sábado, dezembro 30, 2017
sexta-feira, dezembro 29, 2017
MERCADO LIVRE OU REGULADO?
O episódio triste dos aumentos
previstos na EDP Comercial, que se seguiram ao anúncio governamental da baixa
de preços da energia no mercado regulado, volta a trazer à baila o assunto da
regulação, que para muitos é necessária, mas para alguns é desnecessária e
indesejada.
Recordemos os argumentos
apresentados pela EDP, que foram o preço do carvão, dos outros combustíveis, e
a baixa pluviosidade que fez baixar a produção hidroeléctrica.
Esta empresa sofre de amnésia,
muito conveniente, diga-se, e não refere que nos outros anos em que choveu bastante,
em que os combustíveis fósseis atingiram valores mínimos no mercado
internacional, e que não se traduziram em reduções de preços ao consumidor, o
que seria normal para uma empresa séria.
Infelizmente não são apenas
problemas como este que nos fazem recuar no tempo, e lembrar que muitos
políticos e economistas há alguns anos falavam da virtualidade das
privatizações, que infelizmente aconteceram. Todas as empresas públicas que
davam lucro, (EDP, ANA, GALP, PT, CTT, etc.) foram vendidas a pataco, e agora
continuam a dar lucro mas quase que só a interesses estrangeiros.
Aqueles políticos e economistas
que participaram nas privatizações onde estão? Será que alguns não passaram uns
tempos depois para os quadros das novas empresas, como gestores, altos quadros
ou mesmo administradores das mesmas?
Quem é que me demonstra que os
portugueses e o país ganharam com as tais privatizações? E quem é que ainda
pretende convencer-me de que o mercado liberalizado é bom e justo, e que se
regula a si próprio por causa da concorrência?
quarta-feira, dezembro 27, 2017
MUSEUS, GESTÃO E AUTONOMIA
O ministro da Cultura, Luís
Filipe Castro Mendes, afirmou há pouco tempo que pretende criar condições para
uma maior autonomia dos museus, palácios e monumentos, possivelmente com a
criação dum instituto público, o que a acontecer já não será nesta legislatura.
O senhor ministro não tem peso
político, nem o atrevimento necessário para enfrentar a ditadura do Ministério
das Finanças, convencendo o 1ª ministro da necessidade de dar alguma autonomia
aos serviços, usando parte das receitas obtidas, responsabilizando, e motivando
assim as direcções para uma gestão mais eficiente e a prazo.
O sistema actual em que a simples
compra de lâmpadas ou o arranjo de instalações eléctricas ou canalizações,
estão sempre dependentes de autorização prévia da DGPC, ainda que sejam coisas
elementares e muitas vezes da máxima urgência.
A falta de margem de manobra, e a
ausência total de poder de decisão, quando se trata de despesas, mesmo que
correntes como as que descrevi, são absolutamente inexplicáveis e causam um
desgaste que conduz à desmoralização de quem trabalha nos museus.
A criação da DGPC foi um erro
monstruoso de quem desconhecia que já tinha sido tentada uma solução idêntica,
o antigo IPPC, que demonstrou ser uma péssima opção. Esperemos que se discuta
internamente uma opção mais ágil, envolvendo os trabalhadores, que na realidade
são quem ainda vai conseguindo manter em funcionamento os serviços, apesar de
todos os constrangimentos.
CARTOONS
Clássico
Modernista
sábado, dezembro 23, 2017
quinta-feira, dezembro 21, 2017
terça-feira, dezembro 19, 2017
NOTÍCIAS CURTAS
Ordenado mínimo - Foi hoje anunciado pelo governo que o ordenado mínimo nacional para 2018 será de 580 euros, e que não houve qualquer acordo posssível, já que os sindicatos pediam mais, e os patrões exigiam contrapartidas impossíveis de satisfazer.
Museus, palácios e monumentos - Segundo se pode ler no sítio da
Direcção Geral do Património (DGPC), os museus, palácios e monumentos sob sua tutela estarão encerrados nos dias 24, 25 e 26 de Dezembro. Este deve ser dos anos em que a notícia foi dada tão cedo, e é pena que haja um jornal que esteja a noticiar que, segundo a DGPC, estes serviços estiveram abertos no ano passado no dia 31 de Dezembro e no 1 de Janeiro, quando este último dia é um dia de encerramento obrigatório há vários anos, conforme consta dos horários em vigor.
Pintura - Aguarela
Reflections by Peak
Humor
Dmitry Kononov - Russia
sábado, dezembro 16, 2017
SURREALISMO EM IMAGENS
Há quem tenha arte para nos mostrar o que não é comum e que nunca nos passou pela cabeça. Com uma máquina fotográfica na mão e muita inspiração é isso que faz Ben Zank, um artista que fiquei a conhecer através dum artigo no The Guardian, por causa duma exposição em que participou.
Sem Título by Ben Zank
Alter ego by Ben Zank
quinta-feira, dezembro 14, 2017
O PATRIMÓNIO E AS MÁS NOTÍCIAS
Nos últimos meses o Património
(museus, palácios e monumentos) só tem sido falado por más razões, o que só
pode significar que as coisas não estão a correr bem.
O mau uso de monumentos, quer
durante o horário de funcionamento (Jerónimos), quer durante cedências de
espaços (Ajuda, Panteão, e Convento de Cristo), foi noticiado e comentado por
todo o lado, e isso não é propriamente boa publicidade.
Outras notícias têm vindo a
público, devido a más condições de conservação como sejam as referentes ao
Templo Romano de Évora e agora do Convento de Cristo.
Já sei que para alguns serão
apenas casos pontuais, e algumas condições extremas, mas ficará sempre a
dúvida. O que acontecerá se alguém se lembrar de mandar verificar se o Palácio de
Mafra reúne condições de segurança para visitantes e trabalhadores, devido à
avançada degradação dos apoios dos sinos dos dois carrilhões?
A falta de recursos não pode ser
a explicação para tudo, porque se algum dia se registarem vítimas e estragos de
grande monta, todos quererão saber quem foram os responsáveis, e será a
confusão total, tantos foram os silêncios e os que olharam para o lado…
terça-feira, dezembro 12, 2017
sábado, dezembro 09, 2017
CITAÇÃO DA SEMANA
"Quando alguém se torna director de museu gosta de pensar essencialmente no estatuto. Tendo estas funções, prefiro ver-me como curadora porque é isso que me fascina e me estimula a trabalhar. Se tivesse de escolher uma palavra para descrever a minha profissão, seria curadora, não directora. É muito fácil um diretor perder de vista a própria arte. Ser curadora significa estar mais perto da arte, na maneira de a ver, pensar e entender. Gosto de partilhar este interesse comum pela arte, fascina-me estar com os artistas, entender o trabalho deles, visitar exposições e perceber porque é que algumas funcionam e outras não.”
Penelope Curtis in Observador
quinta-feira, dezembro 07, 2017
PATRIMÓNIO E COMPORTAMENTOS
Nas últimas semanas muito se tem
falado dos maus comportamentos de alguns visitantes nos nossos museus e
monumentos, e invariavelmente as discussões são muito acesas e as propostas são
muito poucas.
A segurança do nosso Património depende
de vários factores, alguns que são da responsabilidade dos museus e monumentos,
e outros que dependem única e exclusivamente da educação e do civismo do
público.
Dentro de cada museu ou monumento
é necessário muito diálogo entre as equipas técnicas responsáveis pela
exposição, e os vigilantes que conhecem melhor que ninguém o tipo de público
que cada serviço recebe, e quais a dificuldades que enfrentam no seu dia-a-dia.
A consulta de especialistas em segurança e respectivos equipamentos, e a troca
de experiências com pessoal de outras instituições similares de referência,
também são recomendadas.
Fora de portas também há muito
que pode ser feito, desde logo nas escolas, que são parceiros privilegiados na
formação de públicos. O Ministério da Cultura pode também fazer mais
aproveitando sinergias de outros sectores que tutela, podendo fazer, por
exemplo, pequenos sketches humorísticos (sempre melhor aceites), sobre
comportamentos pouco recomendáveis dentro de museus e monumentos, a exibir em
separadores da televisão pública em horário nobre.
É preciso semear para depois
colher…
segunda-feira, dezembro 04, 2017
FANATISMO RELIGIOSO
Na sequência da expulsão dos
judeus de Portugal, por decreto de 5 de Dezembro de 1496, só lhes restavam duas
opções, sendo a mais óbvia a fuga, e depois a conversão proposta por D. Manuel
para se evitar a fuga de capitais do país.
A opção da conversão, em muito
facilitada por D. Manuel que tentou proteger ao máximo os cristãos-novos, tentando
a sua integração na sociedade portuguesa, encontrou dois obstáculos, o primeiro
a resistência natural dos judeus, e outro mais perigoso, que era a intolerância
religiosa.
A 19 de Abril de 1506, domingo de
Pascoela, e segundo Damião de Góis, os cristãos-velhos reunidos na Igreja de S.
Domingos, à espera de um milagre anunciado, terão visto uma luz a brilhar no
cruxifixo da igreja, mas houve uma pessoa que terá dito tratar-se dum reflexo
das candeias acesas na igreja. Tratava-se de um cristão-novo, o que para a
populaça significava que era um judeu, pelo que foi arrastado pela rua e
queimado no Rossio, bem como o irmão que teria vindo em seu socorro.
Um frade dominicano fez um
discurso contra os judeus, logo secundado por dois frades, Frei João Mocho e
Frei Bernardo, que gritaram “Heresia! Heresia! Destruam o povo abominável!” e
incendiaram os ânimos da populaça.
A isto seguiu-se um massacre, e a
turba arrombava as portas, em busca de cristãos-novos, violando e matando
milhares de pessoas (António Borges Coelho), e carregaram mortos e vivos para
fogueiras ateadas no Rossio e na zona ribeirinha. A matança e a pilhagem
duraram 3 dias seguidos.
Uma das duas únicas gravuras sobreviventes ao Terramoto de Lisboa 1755 e ao incêndio da Torre do Tombo: “Da Contenda Cristã, que recentemente teve lugar em Lisboa, capital de Portugal, entre cristãos e cristãos-novos ou judeus, por causa do Deus Crucificado”
sábado, dezembro 02, 2017
O PATRIMÓNIO E AS SUAS POLÉMICAS
Já nos recompusemos do caso do
jantar (de mau gosto) no Panteão Nacional, e do jantar (superpovoado) no
Palácio da Ajuda, e eis que aparecem mais alguns casos que nos fazem recordar
tudo.
As obras em curso no exterior do
Palácio da Ajuda, com vista ao fecho do edifício que servirá de museu da jóias
da coroa, parece que não aparentam grande segurança, e já houve quem as pusesse
em causa, exactamente por motivos de segurança. Pelo que li os cidadãos que
acham que o palácio pode estar em perigo, pedem agora ao 1º ministro uma
avaliação urgente e independente, a realizar pelo Laboratório de Engenharia
Civil.
Por outras paragens, mais
precisamente em Alcobaça, existe um conflito latente entre a direcção do
Mosteiro, a DGPC, e a paróquia, estando em causa a colocação duma porta de
vidro numa capela. Este conflito entre os responsáveis do Património e a Igreja
é sempre possível nos monumentos classificados e abertos ao público, onde a
paróquia local pretende continuar a fazer o seu culto e a ter a devida
privacidade, ainda que não queira assumir responsabilidades na conservação da
igreja e de outros espaços de apoio ao culto. É o delicado problema das relações
entre o Estado e a Igreja, que não é fácil de resolver.
Já agora, e só porque se falou de
garantir a segurança do Palácio da Ajuda, talvez venha a propósito falar-se das
condições de segurança do Palácio de Mafra, atendendo ao (mau) estado em que
estão os suportes dos sinos das duas torres que ladeiam a Basílica, neste
momento (e há vários anos) suportados por andaimes. Existe algum estudo
recente, independente, atestando a segurança do edifício, dos visitantes e dos
funcionários?
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