Na sequência da expulsão dos
judeus de Portugal, por decreto de 5 de Dezembro de 1496, só lhes restavam duas
opções, sendo a mais óbvia a fuga, e depois a conversão proposta por D. Manuel
para se evitar a fuga de capitais do país.
A opção da conversão, em muito
facilitada por D. Manuel que tentou proteger ao máximo os cristãos-novos, tentando
a sua integração na sociedade portuguesa, encontrou dois obstáculos, o primeiro
a resistência natural dos judeus, e outro mais perigoso, que era a intolerância
religiosa.
A 19 de Abril de 1506, domingo de
Pascoela, e segundo Damião de Góis, os cristãos-velhos reunidos na Igreja de S.
Domingos, à espera de um milagre anunciado, terão visto uma luz a brilhar no
cruxifixo da igreja, mas houve uma pessoa que terá dito tratar-se dum reflexo
das candeias acesas na igreja. Tratava-se de um cristão-novo, o que para a
populaça significava que era um judeu, pelo que foi arrastado pela rua e
queimado no Rossio, bem como o irmão que teria vindo em seu socorro.
Um frade dominicano fez um
discurso contra os judeus, logo secundado por dois frades, Frei João Mocho e
Frei Bernardo, que gritaram “Heresia! Heresia! Destruam o povo abominável!” e
incendiaram os ânimos da populaça.
A isto seguiu-se um massacre, e a
turba arrombava as portas, em busca de cristãos-novos, violando e matando
milhares de pessoas (António Borges Coelho), e carregaram mortos e vivos para
fogueiras ateadas no Rossio e na zona ribeirinha. A matança e a pilhagem
duraram 3 dias seguidos.
Uma das duas únicas gravuras sobreviventes ao Terramoto de Lisboa 1755 e ao incêndio da Torre do Tombo: “Da Contenda Cristã, que recentemente teve lugar em Lisboa, capital de Portugal, entre cristãos e cristãos-novos ou judeus, por causa do Deus Crucificado”
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