quarta-feira, outubro 30, 2019
domingo, outubro 27, 2019
ARRANJOS DISCUTÍVEIS
A determinada altura a área envolvente de alguns monumentos foi alvo de arranjos que visavam não só libertar os espaços dos automóveis, como permitir uma vista desimpedida ao olhar dos visitantes. A intenção até podia ser boa mas os resultados nem sempre foram os melhores, já que a opção escolhida foi a de impermeabilizar os solos o que causa problemas nos espaços próximos, que no caso de Mafra são os estabelecimentos comerciais fronteiros para onde confluem as águas que caiem na área do Real Edifício de Mafra.
Se os veículos movidos a combustíveis fósseis poluem e se compreende que sejam afastados das proximidades dos monumentos, as áreas ajardinadas eram preferíveis às áreas coberta de pavimentos impermeáveis existentes.
terça-feira, outubro 22, 2019
MUSEUS E FALTA DE PESSOAL
Já muito se falou sobre a falta de pessoal nos museus, palácios, e
monumentos, contudo o problema não só não foi resolvido como ainda se tem
agravado com o passar do tempo.
Existem sectores cuja falta de pessoal afecta não só o funcionamento
normal, como impede a fruição por parte dos visitantes de certos espaços e
colecções, bem como acaba por colocar em risco o próprio património.
Não se podem ter abertos museus, palácios e monumentos sem o necessário
pessoal de vigilância, isso e uma evidencia, mas pelos vistos isso não é
entendido nem pelo Ministério da Cultura nem pelo das Finanças, que bem podiam
resolver a situação.
Outra lacuna enorme verifica-se na área de conservação e restauro,
pois já quase não temos artífices que dentro dos serviços possam proceder as necessárias
operações de manutenção e restauro das peças, estando tudo dependente da contratação
externa, o que é sempre muito difícil e acontece sempre fora de tempo,
normalmente quando as pecas já estão em muito mau estado.
Outros grandes óbices para a contratação de profissionais para estas
duas áreas são os salários miseráveis que são oferecidos, na casa dos
seiscentos e tal euros, os horários especialmente na área da vigilância, as condições
de trabalho, e as carreiras sem qualquer tipo de possibilidade de progressão.
O dinheiro é sempre o argumento para explicar estas carências, mas
penso que o problema é mais de natureza politica e de falta de sensibilidade
para as questões do Património.
segunda-feira, outubro 21, 2019
O PORTUGAL DE SUCESSO
No tempo de Cavaco Silva
falava-se do Portugal de sucesso e dos empresários de sucesso, e viu-se o
resultado disso quando os dinheiros de Bruxelas começaram a minguar. Nos novos
tempos dos governos de António Costa temos uma nova era sem recessão e sem
aperto do cinto, mas os rendimentos da maioria dos portugueses não recuperou
ainda dos anos maus de 2008 a 2014.
Hoje temos um país envelhecido,
com poucos estudos, com uma taxa de natalidade que nos coloca na cauda Europa,
e ao mesmo tempo com uma disparidade de rendimentos entre os mais ricos e os
mais pobres que coloca o país no fundo da tabela da Justiça Social.
Gastamos mais do rendimento das
famílias em cuidados de saúde do que a maioria dos países europeus, em
contraste com os baixos salários auferidos, e temos uma taxa negativa no que se
refere a óbitos e nascimentos, o que diz muito sobre a falta de optimismo dos
jovens quanto ao seu futuro.
Conheço bem o argumento da fraca
produtividade, mas será que ainda há quem desconheça qual é a causa da baixa
produtividade dos portugueses em Portugal? Porque será que noutras partes do
mundo os trabalhadores portugueses são apreciados exactamente pela sua
produtividade?
Uma classe de patrões
gananciosos, de altas chefias que acham que todos os méritos são deles, de
governantes que anseiam por altos cargos nas maiores empresas com salários
pornográficos, deitam de rastos a economia de Portugal, mas há quem não queira
ver, quem finja que não percebe, e os que andam alegremente enganados…
sexta-feira, outubro 18, 2019
SOCIEDADE CHICLETE
Hoje fui a uma superfície
comercial para comprar o Euromilhões, que por acaso é vendido na cafetaria à
saída do supermercado. A fila era dumas vinte pessoas, quando cheguei, mas
passados uns cinco minutos já só tinha umas quatro pessoas à minha frente, ainda
que o cliente ao balcão ser ainda o mesmo de quando cheguei.
O avanço da fila tinha ocorrido
pela desistência dos clientes. Desviei a atenção para a moça que estava dentro
do balcão e era evidente que estava atrapalhada com a luva que calçava para
fazer as sandes, descalçava para fazer os sumos de laranja, calçava de novo
para partir um croissant ao meio, e voltava a descalçar para tirar os cafés que
transbordaram as chávenas.
À minha esquerda surge um outro
funcionário que eu já vira antes na cafetaria, que calmamente começou a retirar
louça suja das mesas. Os minutos passavam e depois de dez de espera, a moça
estava a atender o segundo cliente, e o funcionário mais antigo passou para
dentro do balcão e plantou-se na caixa registando os pedidos que eram feitos à
colega, mas ajudar que é bom, nada.
Quinze minutos depois de chegar a
fila tinha umas trinta e tal pessoas, apesar das muitas desistências e eu estava
em segundo lugar, e foi quando o funcionário decidiu ir para a máquina do
Euromilhões e outros jogos, e chamou quem estava na fila para comprar jogo, e lá
fui eu ser atendido, mas pelos vistos para jogo eram só três clientes, pelo que
a fila não melhorou muito.
Quando acabei de comprar o jogo
saí e olhei para as caixas do supermercado e, apesar de ser um cliente semanal
do mesmo, não vi uma única cara conhecida, o que já é normal.
Os trabalhadores destas
superfícies são jovens contratados a prazo, com baixos salários, que
naturalmente não chegam a aquecer o lugar. A qualidade do serviço prestado
ressente-se disso, e a culpa não é dos pobres trabalhadores precários mas sim
de quem usa e abusa desta precariedade e dos baixos salários.
Eu já só compro aqui uma pequena
parte do que necessito, mas vou passar a evitar cá vir, não só pela baixa
qualidade do serviço, mas também porque me sinto cúmplice desta situação. Vou
experimentar outras lojas como já fiz para comprar o pão, a carne e o peixe.
terça-feira, outubro 15, 2019
CULTURA À ESPERA DE MUDANÇA
Segundo vimos nas notícias o
Ministério da Cultura fica entregue à ministra que lá esteve nos últimos anos
da última legislatura, que foi de muito má memória para a área do Património.
Nos últimos anos o investimento
nos museus, palácios e monumentos tem sido quase nulo, e a falta de recursos
humanos tem-se agravado, apesar de todas as promessas.
A vida nos museus, palácios e
monumentos tem sido muito difícil, sendo frequentes as dificuldades em coisas
tão simples como a substituição de lâmpadas, arranjo de fechaduras,
substituição de vidros, reparação de infiltrações, ou arranjo de instalações
sanitárias. Mudando para as dificuldades relativas a recursos humanos temos a
carência de pessoal de vigilância, pois não se conseguem atrair funcionários para
desempenhar a tarefa (mal paga e com horários especiais), onde vão resistindo
apenas funcionários com idades avançadas, boa parte já sexagenários.
Será que podemos antever alguma
melhoria para a nova legislatura? Não sei, mas não estou optimista.
sábado, outubro 12, 2019
TURISMO E O NOSSO PATRIMÓNIO HISTÓRICO-CULTURAL
O que Portugal tem para oferecer
a quem nos visita já não são apenas as nossas praias, mas sim outras coisas que
nos distinguem dos países com quem concorremos enquanto destino de férias.
Temos uma gastronomia que encanta
os visitantes, mas cada vez mais vemos restaurantes, baratos e caros, a apostar
em ementas internacionais que em nada se distinguem das que se encontram
noutras paragens.
A simpatia dos portugueses e a
sua predisposição para ajudar quem nos visita é amplamente reconhecida.
Num país pequeno como o nosso,
temos paisagens muito diversas que encantam os turistas, que aliadas à calma do
interior e à segurança são características que nos distinguem.
De tudo o que temos para
oferecer, e não é pouco, há algo que é uma âncora importante, que é o nosso
Património Histórico e Cultural, que importa valorizar. Muitos sectores que
ganham com o turismo reconhecem o valor deste nosso património, mas o que é
verdade é que isso não tem tradução visível no campo mecenático, visando a
conservação e a sua divulgação.
Termino com uma frase duma
empresária deste país, “ser um país prestável, amável e de boa gente não chega”.
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