Existem muitos mitos urbanos que
envolvem a História e o Património, mas é bem verdade que as pessoas gostam, e
fixam melhor estes mitos do que a verdade histórica comprovada.
Durante as várias décadas de
trabalho no Património aprendi um a coisa, que foi nunca me esforçar demasiado
em desmistificar os mitos, embora sempre os tenha classificado como mitos ou
lendas quando a eles me refiro.
No Mosteiro da Batalha ouve-se a
lenda da abóbada da Sala do Capítulo e do mestre Afonso Domingues, e eu acho
que é uma ume narrativa deliciosa, um pouco nacionalista, mas que trás um certo
misticismo ao monumento. Quem desejar aprofundar mais o seu conhecimento, pois
então que o faça, mas não desfaça o imaginário dos outros.
No Palácio da Vila de Sintra
temos a Lenda das Pegas, talvez um pouco machista mas por isso mesmo
interessante, ou as divagações sobre o Quarto Prisão de D. Afonso VI, seja
pelas razões da sua desgraça, do desgaste do solo do seu cárcere, ou até dos
sinais que trocaria com o conde de Castelo Melhor, que compõem uma narrativa
melodramática. E o que dizer da hipotética leitura dos Lusíadas ao rei D.
Sebastião pelo próprio Luís de Camões, no Pátio da Audiência, potenciado pelo
filme de Leitão de Barros?
Também podemos ir para Mafra onde
temos as ratazanas dos subterrâneos, e os exércitos de morcegos que tratam da
conservação dos livros, que fazem a delícia de quem ouve estas narrativas.
Claro que as lendas e as narrativas fantasiosas apimentam o imaginário de muita gente, mas devem sempre ser antecedidas do aviso correspondente, porque nunca se sabe a quem as contamos…
O picante da lenda é maior do que a história que muitos desconhecem e muito menos fixam...
ResponderEliminarKokuana