quinta-feira, março 28, 2019

A QUALIDADE DE VIDA EM PORTUGAL


Esta semana foi notícia num jornal espanhol, o El Mundo, que aquele jornal “considera Portugal um dos melhores países para viver na reforma”, e naturalmente o assunto mereceu muita discussão nas redes sociais e nos cafés.

O jornal espanhol cita diversas razões para ter chegado a esta conclusão, começando pela distância, a facilidade cultural, semelhanças na língua, a alimentação saudável, o povo hospitaleiro e também o custo de vida muito mais barato que em Espanha.

Na análise que o jornal fez estavam também países como a Tailândia, o Peru a Costa Rica e o Panamá, tudo países com que não gostamos de nos comparar, quer em termos de desenvolvimento quer a nível civilizacional.

Resta dizer que Portugal não é seguramente o melhor país para um português reformado viver, depois duma vida de trabalho honesto. Com reformas miseráveis, idades avançadas e os inconvenientes que isso acarreta em geral para a saúde, talvez exista por aí algum jornal que nos indique países onde os reformados portugueses possam viver confortavelmente e em segurança o resto dos seus dias…



sábado, março 23, 2019

MOBILIDADE E HABITAÇÃO


O Governo tirou da cartola uma medida boa e também eleitoralista, sobre a mobilidade, que ninguém na oposição se atreve a classificar de má decisão.

Esta medida que alivia o esforço das famílias na sua mobilidade sobretudo, para empregos, para as escolas, e para outras necessidades básicas, não beneficia apenas quem trabalha, mas também beneficia os empregadores, pois muita gente já não podia deslocar-se para trabalhar devido aos baixos salários oferecidos.

Pode parecer que esta explicação seja demagógica, mas para além dos baixos salários, existe outra grande dificuldade que se prende com o custo cada vez mais proibitivo para os cidadãos das grandes urbes e seus arredores, que cada vez mais são empurrados para longe do centro das cidades.

Conjugando os novos preços dos passes sociais e a carestia da habitação, fica uma expectativa que é a capacidade dos transportes públicos para responder ao previsível aumento da procura…   



quarta-feira, março 20, 2019

COMEÇOU A PRIMAVERA


Quando tornar a vir a Primavera
Talvez já não me encontre no mundo.
Gostava agora de poder julgar que a Primavera é gente
Para poder supor que ela choraria,
Vendo que perdera o seu único amigo.
Mas a Primavera nem sequer é uma cousa:
É uma maneira de dizer.
Nem mesmo as flores tornam, ou as folhas verdes.
Há novas flores, novas folhas verdes.
Há outros dias suaves.
Nada torna, nada se repete, porque tudo é real.


Alberto Caeiro

sexta-feira, março 15, 2019

MÁS E BOAS NOTÍCIAS

Da Nova Zelândia chegaram-nos notícias tristes de intolerância, racismo e de crimes que ninguém no seu perfeito juízo pode desculpar.

É sempre bom saber que há jovens que se interessam pelo seu futuro e que estão dispostos a dar o seu contributo para que ele seja melhor.


quarta-feira, março 13, 2019

A PRIORIDADE É A BANCA


Todos sabemos que os serviços públicos estão à beira da ruptura por falta de pessoal, e que o descontentamento e desmotivação dos funcionários se estendem a todos os sectores.

O executivo sabe-o bem, joga com a opinião pública falando em aumentos que na realidade não existem desde 2009, depois fala em descongelamentos que nem chegaram a todos, e que já deviam ter acontecido há anos, fazendo com que se julgue que o descontentamento não tem razões.

O argumento para a não satisfação das reivindicações, mais investimento, mais pessoal e salários decentes, é sempre o da falta de recursos orçamentais, mas a realidade é bem diferente.

O Novo Banco já anunciou que ia pedir 1.149 milhões de euros para cobrir perdas de 2018, depois de já ter recebido no ano passado 792 milhões, e como o tal Fundo de Resolução nunca tem dinheiro, lá se recorre ao Estado, que tem sempre umas reservas para a banca.

Quem julga que isto é muito, desengane-se, porque já foi admitido no parlamento que a totalidade do pedido de injecção no Novo Banco pode chegar aos 3.000 milhões de euros.

Cabe ao Governo determinar as suas prioridades, mas também nos cabe a nós contribuintes, usar o voto como forma de mostrar o nosso descontentamento e repúdio.



segunda-feira, março 11, 2019

PASSAGEM PELO HOSPITAL

Nada como uma estadia num hospital público para se ter uma ideia do que sentem os utentes destes serviços, tantas vezes criticados, e muitas vezes sem razão.

Devo começar por afirmar que tive uma péssima experiência que pode induzir em erro quem me lê.

Vamos começar pelas coisas boas, porque nem tudo é a preto e branco nesta minha descrição. O médico que me operou foi competente e profissional, e aqui deve-se incluir toda a equipa, porque as operações exigem equipas treinadas e competentes. No recobro tive enfermeiros/as diligentes, e outros bastante stressados, o mesmo acontecendo no piso de internamento, ainda que aqui quase todos eram bastante cordiais, apesar de alguma rigidez de procedimentos, que temos que aceitar.

As más experiências também devem ser referenciadas, e aqui começo pela dietista do tal hospital (não menciono o nome), que no que respeita à dieta líquida com sal que instituiu, e única ao que parece (recebi-a durante 3 dias), prova uma coisa, nunca a comeu (ou bebeu).

O que de mau se passou no recobro teve muito que ver com a falta de vagas no internamento, o que acumulou demasiados pacientes para as equipas escaladas. No internamento só refiro que os auxiliares (uma minoria realmente), não mostram ter formação adequada, ou então estão desmotivados, o que dá má imagem.

Percebo perfeitamente porque é que muitos utentes se queixam (como eu), mas sei que quem forçadamente por lá passa está naturalmente fragilizado, e daí a grande negatividade na apreciação dos serviços lá prestados, o que também é muito injusto, ainda que haja margem para melhorar as coisas...
 

domingo, março 03, 2019

O QUE É OFENSIVO É O SENHOR JUIZ


O juiz Neto de Moura autor de acórdãos que deram origem a reacções de repúdio por parte dos mais diversos sectores da sociedade, resolveu agora processar oito ou nove pessoas que o criticaram de modo que o mesmo considera que foi ofensivo.

Este senhor juiz foi o autor duma sentença onde afirmava que “o adultério da mulher é gravíssimo atentado à honra do homem”, e também que em algumas sociedades “a mulher adúltera é alvo de lapidação até à morte”. “Na Bíblia podemos ler que a mulher adúltera deve ser punida com a morte”, podia ainda ler-se no acórdão.

O conteúdo deste acórdão foi alvo de condenação por parte do Conselho Superior de Magistratura, duma forma bem expressiva, contudo o senhor juiz voltou a ser indulgente com um caso de violência doméstica agravada, retirando a pulseira electrónica ao agressor, alegando razões processuais.

Parece que tudo o que foi dito acerca deste senhor juiz, em decisão anterior, em que cita o Antigo Testamento, ignorando propositadamente a existência do Novo Testamento, se confirma, e daí as críticas que surgiram de toda a sociedade civil, neste novo caso.

Um juiz não está acima do julgamento da sociedade, e se os seus pares não se querem pronunciar sobre a qualidade das suas decisões, invocando a lei, então nada mais justo do que ser a sociedade a pronunciar-se, invocando a liberdade de expressão, que não distingue juízes do resto do povo.

A independência dos juízes é apenas relativa ao poder político, e não à opinião pública, como todos sabemos, mesmo sem conhecimentos de direito.