A decisão de avançar de imediato para eleições antecipadas, depois do chumbo da proposta de Orçamento de Estado, teve consequências de diversas naturezas e em diversos quadrantes.
Não consigo descortinar o que estaria na cabeça de Marcelo Rebelo de Sousa, mas não creio que tenha previsto o que resultou do seu acto, comprovadamente precipitado.
Quando muito vieram anunciar que a esquerda iria sofrer por causa do chumbo do OE, o que ficou imediatamente à vista foi a balbúrdia que se instalou na direita, onde a luta fratricida já começou a ter os seus efeitos, tanto no PSD como no CDS.
Sem querer, disso estou certo, Marcelo beneficiou o PS, que entrou imediatamente em campanha, dizendo que “vai dar” isto e aquilo, e que daria ainda muito mais se o OE tivesse sido viabilizado, e isso pode convencer boa porção do eleitorado menos informado.
As eleições vão ser férteis em ataques entre candidatos e em promessas a torto e a direito, mas o panorama eleitoral não se deve alterar muito, e nenhum partido deve conseguir a maioria absoluta o que conduzirá à necessidade de acordos ou alianças após as eleições.
Tendo como base o OE que foi chumbado, a direita não terá muito mais a oferecer a trabalhadores e pensionistas, nem a nível social, da saúde ou da educação. O PS sozinho não oferecerá mais do que estava nesse documento, e se necessitar do apoio da esquerda terá que ir um pouco além do que foi, pelo que Marcelo forçou eleições e a situação tem uma grande probabilidade de ser a mesma.