domingo, fevereiro 10, 2019

AS RASTAS E A APROPRIAÇÃO CULTURAL


Este mundo anda louco de todo, e parece que quanto mais se fala de globalização, de integração e de tolerância, mais “iluminados” aparecem a proferir os tais discursos que alguns chamam de “politicamente correctos”, mas que não passam de perigosos disparates que acicatam mais o racismo e a intolerância.

Por cá tivemos o caso Jamaica que foi explorado como acção racista por parte da polícia, mesmo havendo dúvidas de como teria começado o incidente. A polícia tem actuado com força desproporcionada em muitas ocasiões em que intervém, mas aqui foi tudo atirado para razões de intolerância de raça.

Agora fala-se no caso da ministra da Cultura da Suécia que foi acusada de apropriação cultural por usar rastas. A direita sueca ficou-se pela crítica de que naquele cargo não deveria ter usado rastas, pois representa a Suécia (?). Já um artista negro afirmou que uma mulher branca, principalmente numa posição de poder, “não deve usar um penteado afro-americano”, especialmente quando jovens negros, nos Estados Unidos, continuam a ser expulsos das escolas por usarem rastas.

Para mim as rastas são uma questão de gosto, como as tatuagens e os piercings, e eu estou à vontade, pois não gosto nem duns nem doutros. Se uma ministra deve usar ou não as rastas, creio que não é da conta de ninguém, pois também temos uma ministra da Cultura que usa um penteado desinteressante, e isso não interfere na sua acção política.

O que é mais estranho é o desconhecimento da origem das rastas, que é muito antiga e atravessa vários continentes, não sendo apropriação cultural coisa nenhuma, e esse argumento num mundo globalizado é um perfeito disparate e revela alguma intolerância, o que não devia ser a primeira intenção do tal artista.

Apetece perguntar a quem devia ser permitido, ou interdito, o uso de rastas?  

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