A economia europeia tem usado e abusado da deslocalização da produção e da precariedade e baixos salários dos trabalhadores, e os resultados começam a ver-se um pouco por todo o lado.
Quase todas as semanas lemos e ouvimos empresários a queixar-se da falta de mão-de-obra para as suas empresas, curiosamente quase sempre nas funções mais mal pagas dessas mesmas empresas.
Sabe-se que são muitas as empresas que recorrem a empresas de trabalho temporário para ocuparem postos de trabalho de que necessitam em permanência. No LinkedIn encontram-se muitas ofertas de emprego, para diversas funções, em que um dos requisitos é o da elegibilidade para programas do IEFP, o que mostra bem o descaramento que existe por parte das empresas na exploração que praticam.
A situação tem tendências para piorar apesar do recurso à imigração que está a ser facilitada pelo governo. Cada vez vai ser mais difícil contratar para funções cujo salário não garante uma vida decente, e os nossos jovens bem como os mais qualificados continuarão a fugir para o exterior.
Quando um qualquer empresário se vier queixar da dificuldade em recrutar, eu acho que lhe deviam perguntar se conseguiria viver com decência com um salário de 700 euros brutos, antes de lhe darem mais tempo de antena ou espaço nos jornais.