segunda-feira, outubro 04, 2021

CULTURA POR MAUS CAMINHOS

A falta de pessoal de vigilância, lojas e bilheteiras é um problema que tem décadas e se tem, inevitavelmente agravado com o passar dos anos, e que atravessou governos independentemente da sua cor, vem demonstrar o desprezo absoluto dos nossos governantes pela Cultura e pelos funcionários que desempenham estas funções.

Ciclicamente lá vem uma notícia sobre o encerramento de salas por causa da falta de pessoal, mas logo surgem os iluminados a dizer que é um problema de má gestão de escalas e de férias, ou a desvalorizar o problema. A segurança do Património quase nunca é realçada até ao dia em que haja um problema grave.

Este Verão a DGPC decidiu recorrer a empresas de trabalho temporário, empresas estas que recorrem aos infames recibos verdes, para suprir as necessidades permanentes dos museus, monumentos ou palácios. Não sei porquê, mas de abertura de concursos de admissão de pessoal para estas tarefas nem se ouve falar.

Contratou-se uma empresa, a Luxury Dynasty Unipessoal LDA, fundada em 2020 com um capital social de 100€, o fornecimento de 50 trabalhadores, para a função de assistentes de sala/vigia, uma terminologia interessante. Por acaso esta empresa não paga aos seus funcionários (em Mafra) há dois meses.

Para os menos conhecedores os funcionários que actualmente desempenham estas funções têm a categoria de Assistentes Técnicos, que corresponde a uma carreira geral da Função Pública com uma particularidade, obrigação de trabalho aos sábados, domingos e feriados, sendo que o trabalho aos sábados e domingos não é remunerado como trabalho extraordinário como acontece com os restantes Assistentes Técnicos de toda a Função Pública.

Contratar funcionários com as devidas habilitações para estas funções, com salários miseráveis e horários que não agradam a ninguém, e sem perspectivas de carreira, é difícil e a tutela envereda pela facilidade, pouco se importando com a alta rotatividade destas soluções nem com a segurança do Património que está à sua guarda.


 

1 comentário:

  1. A cultura continua a ser o parente pobre seja qual for a cor do partido que ocupe o poleiro.
    Abraço, saúde e boa semana

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