segunda-feira, abril 29, 2019

quinta-feira, abril 25, 2019

TRABALHAR FESTEJANDO O 25 DE ABRIL


Hoje foram muitos os que festejaram os 45 anos do 25 de Abril das mais diversas maneiras, quer desfilando, quer assistindo a diversas cerimónias em vários locais, ou pura e simplesmente gozando o dia da melhor maneira possível.

No meio disto tudo houve quem estivesse apenas a trabalhar, porque há sempre quem esteja a trabalhar, mesmo quando se trata de serviços não essenciais, mas que a isso são forçados pelas regras laborais.

Lembrei-me hoje, por diversas vezes, dum político que acha que os políticos não podem ser tratados pior do que cães, porque há cães que são muito bem tratados, e dum palerma que escreve umas colunas de opinião, que se entretém a malhar nos funcionários públicos, como se fossem eles os culpados pelos males do mundo.

O político teve a frase infeliz ao falar sobre os vencimentos dos políticos e da má opinião que os cidadãos têm deles, numa entrevista ao Público de hoje, e o colunista, que por acaso escreve no mesmo jornal, e hoje dizia que a estátua perfeita ao 25 de Abril devia ter Salgueiro Maia dum lado e um homem com a sua enxada, pois a ambos se deve a liberdade que hoje celebramos.

Milhares de pessoas trabalharam neste dia, muitos com salários muito baixos (entre o SMN e os 1.000 euros na sua maioria), e são constantemente enxovalhados quando lutam por não trabalhar aos domingos, ou serem devidamente recompensados por a isso serem obrigados, senhor Ferro Rodrigues. Além desses factores, outros estavam ao serviço a tomar conta das diabruras dos filhos (e amigos) do colunista, senhor João Miguel Tavares, que por estar de visita a um palácio, “os deixou à solta”, como se estivessem num qualquer parque infantil onde se corre e mexe à vontade em tudo o que nos rodeia.

Cada um festeja como pode, pois o sol quando nasce é para todos, não é?



terça-feira, abril 23, 2019

POR QUE SOMOS TÃO COMODISTAS?


A nossa sociedade e o nosso modo de vida tende a tornar-nos cada vez mais comodistas e egoístas, cada vez mais virados para nós próprios, perdendo-se assim muito a perspectiva do que são os interesses e necessidades dos outros.

Por estes dias foi anunciada a intenção de fazer greve por parte dos trabalhadores dos super e hipermercados, e foi triste constatar nas caixas de comentários dessas notícias a incompreensão de tanta gente, que não trabalhando aos domingos e feriados, não reconhece o mesmo direito aos que trabalham naqueles locais. O interesse próprio está acima da razão na maioria dos comentários.

Sei bem o que é trabalhar quando quase todos se divertem, descansam ou passeiam, há pelo menos 35 anos, e sei bem como a vida familiar se ressente deste facto. Existem serviços essenciais, e aí compreende-se que tenham horários especiais, mas convenhamos que os supermercados não são serviços essenciais, até porque têm em geral horários alargados e estão abertos aos sábados, o que dá oportunidade a todos de se abastecerem.

Foi também muito cínico o argumento de alguns leitores, que usaram o que foi dito pelos “grandes merceeiros”, o argumento do emprego. A memória nos nossos dias é bastante curta, mas na equação do emprego/hipermercados e mercearias, podiam fazer melhor as contas e veriam que os hipermercados vieram acabar com milhares de mercearias e outros estabelecimentos afins, que pura e simplesmente fecharam.

Em conclusão, são muitos os que acham que somos muito avançados e modernos, e que a Suécia (por exemplo) é um país antiquado e retrógrado, se calhar com uma qualidade de vida pior do que a nossa.    


quarta-feira, abril 17, 2019

PATRIMÓNIO, DESASTRES E RECUPERAÇÃO

Depois do incêndio da Catedral de Notre Dame, começou a falar-se dos planos de emergência de museus, palácios e monumentos e da sua eficácia, e também das opções de reconstrução ou restauro daquele símbolo europeu de catedrais góticas.

Temos por cá um exemplo dum desastre num monumento emblemático, o Mosteiro dos Jerónimos, depois do desmoronamento de 1878, que foi mais tarde recuperado, ainda que não exactamente como era antes do desastre, como se percebe pelas imagens abaixo.


 


 

sexta-feira, abril 12, 2019

OS INSUSTENTÁVEL SAPIÊNCIA

Há sempre estudos para todos os especialistas, ou sábios, como preferirem, e os estudos são para todos os gostos, basta saber encomendar bem o que se pretende.

O estudo mais recente foi sobre a sustentabilidade da Segurança Social, e foi encomendado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), o que fazia prever quais seriam as conclusões.

A principal conclusão dos sábios foi a de se dever resolver o problema da sustentabilidade da SS aumentando a idade da reforma para os 69 anos de idade. Formidável!

Os especialistas, muito sábios como se percebe pela conclusão, esqueceram-se de falar com os trabalhadores e com os patrões, sabe-se lá porquê. Duas perguntas simples, uma para cada lado (patrões e trabalhadores) deviam bastar para cobrirem a cara de vergonha.

Aos patrões podiam perguntar se achavam muito produtivos e essenciais os trabalhadores depois dos 60, 65 anos, e aos trabalhadores se sentiam confortáveis nas suas funções depois dos tais 60,65 anos.

Outros países já pensaram neste problema e alguns têm outras soluções em vigor, como a Suíça, por exemplo, mas Portugal tem uns sábios que nada têm para aprender com os outros... 


quinta-feira, abril 04, 2019

CULTURA DE MÉRITO


Portugal é um país onde se pode esperar de tudo, e apesar de haver muita gente a encher a boca com a palavra mérito, o que menos se valoriza é mesmo o mérito.

Quando se fala nas nomeações governamentais, vemos uma teia de nomeações familiares. O mesmo se passa em outras entidades públicas e municipais, como tem sido público nos últimos dias.

Há quem pense que isto só se passa no sector público, mas não, é muito comum também em empresas privadas, não só as pequenas mas também nas de grande dimensão.

Podem-se mencionar casos tornados públicos nestes dias, no Governo, na GNR, em empresas familiares do ramo da distribuição, etc., isto apenas pelas escolhas de familiares.

Como o não reconhecimento do mérito não se resume às escolhas de familiares, temos que chamar também a atenção para outras situações, como por exemplo na banca e actividades congéneres, onde são conhecidos indivíduos envolvidos em casos que lesaram instituições e cujos erros e omissões estão a ser pagos por todos nós, que continuam por aí, muitos em cargos no mesmo sector, impunemente, apesar das faltas de memória declaradas, quando inquiridos sobre os tais casos cabeludos.

Mérito em Portugal é apenas um conceito para convencer os mais crédulos, porque este quase nunca é reconhecido, infelizmente.