A nossa sociedade e o nosso modo
de vida tende a tornar-nos cada vez mais comodistas e egoístas, cada vez mais
virados para nós próprios, perdendo-se assim muito a perspectiva do que são os
interesses e necessidades dos outros.
Por estes dias foi anunciada a
intenção de fazer greve por parte dos trabalhadores dos super e hipermercados,
e foi triste constatar nas caixas de comentários dessas notícias a
incompreensão de tanta gente, que não trabalhando aos domingos e feriados, não
reconhece o mesmo direito aos que trabalham naqueles locais. O interesse
próprio está acima da razão na maioria dos comentários.
Sei bem o que é trabalhar quando
quase todos se divertem, descansam ou passeiam, há pelo menos 35 anos, e sei
bem como a vida familiar se ressente deste facto. Existem serviços essenciais,
e aí compreende-se que tenham horários especiais, mas convenhamos que os
supermercados não são serviços essenciais, até porque têm em geral horários
alargados e estão abertos aos sábados, o que dá oportunidade a todos de se
abastecerem.
Foi também muito cínico o
argumento de alguns leitores, que usaram o que foi dito pelos “grandes
merceeiros”, o argumento do emprego. A memória nos nossos dias é bastante
curta, mas na equação do emprego/hipermercados e mercearias, podiam fazer
melhor as contas e veriam que os hipermercados vieram acabar com milhares de
mercearias e outros estabelecimentos afins, que pura e simplesmente fecharam.
Em conclusão, são muitos os que
acham que somos muito avançados e modernos, e que a Suécia (por exemplo) é um
país antiquado e retrógrado, se calhar com uma qualidade de vida pior do que a
nossa.
Todos querem os seus interesses e os outros que se lixem.
ResponderEliminarAbraço