sexta-feira, outubro 18, 2019

SOCIEDADE CHICLETE


Hoje fui a uma superfície comercial para comprar o Euromilhões, que por acaso é vendido na cafetaria à saída do supermercado. A fila era dumas vinte pessoas, quando cheguei, mas passados uns cinco minutos já só tinha umas quatro pessoas à minha frente, ainda que o cliente ao balcão ser ainda o mesmo de quando cheguei.

O avanço da fila tinha ocorrido pela desistência dos clientes. Desviei a atenção para a moça que estava dentro do balcão e era evidente que estava atrapalhada com a luva que calçava para fazer as sandes, descalçava para fazer os sumos de laranja, calçava de novo para partir um croissant ao meio, e voltava a descalçar para tirar os cafés que transbordaram as chávenas.

À minha esquerda surge um outro funcionário que eu já vira antes na cafetaria, que calmamente começou a retirar louça suja das mesas. Os minutos passavam e depois de dez de espera, a moça estava a atender o segundo cliente, e o funcionário mais antigo passou para dentro do balcão e plantou-se na caixa registando os pedidos que eram feitos à colega, mas ajudar que é bom, nada.

Quinze minutos depois de chegar a fila tinha umas trinta e tal pessoas, apesar das muitas desistências e eu estava em segundo lugar, e foi quando o funcionário decidiu ir para a máquina do Euromilhões e outros jogos, e chamou quem estava na fila para comprar jogo, e lá fui eu ser atendido, mas pelos vistos para jogo eram só três clientes, pelo que a fila não melhorou muito.

Quando acabei de comprar o jogo saí e olhei para as caixas do supermercado e, apesar de ser um cliente semanal do mesmo, não vi uma única cara conhecida, o que já é normal.

Os trabalhadores destas superfícies são jovens contratados a prazo, com baixos salários, que naturalmente não chegam a aquecer o lugar. A qualidade do serviço prestado ressente-se disso, e a culpa não é dos pobres trabalhadores precários mas sim de quem usa e abusa desta precariedade e dos baixos salários.

Eu já só compro aqui uma pequena parte do que necessito, mas vou passar a evitar cá vir, não só pela baixa qualidade do serviço, mas também porque me sinto cúmplice desta situação. Vou experimentar outras lojas como já fiz para comprar o pão, a carne e o peixe.  



1 comentário:

  1. E faz muito bem. Aqui naquele que vou habitualmente as empregadas estão há alguns anos. Aos fins de semana tem caras novas mas são pessoas que trabalham noutros empregos e fazem o sábado ou o domingo lá para ganharem uns extra. Sei disso porque uma dessas pessoas é filha de uma amiga minha cujo trabalho normal é numa creche. Atualmente no Barreiro existem muitas dessas superfícies, entre Pingo Doce, (4) Continente (4) Lidl (2) Intermarche (1) Jumbo (1), mas habitualmente só frequento dois e é desses que falo.
    Abraço e uma boa semana

    ResponderEliminar