sábado, outubro 30, 2021

CONSEQUÊNCIAS DA PRECIPITAÇÃO

A decisão de avançar de imediato para eleições antecipadas, depois do chumbo da proposta de Orçamento de Estado, teve consequências de diversas naturezas e em diversos quadrantes.

Não consigo descortinar o que estaria na cabeça de Marcelo Rebelo de Sousa, mas não creio que tenha previsto o que resultou do seu acto, comprovadamente precipitado.

Quando muito vieram anunciar que a esquerda iria sofrer por causa do chumbo do OE, o que ficou imediatamente à vista foi a balbúrdia que se instalou na direita, onde a luta fratricida já começou a ter os seus efeitos, tanto no PSD como no CDS.

Sem querer, disso estou certo, Marcelo beneficiou o PS, que entrou imediatamente em campanha, dizendo que “vai dar” isto e aquilo, e que daria ainda muito mais se o OE tivesse sido viabilizado, e isso pode convencer boa porção do eleitorado menos informado.

As eleições vão ser férteis em ataques entre candidatos e em promessas a torto e a direito, mas o panorama eleitoral não se deve alterar muito, e nenhum partido deve conseguir a maioria absoluta o que conduzirá à necessidade de acordos ou alianças após as eleições.

Tendo como base o OE que foi chumbado, a direita não terá muito mais a oferecer a trabalhadores e pensionistas, nem a nível social, da saúde ou da educação. O PS sozinho não oferecerá mais do que estava nesse documento, e se necessitar do apoio da esquerda terá que ir um pouco além do que foi, pelo que Marcelo forçou eleições e a situação tem uma grande probabilidade de ser a mesma. 

 


 

1 comentário:

  1. Sem dúvida. Quanto à motivação, teríamos de procurar um pouco mais fundo no foro da personalidade, não lhe parece?
    Não se terá tratado de mais uma tentação irresistível do segundo mandato, a exemplo do que, provavelmente, sucedeu com os apoios extraordinários aos sócios-gerentes das pequenas empresas, tema que abordei em https://mosaicosemportugues.blogspot.com/2021/05/o-derradeiro-mandato.html ?
    Dá que pensar...

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