domingo, junho 29, 2014

O MERCADO DE TRABALHO

Um dos títulos de imprensa que surgiu neste fim-de-semana foi este: há quase 17 mil empregos vagos, a maioria de baixa qualidade.

Não é surpresa nenhuma para quem está atento a estas coisas, que bem podia acrescentar que mesmo para esses empregos, cujos salários se situam entre os 485 e os 600 euros, se pedem muitas vezes habilitações superiores e conhecimentos de línguas ou de informática, e experiência profissional.

O que é curioso é que no final da mesma notícia, se revela que a troika (e o governo), se ficaram pela solução de que se deve “proteger o emprego, não o posto de trabalho”, continuando com a acusação de que os trabalhadores mais antigos são quase inamovíveis, com o prejuízo dos mais jovens e precários.

Governo, troika e patronato pretendem ter mão-de-obra barata à disposição, não só para o mercado nacional mas sobretudo para exportação, porque a maioria dos países europeus atravessa também uma crise de natalidade e de falta de profissionais qualificados.


A pergunta que fica é esta: o que será de Portugal se estas políticas continuarem por mais tempo?

««« - »»»
Humor ao Domingo
1

sexta-feira, junho 27, 2014

ETERNIZAR O TEMPORÁRIO



A maioria instalada no poder continua a sua saga de “espremer” quem aufere rendimentos do trabalho, sejam eles salários ou pensões.

Aquilo que foi instituído como Contribuição Extraordinária de Solidariedade muda de nome para Contribuição de Sustentabilidade, e continua a atingir os mesmos em montantes talvez mais baixos, mas atinge também os que auferem menos do que 1.000 euros pois há uma subida da TSU a cargo do trabalhador, e também uma subida da taxa máxima de IVA que incide sobre todos os consumidores.

O que era uma medida excepcional, temporária e irrepetível mantem-se com novas roupagens e virá acompanhada de outras taxas suplementares que “apimentam” mais a “extorsão” a quem vive do seu trabalho ou da sua pensão.


segunda-feira, junho 23, 2014

A CARIDADEZINHA

Se há coisa que me aborrece é ouvir de governantes que têm preocupações sociais, quando anunciam umas tarifas sociais, ou quando fornecem refeições grátis em escolas. Não é que não haja miséria em Portugal, mas exactamente porque a há, e é isso que devia preocupar mais quem está no poder.

Quando a miséria aumenta é porque a acção governativa está a falhar, e não se resolvem problemas com a caridadezinha, mas sim com a criação de emprego e com salários que permitam uma vida digna a quem trabalha.


Uma das frases de que me lembro muitas vezes é esta: “ a beneficência é sobretudo um vício do orgulho e não uma virtude da alma”.


sábado, junho 21, 2014

AS "EXTERNALIDADES NEGATIVAS" DE MOEDAS



Em economia pode definir-se "externalidades" como efeitos laterais de uma decisão sobre aqueles que não participaram dela. É tido como verdadeiro que existe uma externalidade quando há consequências para terceiros que não são tomadas em conta por quem toma a decisão.

Por estas definições genéricas pode inferir-se que os portugueses na generalidade foram vítimas de externalidades quando a troika e o governo tomaram medidas que não tiveram em conta as consequências de causar desemprego, perda de direitos, diminuição de rendimentos e aumento da pobreza à generalidade dos portugueses.

Ao Estado cabia criar ou estimular a instalação de actividades que constituíssem externalidades positivas, como a educação e a investigação, impedindo a geração de externalidades negativas, criando sanções legais para quem causou a crise, baixando os impostos e concedendo subsídios a quem deles necessitasse.

É evidente que tem sempre algum efeito debitar uns quantos conceitos em economês, e até lá faltou o Teorema de Coase para definir bem o pensamento de Carlos Moedas, mas a realidade é cruel, e demonstra que o caminho seguido foi errado, e o resultado é bem mais negro, especialmente para quem não assiste ou participa nestes eventos com discursos vazios.

quinta-feira, junho 19, 2014

PORTUGAL E ESTA EUROPA POUCO SOLIDÁRIA

Portugal atravessa um mau momento, com uma austeridade galopante, um desemprego colossal e sem que surja qualquer luz ao fundo do túnel, pelo contrário. A Europa solidária que nos "venderam" tem demonstrado muito pouca solidariedade...

Esta Europa, que não é dos cidadãos, recebeu um cartão vermelho em quase todos os países, onde os partidos no poder viram penalizados os seus resultados. Outro factor relevante foi a enorme abstenção registada.

Um dos resultados do descontentamento e da indiferença dos eleitores foi o resultado de grupos extremistas que acabaram por conseguir lugares no Parlamento Europeu.

terça-feira, junho 17, 2014

ESTE PAÍS JÁ SÓ É PARA VELHOS

Para quem diz que o país está melhor e que a troika se foi embora, permitindo que tomemos o nosso destino nas nossas mãos, aqui fica mais um número que devia fazer pensar: o “país perdeu 60 mil pessoas em 2013”.

Segundo as estatísticas oficiais Portugal perde população desde pelo menos 2010, facto que devia preocupar as autoridades, tanto mais que se sabe que foram quase 130 mil os que escolheram emigrar em 2013, o que conjugado com os outros números nos diz claramente que o país envelhece a passos largos, o que será insustentável a muito curto prazo.


Quando os políticos com responsabilidades governativas não se mostram altamente preocupados com a situação, então devem ser os cidadãos a ficar preocupados com a indiferença governamental, e a ineficácia de quem devia fazer alguma coisa para estancar esta hemorragia populacional.


domingo, junho 15, 2014

CONCORRÊNCIA AO MUNDIAL

Apesar dos grandes problemas do país e dos grandes problemas do futebol mundial, a verdade é que os televisores continuam sintonizados nos jogos do mundial, pelo que se percebe que haja quem considere que tem concorrência desleal por parte das televisões...


quarta-feira, junho 11, 2014

A ESPERANÇA

Sei que o tema nada tem que ver com o discurso de Cavaco Silva neste 10 de Junho, nem com um (im)possível acordo entre o governo e a oposição, para o futuro mais próximo. Sei também que os próximos tempos, por causa deste governo e das suas ideias, não vão ser fáceis para os cidadãos que vivem do seu trabalho, para os reformados e para os desempregados.

A situação actual está “tão boa” que já são cerca de 10% os consumidores de electricidade que deixam passar os prazos de pagamento dos seus consumos, e certamente que não o fazem apenas porque lhes dá na real gana.


A esperança dos portugueses, pelo menos a curto prazo, talvez seja acertar no Euromilhões na próxima sexta-feira, já que 135 milhões podem satisfazer as necessidades de muita gente, havendo claro outras soluções a médio prazo, como sejam a mudança de governo, ou a nomeação para um cargo de confiança política, quem sabe…  


segunda-feira, junho 09, 2014

ESCOLHEMOS ESBANJADORES...

Afinal nós não sabemos escolher aqueles que melhor sabem gerir o dinheiro, pois damos (eu não) os votos aos mais gastadores, para não dizer esbanjadores...
Como cartão de visita os partidos que têm alternado no poder não podiam mostrar piores resultados.

sábado, junho 07, 2014

COINCIDÊNCIA IRÓNICA

No preciso dia em que a maioria chumba o aumento do salário mínimo e a reposição das 35 horas semanais de trabalho, sai a notícia de que a cidade de Gotemburgo (Suécia), vai experimentar 6 horas de trabalho diário.

Por cá algum patronato e, pelo menos os partidos da maioria, dizem que por causa da baixa produtividade dos trabalhadores portugueses, há que aumentar a jornada diária de trabalho, já os governantes suecos defendem que menos horas de trabalho aumentam a produtividade.


Há quem finja não perceber as causas da baixa produtividade nacional, preferindo castigar quem trabalha, explorando-os até mais não poder, e há quem procure melhorar a produtividade proporcionando a satisfação de quem trabalha. É tudo uma questão de humanidade e de visão.

terça-feira, junho 03, 2014

ACLARAÇÃO



Coelho e Portas não conseguiram “engolir” o chumbo do Tribunal Constitucional às suas intenções, apesar de se tratar dum chumbo anunciado por gente dos mais diversos quadrantes políticos.

A reacção com os pedidos de aclaração, demonstram não só o mau perder que tem sido habitual nos chumbos anteriores, mas também a vontade de tentar driblar a Constituição e as decisões do TC.

As aclarações são desnecessárias quanto aos subsídios de férias, e a obscuridade referida é um insulto ao tribunal e à inteligência, mas é o que se pode esperar dum executivo que não convive bem com a Constituição.

Aclarado está já o facto que o pedido não suspende os efeitos da decisão do TC, por muito que isso fosse desejado por Coelho e Portas.

domingo, junho 01, 2014

INDIFERENÇA

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas eu não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Nas como tenho o meu emprego
Também não me importei

Agora estão a levar-me a mim
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.


Bertolt Brecht