quinta-feira, março 29, 2018

A CASA DOS LAVATÓRIOS


A Casa dos Lavatórios, das Urnas ou das 4 Bicas é octogonal, guarnecida de quatro magníficas urnas de mármore branco, aos cantos, cada uma com seis torneiras de bronze e bacia também do mesmo mármore como sumidouro. A água provinha da Tapada e os frades lavavam as mãos nessa água a caminho do refeitório, que ficava logo após a Sala de Profundis (que se segue à Casa dos Lavatórios), que era destinada às orações antes da refeição.

Infelizmente esta sala não se encontra no percurso museológico que actualmente se pode fazer no Palácio Nacional de Mafra.



terça-feira, março 27, 2018

ACESSIBILIDADES E INFORMAÇÃO

Duas das maiores carências dos nossos monumentos, sempre justificadas pela natureza dos edifícios e pela crónica falta de verbas, são as acessibilidades e a informação.

Em boa parte do património monumental as pessoas com dificuldades motoras têm grande dificuldade em poder aceder aos espaços, quando não estão mesmo impossibilitados de os visitar devido às barreiras arquitectónicas, sejam elas alguns degraus ou mesmo grandes escadarias. Em alguns casos as dificuldades existentes são muito difíceis de ultrapassar sem desvirtuar o edifício, mas noutros casos os simples elevadores bastam para resolver o problema.

Outra carência gritante é a falta de informação em alguns museus e monumentos, que é fácil de resolver em termos de tabelas colocadas em locais estratégicos, e que pode ser complementada por écrans/quiosques, ou por aplicações informáticas para telemóveis que são fáceis de implementar, agora que existem programas para implementar wi-fi em monumentos.


Este post foi motivado por uma notícia segundo a qual os “monumentos melhoram acessos a turistas com investimento de dois milhões”, segundo a qual os primeiros resultados do Programa Valorizar a realizar pela DGPC vai utilizar a verba de 770 mil euros nos três projectos apresentados. Outras entidades estão também contempladas neste programa como sejam a EGEAC e a Tapada de Mafra.

sexta-feira, março 23, 2018

REAL BARRACA DA AJUDA


Depois do terramoto de 1755, o rei D. José decide ir viver para uma barraca, a Real Barraca da Ajuda.

Quis a sorte que o rei e a família tivessem sido poupados ao desastre, exactamente por estarem em Belém, mas o rei cheio de medo indicou ao seu primeiro-ministro, Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro Marquês de Pombal, que jamais voltaria a morar em casa de alvenaria.

A família real acomodou-se na zona da Ajuda, numa construção precária feita em madeira, que seria mais conhecida como Rela Barraca da Ajuda, para onde foram levados móveis de outros palácios. 
Não se pense que ocupava uma área pequena, porque na realidade era maior, em termos de área, do que o actual Palácio da Ajuda, e era circundado por um Jardim Botânico.

A velha torre sineira que ainda hoje se vê nas imediações do actual Palácio da Ajuda, era a única parte feita de pedra da velha capela real de madeira, que fazia parte da barraca real.

Depois da morte do rei D. José, em 17777, a sua filha que adoptou Queluz como sua residência, o que acabou por deixar ao abandono a residência precária da Ajuda, que acabou por ser destruída por um incêndio no ano de 1794.



quarta-feira, março 21, 2018

O REAL EDIFÍCIO DE MAFRA


É de louvar a ideia da RTP2 de emitir o seu Jornal 2 de ontem, a partir do Palácio Nacional de Mafra, dando assim uma grande oportunidade à sua direcção para passar a mensagem que melhor servisse os interesses daquele monumento, tantas vezes esquecido devido à distância que o separa dos centros de decisão deste país.

Infelizmente os representantes do monumento não tiveram a arte de fazer passar a sua mensagem, vinculando a tutela ou o Governo às múltiplas carências dos serviços, deixando boa parte do protagonismo televisivo a Guilherme d’Oliveira Martins que se ficou por um discurso vago, e a António Filipe Pimentel, actual director do Museu Nacional de Arte Antiga, que aproveitou bem a sua deixa para falar também do seu museu.

É curioso que António Filipe Pimentel tenha escrito em 2002 (creio eu) a sua dissertação intitulada Arquitectura e Poder: o Real Edifício de Mafra, que foi galardoada com o Prémio Gulbenkian de História da Arte, e que não exista nos nossos dias qualquer roteiro do monumento que descreva a visita que agora se pode fazer, e que a informação existente nas salas seja paupérrima e antiquada.

Tal como muitos outros, eu esperava que esta oportunidade fosse melhor aproveitada, mas não se ouviu nenhuma novidade, talvez porque nada de novo e de relevante haja para comunicar…



segunda-feira, março 19, 2018

CULTURA E SENSIBILIDADES

No princípio de Fevereiro falou-se duma notícia sobre um quadro (Hylas and the Nymphs) que teria sido retirado de exposição, alegadamente por nele figurarem ninfas pubescentes, nuas, que tentam aliciar um jovem, mas que foi considera por alguns visitantes como um cenário impróprio e ofensivo.

Agora é notícia uma exposição para se visitar despido, no Palais de Tokyo,  em Paris, que se vai realizar no próximo dia 5 de Maio, que logo depois de ser anunciada, e em círculo bastante restrito, esgotou e quase 22 mil pessoas manifestaram o seu interesse, apesar de apenas serem aceites 3.145 visitas.


Estas duas situações são um retrato bem curioso das diferentes sensibilidades, dos diferentes públicos, dos museus em todo o mundo. A Cultura tem por dever ser um espaço de liberdade, sem nunca se descurar o bom senso e a correcta informação, procurando desse modo obviar constrangimentos desnecessários.

Hylas and the Nymphs

Cartaz de Anna Wanda Gogusey feito para o evento de 5 de Maio

sábado, março 17, 2018

MAUS POLÍTICOS

Não me apetece falar de ética, de política, nem de provincianos que acham que as aparências são o mais importante, mas sim de ridículo, de desonestidade e aldrabices.

Infelizmente somos governados por uma classe em que proliferam indivíduos que para subir na vida, e no partido, usam todos os estratagemas, legais e menos legais, para atingir os seus desígnios.

Servir o país, dar voz aos excluídos e representar os eleitores, isso são coisas que parecem não estar nos seus objectivos.


quinta-feira, março 15, 2018

FUNÇÃO PÚBLICA ENVELHECIDA



Mário Centeno está preocupado com o envelhecimento dos trabalhadores da Função Pública, quando 25% dos trabalhadores tem mais de 55 anos, e o número dos que têm mais de 65 anos é mais do dobro do que se verificava em 2011.

Bem pode Centeno tentar desculpar-se com o governo anterior e com a troika, mas ele próprio, e o governo de que faz parte, também já podiam ter sabido responder ao problema.

Neste preciso momento qualquer nova admissão de pessoal por concurso externo, vem colocar jovens de vinte e picos anos, com boa formação académica, em equipas compostas por pessoas com pelo menos mais trinta anos, o que conduz a uma integração mais difícil do que seria desejável. Outro problema advém da falta de motivação dos trabalhadores mais velhos, muitos com mais de 60 anos e com 40 ou mais anos de serviço, que com as actuais regras de aposentação, e com a estagnação na carreira e do vencimento, apenas aguardam que o tempo passe.

Aproveitar esta ocasião para admitir funcionários mais jovens, necessários para o bom funcionamento dos serviços, e aproveitar a experiência dos trabalhadores mais idosos para a normal passagem de conhecimentos, a par de regras favoráveis para os trabalhadores com mais de 40 anos de serviço, pode ser muito favorável para os serviços e para a melhoria da sua qualidade a curto prazo.

O tempo urge e mais vale avançar agora e aproveitar esta ocasião favorável.



terça-feira, março 13, 2018

VAIDADES PROVINCIANAS

Quando todos estamos mais interessados em pessoas competentes, especialmente nas funções governamentais, eis que uns quantos deslumbrados decidem apresentar-se com títulos falsos para impressionar quem acredita mais nas credenciais do que na competência demonstrada pelos indivíduos.

É o que dá estarmos num país onde os títulos abundam e mesmo quando não adequados devem ser usados, porque a vaidade de alguns assim o determina.


sexta-feira, março 09, 2018

AFIRMAÇÕES CONTRADITÓRIAS

A situação lastimável em que se encontra o Palácio de Mafra, cuja conservação deixa muito a desejar, está muito confusa, tanto no que se refere às responsabilidades por tardar uma intervenção absolutamente prioritária, como também no que respeita às informações sobre a segurança de quem visita o monumento ou simplesmente vai aos serviços religiosos que decorrem na sua Basílica.

Enquanto da parte da Cultura se diz que está à espera da autorização do Tribunal de Contas, este diz que aguarda há dois meses por dados da Cultura. Claro que o problema já está diagnosticado desde 2004, mas o jogo do empurra faz parte destas coisas.

No que concerne à segurança do edifício e das pessoas as informações são também muito confusas, por um lado o presidente da Câmara de Mafra diz que existe o risco da queda de sinos, e da Cultura já vimos isso admitido e negado. Segundo o Jornal de Mafra a DGPC terá afirmado que “Durante o período de Inverno a Direcção do Monumento faz inspecções diárias às coberturas, torres, torreões e zimbório”, e que “… não se detecta, na presente data (ontem), um agravamento do estado de conservação das torres, dos sinos e respectivas estruturas de suporte, não havendo por isso risco de derrocada”.

Não fiquei muito esclarecido, embora quanto ao caso do atraso na recuperação dos carrilhões seja evidente que a Cultura não tem suficiente peso político para obviar a burocracia. No caso das garantias de segurança, não creio que a direcção do Monumento esteja tecnicamente habilitada para dar qualquer garantia, que cabe naturalmente a outras entidades, que já deviam ter sido chamadas, porque estamos a falar dum edifício aberto ao público e aos crentes.


Enquanto as obras não estiverem prontas, resta-nos esperar que tudo corra pelo melhor, e que o céu não nos caia em cima da cabeça.


quarta-feira, março 07, 2018

AFINAL SEMPRE HÁ PERIGO EM MAFRA

Na passada quinta-feira falei aqui da colocação de grades de protecção colocadas na zona fronteira ao Palácio de Mafra, mesmo à frente das duas torres sineiras, onde se encontram os dois monumentais carrilhões encomendados pelo rei D. João V, e que são um dos motivos de atracção deste monumento.

Na altura recebi algumas mensagens privadas dizendo que o título que usei “Perigo de derrocada?”, era alarmista e que era apenas uma medida preventiva devido à possível queda de elementos estruturais, dando como exemplo vidros ou pequenos pedaços de madeira ou pedra soltos.

Hoje ouvi da boca do Presidente da Câmara de Mafra, Hélder Silva, durante o Telejornal da noite do canal 1 da RTP, que há o risco de queda dos sinos, e que esse foi o motivo da criação desta zona de segurança.

A situação precária dura há 14 anos e as estruturas metálicas que sustentam os sinos já apresentam sinais de desgaste. A obra já está aprovada, e ao que parece só falta a aprovação do Tribunal de Contas para se iniciar.


A questão que se coloca a muita gente é se, na eventualidade de queda dos sinos, estes tenham que cair no perímetro vedado, ou se devido ao seu enorme peso possam cair na vertical e assim possam fazer ruir a, ou as torres onde se encontram. Na realidade é estranho que o monumento continue a estar aberto ao público nestas condições, e com este risco agora admitido.