Em épocas de crise económica acentuam-se as carências e aumenta a tensão social, cresce a violência e a insegurança é mais notória. Todos nós constatamos isto nas proximidades das grandes urbes, onde a abundância se mistura com a miséria declarada e a envergonhada.
Enquanto os cidadãos se queixam de insegurança e o crime aumenta a cada dia que passa, as polícias evidenciam as suas carências e a justiça engasga-se, não sendo claro para ninguém que ao crime se responde com um aumento de condenações efectivas.
Do lado dos políticos temos duas visões opostas, uma de que o Governo não tem resposta para o fenómeno do aumento do crime, a da oposição, e outra de que é um fenómeno passageiro, absolutamente controlado e em decréscimo, a do poder.
Esta é a face mais visível nestes tempos conturbados, mas há uma outra, que resulta da consciência que o poder tem de que uma crise profunda é propícia ao surgimento de factores de instabilidade graves que podem afectar a segurança do país. Esta outra face pouco divulgada, mas bem real, é extremamente perigosa, pode conduzir a alguns exageros securitários e deve ser muito bem vigiada por um órgão independente.
Os interrogatórios ontem noticiados, verificados em Fafe a estudantes do secundário que receberam com ovos a ministra da Educação, deixam algumas preocupações especialmente pelas perguntas que fomos conhecendo, feitas por funcionários da Inspecção Geral da Educação. Nenhuma autoridade judicial poderia ter procedido desta forma, mas nem isso demoveu os senhores inspectores da Educação (?).