Este mundo anda louco de todo, e
parece que quanto mais se fala de globalização, de integração e de tolerância,
mais “iluminados” aparecem a proferir os tais discursos que alguns chamam de “politicamente
correctos”, mas que não passam de perigosos disparates que acicatam mais o
racismo e a intolerância.
Por cá tivemos o caso Jamaica que
foi explorado como acção racista por parte da polícia, mesmo havendo dúvidas de
como teria começado o incidente. A polícia tem actuado com força
desproporcionada em muitas ocasiões em que intervém, mas aqui foi tudo atirado
para razões de intolerância de raça.
Agora fala-se no caso da ministra
da Cultura da Suécia que foi acusada de apropriação cultural por usar rastas. A
direita sueca ficou-se pela crítica de que naquele cargo não deveria ter usado
rastas, pois representa a Suécia (?). Já um artista negro afirmou que uma
mulher branca, principalmente numa posição de poder, “não deve usar um penteado
afro-americano”, especialmente quando jovens negros, nos Estados Unidos,
continuam a ser expulsos das escolas por usarem rastas.
Para mim as rastas são uma
questão de gosto, como as tatuagens e os piercings, e eu estou à vontade, pois
não gosto nem duns nem doutros. Se uma ministra deve usar ou não as rastas,
creio que não é da conta de ninguém, pois também temos uma ministra da Cultura que
usa um penteado desinteressante, e isso não interfere na sua acção política.
O que é mais estranho é o
desconhecimento da origem das rastas, que é muito antiga e atravessa vários
continentes, não sendo apropriação cultural coisa nenhuma, e esse argumento num
mundo globalizado é um perfeito disparate e revela alguma intolerância, o que
não devia ser a primeira intenção do tal artista.
Apetece perguntar a quem devia
ser permitido, ou interdito, o uso de rastas?