Passos Coelho e Pedro Mota Soares
vêm agora mostrar-se “ofendidos” com as “contradições” e com a “hipocrisia
institucional” da Comissão Europeia devido a um relatório apresentado na
quinta-feira, em que aponta que o governo tomou medidas que prejudicaram os
mais pobres e que Portugal tem um sistema de protecção social inadequado, que
não foi capaz de reagir ao aumento do desemprego e da pobreza.
O governo inteiro podia
simplesmente ter concluído que as medidas tomadas estavam erradas, porque deram
maus resultados (os apontados pela CE), que era o mais sensato e vai de
encontro à opinião da maioria dos cidadãos portugueses.
A realidade é reconhecida pela
CE, mas o governo não a quer aceitar, porque sempre se mostrou um “bom aluno”
dos burocratas enviados por Bruxelas, tendo-se mesmo gabado de querer ainda
mais longe do que era exigido pela troika, teimosia que nos conduziu ao que
temos hoje.
Se Passos Coelho tivesse um pingo
de inteligência, podia agora usar o relatório da CE para aliviar a austeridade
que sufoca Portugal. Mais valia aceitar os erros do passado e enveredar por
novos caminhos que conduzissem Portugal ao crescimento, garantindo assim mais
emprego e melhor cobertura social, mas o orgulho insano, e fixação numa ideia
que já demonstrou ser errada, não o deixa descortinar o que é evidente para a
grande maioria dos portugueses.