quinta-feira, abril 30, 2009

DERIVA SECURITÁRIA

Em épocas de crise económica acentuam-se as carências e aumenta a tensão social, cresce a violência e a insegurança é mais notória. Todos nós constatamos isto nas proximidades das grandes urbes, onde a abundância se mistura com a miséria declarada e a envergonhada.

Enquanto os cidadãos se queixam de insegurança e o crime aumenta a cada dia que passa, as polícias evidenciam as suas carências e a justiça engasga-se, não sendo claro para ninguém que ao crime se responde com um aumento de condenações efectivas.

Do lado dos políticos temos duas visões opostas, uma de que o Governo não tem resposta para o fenómeno do aumento do crime, a da oposição, e outra de que é um fenómeno passageiro, absolutamente controlado e em decréscimo, a do poder.

Esta é a face mais visível nestes tempos conturbados, mas há uma outra, que resulta da consciência que o poder tem de que uma crise profunda é propícia ao surgimento de factores de instabilidade graves que podem afectar a segurança do país. Esta outra face pouco divulgada, mas bem real, é extremamente perigosa, pode conduzir a alguns exageros securitários e deve ser muito bem vigiada por um órgão independente.

Os interrogatórios ontem noticiados, verificados em Fafe a estudantes do secundário que receberam com ovos a ministra da Educação, deixam algumas preocupações especialmente pelas perguntas que fomos conhecendo, feitas por funcionários da Inspecção Geral da Educação. Nenhuma autoridade judicial poderia ter procedido desta forma, mas nem isso demoveu os senhores inspectores da Educação (?).




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Pintura de Mestre
Toulouse Lautrec

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Caricaturas de Estrelas
Luis Gaspardo

Luis Gaspardo

quarta-feira, abril 29, 2009

CULTURA E DESNORTE

As coisas na Cultura estão mal e o dinheiro, ou melhor, a falta dele, deixam o Ministério da Cultura vulnerável perante as naturais críticas oriundas dos mais variados sectores.

Os escassos 0,4% atribuídos à Cultura são uma realidade a que Pinto Ribeiro não pode fugir, e que afinal castigam um ministro que logo à partida disse que queria fazer mais com menos dinheiro, ainda antes de se ter inteirado das situações reais no terreno.

Não bastava a escassez de recursos financeiros, logo apareceu a ideia peregrina de gastar muitos milhões de euros num novo Museu dos Coches, que ninguém ainda tinha reclamado, mas que dava algum jeito ao ministro Pinho que tinha planos para a orla ribeirinha de Lisboa.

O ministro da Cultura, que passou relativamente ao lado dos anúncios oficiais deste novo museu, acabou por vir a defender a ideia, disfarçando assim o facto de ter sido ultrapassado por um colega do executivo.

Na sua campanha em prol do novo Museu dos Coches, valeu tudo, desde arregimentar umas quantas figuras que se apresentaram como defensoras da ideia, como se alguém fosse realmente contra um novo museu com condições ideais e propositadamente construído para esse efeito.

Pinto Ribeiro continua sem perceber, ou pelo menos sem querer admitir que há demasiadas carências a que o seu ministério não consegue acudir por falta de recursos, que é a maior preocupação dos seus críticos. Pretende o senhor ministro que todos esqueçamos que não há verbas suficientes para efectuar os trabalhos de manutenção e restauro necessários no Património a cargo do Ministério da Cultura, como se o que está bem à vista não fosse afinal uma evidência.

O último capítulo da saga ministerial é a recente defesa de um museu das descobertas, anunciada em Belmonte, como se nada de mais urgente exista para realizar na área do Património.



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Fotografias do Palaciano
Rose by Palaciano

Corvette by Palaciano

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Humor das Arábias


Nedal Deep

terça-feira, abril 28, 2009

O COMPLEMENTO SOLIDÁRIO

Há poucos dias um amigo meu que ainda se diz socialista, embora não aprecie particularmente José Sócrates, veio com a cantiga das preocupações sociais, que apesar de tudo o governo ainda vai demonstrando. Está visto que seguiu a entrevista do 1º ministro, e que falava do complemento solidário.

Não gosto de criticar por criticar, mas sempre me meteu confusão, ouvir os políticos dizerem à boca cheia, nós demos, nós fizemos, nós criámos, esquecendo-se que se candidataram para nos servir, receberam os votos para governar e são pagos para isso, tendo o nosso dinheiro à disposição para concretizarem as políticas que forem mais convenientes a cada momento sem descurar o futuro.

Estas linhas vêm a propósito do complemento solidário para idosos, que não deve orgulhar nenhum político consciente, porque só existe porque as pensões são miseráveis, e porque há um milhão de pensionistas que recebem quantias inferiores a 450 euros. Também não consigo perceber que o próprio ministério, o da Segurança Social, venha agora dizer que o gasto com esta prestação social subiu 192%, como se o facto seja motivo de orgulho para um qualquer governante.

José Sócrates e Vieira da Silva sabem bem que não se devem orgulhar com estas medidas que são apenas um remedeio, e sabem também que o que era necessário era acabar com rendimentos que apenas asseguram uma vida miserável a quem deles dependa em exclusivo.



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Pinturas
Cafe by gasparty

Paris by Alex-artwork


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Humor Escolhido

domingo, abril 26, 2009

LIBERDADE E POESIA

Liberdade

— Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pio de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.

— Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.

Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.


Miguel Torga, in 'Diário XII'



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Destaque - Cartaz


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Fotos e cores
window blues by appleplusskeleton

Two Of Us by vividlight

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Humor do Brasil


750

sexta-feira, abril 24, 2009

ABRIL


As mãos

Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

Manuel Alegre, O Canto e as Armas, 1967





LIBERDADE

Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa



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Do Baú das Memórias

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Caricaturas
Paco de Lucia por Marcelo Pinto

Dali por Marcelo Pinto

quarta-feira, abril 22, 2009

terça-feira, abril 21, 2009

NOVIDADES GRÁFICAS

A descrença...

Combate à corrupção

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Fotos - O Improvável
Alinhar ao centrophotosgrafus

Anhim

domingo, abril 19, 2009

CURTINHAS

Sócrates em Viseu – As coisas começam naturalmente a tomar o seu rumo, e por isso mesmo foi sem surpresa que Sócrates foi ontem recebido em Viseu por uma contestação de professores e enfermeiros, e ao som dos Xutos & Pontapés, com a música “Sem eira nem Beira”. Talvez alguns considerem que a música é demasiado boa para ser dedicada a tão mau governante, mas nesta coisas de gosto, não tomo partido.

O caso BPN – Li há pouco um título que dizia “BPN é a coisa mais escabrosa desde o 25 de Abril”, e fiquei a pensar se não será um exagero. Claro que as coisas parecem mesmo uma grande trapalhada onde nos querem fazer crer que só um é que tocou os instrumentos todos, fez a música, deitou os foguetes e apanhou as canas, enquanto os outros, qual virgens inocentes, assistiram sem perceber nada, e sem qualquer intervenção, completamente a Leste das falcatruas. Mas há por aí outras trapalhadas, tão ou mais cabeludas do que esta, com gente tão importante envolvida, que também veste a mesma pele virginal, afirmando que não sabem de nada, que são só coincidências, e campanhas para denegrir a sua imagem. Até agora tem sido a Justiça que tem sofrido, pode ser que algum dia as coisas mudem…




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Photo Contest
Mystery by Cj

Just Different By Bagwold

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Humor e Maquinaria
Norbert Van Yperzeele

Pawel Kuczynski

sexta-feira, abril 17, 2009

EU PASSEI A GOSTAR (AINDA) MAIS DOS XUTOS

Eu sabia que havia diferença entre ser um Zé-ninguém, ou engenheiro, mas sempre julguei que engenheiro, doutor ou arquitecto se equivaliam na escala social, mas verifiquei agora o meu engano.

Uma música dos Xutos & Pontapés do álbum “Mundo ao Contrário”, editado na passada segunda-feira fez-me ver que engenheiro pode ter uma conotação com uma única pessoa, embora eu não encontre qualquer explicação linguística para o caso.

Os portugueses guindaram o novo álbum ao 1º lugar do top nacional, e bem, porque os Xutos demonstram estar em muito boa forma, mas há por aí quem diga que é por outra razão (?).

Pois é meus caros, o melhor é mesmo ouvir com atenção a música que eu coloquei na vitrola, prestar atenção à música e à letra, e depois digam-me se não gostaram de ouvir esta banda, que em breve inicia a digressão intitulada “30 Anos à Nossa Maneira”.





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Imagens 3D
Podiums by Shin-Shoryuken

Arise by Shin-Shoryuken

quarta-feira, abril 15, 2009

DIA INTERNACIONAL DOS MONUMENTOS E SÍTIOS

Regra geral não sou admirador da existência de Dias Mundiais disto ou daquilo, pela simples razão de que para muitos eles existem apenas para apaziguar sentimentos de culpa pelo desinteresse que prevalece durante o resto do ano.

O Dia Internacional dos Monumentos e Sítios existe, comemora-se no dia 18 de Abril, por iniciativa do International Council of Monuments and Sites (ICOMOS) desde 1982, e este ano o tema proposto foi “Património e Ciência”, que embora seja bastante genérico vai obrigar as entidades envolvidas a usarem a sua imaginação para programarem as actividades especiais com que pretendam interessar os seus públicos.

Sei que em muitos monumentos o programa não vai ser muito diferente do que existiu noutros anos, ficando-se por algumas visitas guiadas e as tradicionais entradas livres, o que não é muito atractivo.

Deixo aqui um desafio a quem eventualmente me leia para consultarem bem os programas que algumas entidades vão colocando na rede, como ESTE LINK, para não enfiarem nenhum barrete.

Mais Link's -AQUI, AQUI, e AQUI.



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Fotografias e Suavidade
Spring Wind by Hantenshi

RomAshkinA

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Humor Linguarudo

segunda-feira, abril 13, 2009

MESMO COM PAGAMENTOS EM ATRASO

Talvez os meus amigos tenham aproveitado a quadra pascal para visitar um qualquer museu ou palácio, mas o que tenho a certeza é que nenhum terá a noção de que esses serviços estiveram abertos sem qualquer suporte legal para a obrigatoriedade da presença dos anfitriões, neste momento os assistentes técnicos que asseguraram a abertura dos museus e palácios.

Pode parecer-vos estranho mas com a modernização administrativa e a redução de categorias tão propagandeada pelo Governo, os antigos guardas de museu e depois secretários-recepcionistas, passaram a ser assistentes técnicos, como qualquer administrativo ou profissional de museografia, o que significa que estão inseridos numa categoria que se rege pelo regime geral de horários da função pública, o que os não obriga a trabalhar aos sábados à tarde, domingos e feriados, a menos que isso esteja previsto num horário específico, o que obriga também a uma alteração do regime em que a carreira esteja inserido, ou a negociações obrigatórias para compensar as obrigações adicionais relativamente a outros trabalhadores que delas estão dispensados nos mesmo serviços.

Está assim explicada uma greve tradicional na época da Páscoa, que mesmo não se realizando este ano, teria sempre uma explicação clara que só o Ministério da Cultura parece não ver, mesmo sabendo que os funcionários que estiveram ao serviço na quadra pascal, são os mesmos que ainda não receberam o abono para falhas a que têm direito, e que decidiram dar uma bofetada com luvas de pelica numa tutela que manifesta pouca abertura para dialogar com quem assegura mais verbas próprias a um ministério verdadeiramente indigente.

Fonte Tertúlia do Património - Óbidos

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Fotos e Património
By kony

By Palaciano

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Humor Temático
O Maníaco da Velocidade

O Novo Ecologista

domingo, abril 12, 2009

CURIOSIDADES PASCAIS

O ridículo não mata senão teríamos por uns quantos cadáveres na liderança de alguns serviços públicos, os mesmos que repescaram a moral e os bons costumes que imperaram no passado, sendo substituídos em Democracia pelo bom senso dos funcionários.

Mesmo na Páscoa, e quando alguns por questões de fé procuram evitar a refeição à base de carne, o peixe só é opção nas variantes menos dispendiosas, ou mesmo com o recurso a enlatados.


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Fotos Flores da Época
Весна пришла

Надежда Лернер