As mãos
Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
Manuel Alegre, O Canto e as Armas, 1967
LIBERDADE
Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...
Fernando Pessoa
Guardião
ResponderEliminarHá que regar o cravo, sentir a liberdade,
que de há muito vem sendo ameaçada.
Temos que nos erguer
porque ainda há estrada
Temos que ser gente
para podermos viver.
Não podemos deixar morrer
a liberdade conquistada.
Viva o 25 de Abril!
Abraço
O cravo precisa mesmo de ser muito
ResponderEliminarbem regado,a liberdade,começa a ser vista por um canudo e a fome já espreita.
E o povo não se revolta,isso faz-me confusão,parece que está morto,ou foi amordaçado?
Viva o 25 de Abril!
cumps
Querido Guardião:
ResponderEliminarO cravo precisa tanto de ser regado! Que o não seja com lágrimas de fome e dor.
Deixo-te um cravo de Abril que grita LIBERDADE!
Beijos
Olá Amigo,
ResponderEliminarComo todos nós precisamos ser regados!...
Nos tempos difíceis que correm, cantar Grândola Vila Morena leva-me às lágrimas.
Temos que ensinar aos nossos filhos o verdadeiro sentido da palavra Liberdade para que façam melhor do que nós fizemos.
Liberdade no colectivo e não liberdade no singular e... mais não digo.
Um abraço amigo de liberdade,
Maria Faia
As flores têm are ser cuidadas comoser humanos senão acabam por morrer ,o nosso cravo até é muito resistenteaaaaa. há muito grito entalado na garganta e muita revolução ainda por faxer beijo
ResponderEliminar25 de Abril sempre
Parece-me que o cravo está a murchar...é evidente.
ResponderEliminarMesmo que a estrada seja fácil, nunca o é para todos. Viva um 25 de Abril que mantenha vivas as intenções com que foi feito, há 35 anos.
São sempre lindos os cravos, é sempre alegria ouvir cantores que cantam os povos mas os poetas senhor! Manuel Alegre fica mal ao lado de Fernando Pessoa - um é artificial e vaidoso, o outro é genuíno e humilde!
ResponderEliminarUm abraço de um Abril com cantores, não com poetas!
25 de Abril
ResponderEliminarSempre!
Nem que tenhamos de fazer outro.
Um abraço
Guardião!
ResponderEliminarQue façamos todos como tu, que rega o cravo da liberdade, todos os dias...
Abraços!
Guardião,
ResponderEliminarSerá que mesmo com tanta rega, ainda vamos a tempo de não deixar o cravo definhar?
É o meu receio.
Um cravo para ti, num abraço
Parabéns pelo post!
ResponderEliminarQue o teu Abril seja lindo!
Belos poemas.
ResponderEliminarLonge na altura não vivi nada da alegria de que falam, no 25 de Abril, antes outras preocupações.
Não concebo uma vida feliz sem Liberdade, e sei bem como era antes do 25 de Abril.
Mas Liberdade sem pão, também não faz ninguém feliz e vejo como vive grande parte do país.
Penso que os objectivos do 25 de Abril, e daqueles que o planearam e executaram ficaram só pela metade, e mesmo essa metade, vejo-a cada dia mais ameaçada, pelos falsos democratas que nos governam.
Um abraço e bom fim-de-semana
Adorei o cravo a ser regado :)
ResponderEliminarContinuemos a regar o cravo que floriu numa madrugada de Abril. Há ideais que são indissociáveis do ser humano: Paz, pão, trabalho, liberdade...
ResponderEliminarPugnemos por eles . Sempre, se for preciso!
Um abraço fraterno