terça-feira, outubro 20, 2015

PORTUGAL VAI DE PORSCHE



A economia e as finanças do país estão muito mal, diga Passos o que disser, e a grande maioria dos portugueses sente isso na sua bolsa e nas suas vidas.

A dívida soberana aumentou durante estes últimos 4 anos, e a dívida das grandes empresas também está em níveis insustentáveis, apenas a dívida dos particulares diminuiu de volume, talvez porque o crédito se tornou mais difícil. Os encargos da dívida não diminuíram, apenas foram empurrados no tempo, consequência dos juros historicamente baixos.

Apesar do panorama negro que está à vista de todos, há quem tenha um optimismo muito grande, e tenha feito disparar as vendas da Porsche, do grupo VW, e é fácil perceber a razão: “quando muitos perdem, há sempre uns poucos que lucram com isso”.


domingo, outubro 18, 2015

A POBREZA EM PORTUGAL



Comemorou-se ontem o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza instituído pelas Nações Unidas, e importa saber como estamos nós em Portugal, no que respeita à pobreza.

Depois de quatro anos de austeridade pura e dura, estamos piores do que estávamos anteriormente, disso não há a mínima dúvida. Não seremos os piores, mas o que é que isso interessa a quem sente na pele os efeitos duma política que empobreceu quem vive dos rendimentos do trabalho, ou das reformas, e condenou à miséria os desempregados, que também aumentaram em resultado dessas políticas.

Não existem dados actualizados em Portugal, como é habitual, mas com os dados de 2013 temos 19,5% dos cidadãos a viver abaixo dos 411 euros mensais, e isto são estatísticas governamentais, das quais duvidamos bastante.

O que se tem feito para erradicar a pobreza em Portugal, é a pergunta que devemos fazer, e seria bom ouvir quem governa, responder.



sexta-feira, outubro 16, 2015

PORQUE BARAFUSTA A DIREITA?



Com a possibilidade de Costa conseguir apresentar uma alternativa a um governo de direita sem apoio maioritário no Parlamento, são muitas as vozes que se levantam lançando demónios sobre tal eventualidade.

Porque se levantam estas vozes? Para começo de conversa, foi Cavaco Silva que disse que só empossaria um governo com apoio maioritário, e que me lembre as vozes de direita não contestaram a afirmação, antes a apoiaram.

A coligação PSD/CDS ganhou as eleições, e deverá ser indigitada para formar governo, mas sabe-se já que nenhum partido da oposição parece disposto a deixar passar tal governo, seja com recurso a um voto de desconfiança, seja votando contra o Orçamento de Estado que terá que passar pela Assembleia da República.

Cavaco Silva pode mesmo assim forçar a criação dum governo da coligação, mantendo-o como governo de gestão até o novo PR dissolver a AR e marcar novas eleições, mas o tempo de espera para uma solução não serve a ninguém, só vai piorar a situação económica.

A possível nomeação dum governo minoritário do PS, com apoio na AR do PCP e do BE, por Cavaco Silva, depois de ser inviabilizado o da coligação, pode ser uma incógnita por ser a 1ª vez que aconteceria, mas tem toda a legitimidade democrática, pelo que não existem razões para a sua diabolização.



segunda-feira, outubro 12, 2015

AUTORRETRATO

O’Neill (Alexandre). Moreno português,
cabelo asa de corvo; da angústia da cara,
nariguete que sobrepuja de través
a ferida desdenhosa e não cicatrizada.
Se a visagem de tal sujeito é o que vês
(omita-se o olho triste e a testa iluminada)
o retrato moral também tem os seus quês
(aqui uma pequena frase censurada…).
No amor? No amor crê (ou não fosse ele
O’Neill)
e tem a veleidade de o saber fazer
(pois amor não há feito) das maneiras mil
que são a semovente estátua do prazer.
Mas sofre de ternura, bebe demais e ri-se
do que neste soneto sobre si mesmo disse…


Alexandre O’Neill


sexta-feira, outubro 09, 2015

CAVACO E A CONSTITUIÇÃO



Não sou apoiante de Cavaco Silva e não votei nele para a Presidência da República, contudo acho que posso exigir, enquanto cidadão, que ele cumpra o seu dever enquanto presidente, e isso é o mínimo que dele se poderia esperar.

O mandato foi pautado por um apoio descarado ao executivo da sua cor partidária, mas depois das eleições as coisas pioraram. Com o apuramento final dos votos ainda por fazer e sem consultar todos os partidos, resolveu chamar Passos Coelho para a formação do futuro governo.

As formalidades são importantes, e sempre foram respeitadas por todos os ocupantes do Palácio de Belém e era de esperar-se igual procedimento por parte do actual inquilino. Não se espera dum presidente tanta falta de consideração pelo voto popular.

O garante da Constituição é por definição, o presidente da República, mas eis que Cavaco vem, em final de mandato “sugerir” uma revisão da mesma, coisa que lhe não compete, evidentemente, pelo menos enquanto titular deste cargo.

Até à sua substituição Cavaco Silva não é um mero cidadão, que possa ter estados de alma e que se dedique a dar opiniões públicas sobre matéria que são da responsabilidade da Assembleia da República. Não me parece que o presidente actual tenha prestigiado o órgão de soberania que representa.



segunda-feira, outubro 05, 2015

DOMINGO DE ELEIÇÕES



Neste domingo fui dar uma volta com uns amigos que estão no estrangeiro, para onde foram para conseguir ganhar a vida que por cá estava difícil por motivo de desemprego, e escolhemos Belém para passar o dia, que apresentava um aspecto bastante tristonho e cinzento.

A primeira paragem foi perto dos Jerónimos, onde não fomos porque a fila à entrada era monumental, porque as entradas eram gratuitas, penso eu. Como recurso lá rumámos para o Palácio da Ajuda, este muito vazio, mesmo com as entradas grátis. A visita correu satisfatoriamente, e segundo os meus amigos, o palácio é mais bonito por dentro que a Pena ou Queluz.

Descemos novamente para Belém e fomos passear pela feira de velharias, no jardim fronteiro ao mosteiro, onde pude comprar uns postais antigos para a minha colecção. Por conselho dum amigo fui comer um cozido à portuguesa num restaurante da zona, que estava uma delícia.

Com algum tempo ainda livre, fomos ao novo Museu dos Coches, que os meus amigos não conheciam. A visita começou bem, e reparei que estava bastante gente lá. À saída assisti à explicação duma funcionária que se desdobrava em desculpas por estarem avariados os dois elevadores que umas pessoas de idade procuravam. A avaria, segundo percebi, até nem acontece pela primeira vez, e não tem solução rápida, pois um dos aparelhos já estava avariado há dois dias.
 
Bem sei que as entradas eram grátis, e que era o dia das eleições legislativas, mas nada disso desculpa o desleixo e a falta cuidado na elaboração do projecto deste edifício que é um espaço aberto ao público.  

sábado, outubro 03, 2015

JOSÉ VILHENA

Soubemos hoje da morte de José Vilhena, cuja obra deliciou uma geração, não só pela charge política mas também pelas caricaturas atrevidas com que soube retratar a nossa sociedade.

A ousadia de Vilhena valeu-lhe ser muitas vezes alvo de censura, e mesmo de prisão.

Este cartoon é muito actual, basta apenas substituir dois personagens pelos candidatos que se acham mais capazes de obter uma maioria dos votos nestas próximas eleições.