Uma notícia do DN, veio trazer a
lume, mais uma vez, a carência destes profissionais, ainda que não abordando
todas as suas razões.
Este problema começou há muitos
anos (mais de duas décadas) e coincidiu com o começo dos programas de ocupação
de jovens nas suas férias, e com os de ocupação de desempregados, que se
tornaram um hábito, até porque significavam alguma poupança, e os governos
gostavam disso.
Enquanto se recorria a estes
esquemas, tantas vezes denunciados pelos trabalhadores do sector, o pessoal dos
quadros ia envelhecendo, e as admissões eram adiadas, até serem congeladas. Onde estava então o senhor António Pimentel?
Neste meio tempo entre o recurso
aos desempregados e o congelamento das admissões, alguém teve a ideia peregrina
de transformar a carreira de vigilante de museus numa carreira comum, passando
a assistentes técnicos, mas com um horário de trabalho específico, o que é no
mínimo inconstitucional, por ser discriminatório, já que lhes retira a possibilidade do
pagamento diferenciado dos sábados e domingos, como é devido aos restantes assistentes
técnicos.
O mau resultado veio depois
quando se abriram concursos para novas admissões, e logo que entravam os novos
vigilantes, ficava logo claro que estavam de passagem rumo a outros ministérios
onde não eram forçados a trabalhar, feriados, sábados, domingos e tolerâncias
de ponto.
O director do Museu de Arte Antiga
refere que recorre a tarefeiros, que tem cerca de 17 vigilantes do quadro, 17
conservadores, 8 bolseiros, uns 15 desempregados, e que gostaria de entregar
boa parte da vigilância a empresas de segurança, referindo a responsabilidade
civil, seja isso o que for.
António Filipe Pimentel é também um dos subdirectores-gerais da DGPC e mostra o pouco interesse que tem pelos vigilantes
do seu museu, preferindo seguranças de empresas externas, como no passado
fizeram com o pessoal de limpeza, e outras tarefas desempenhadas por aquilo que
hoje designamos os assistentes operacionais.
Quando se reformarem os poucos e
envelhecidos vigilantes (assistentes técnicos), os museus continuaram a
existir, mas a sua experiência ter-se-á perdido, e os tais conservadores e
outros técnicos superiores terão grandes dores de cabeça, e terão que deixar as
suas cadeiras confortáveis e os seus gabinetes, para meter a mão na massa. Cá
se fazem, cá se pagam…