares e energéticos bem como da depreciação do dólar. Estes factores não explicam tudo bem entendido, porque ainda há a acrescentar a abertura dos mercados à concorrência desleal, que originou imensas deslocalizações e consequentemente aumento do desemprego nos países mais desenvolvidos. Falo em concorrência desleal, porque é impossível concorrer em pé de igualdade com países onde a mão-de-obra é explorada e não tem praticamente direitos.
A falta de regras no mercado apenas beneficia o capital, e é na defesa dos interesses desse mesmo capital que o mercado do trabalho tem vindo a sofrer sucessivos golpes, sendo clara a intenção de nivelar por baixo salários e direitos, dizem-nos que a favor de uma maior competitividade.
Será que é este o caminho que queremos, e que beneficia a maioria dos cidadãos? Não creio que seja este o caminho, nem creio que isto contribua para a melhoria das condições de vida, embora vá encher ainda mais os bolsos dos mais abonados.