Tem sido com apreensão que tenho
seguido as notícias sobre a Grécia, especialmente depois de Tsipras ter
anunciado um referendo sobre a “ajuda” imposta pela troika nas últimas
negociações.
Em princípio as coisas pareciam
simples, pois do lado dos credores era incompreensível a nega por parte do
governo grego, e do lado dos apoiantes da posição grega o recurso ao referendo
era apenas a Democracia a funcionar em pleno.
As coisas são um pouco mais
complexas, porque estão em causa muito mais do que as condições impostas pelos
credores, mas também o direito democrático à participação do povo nas decisões
do governo, e também o futuro do euro e da União Europeia.
Como é o referendo que está mais
atravessado nas gargantas dos bons alunos da senhora Merkel e do FMI, convém
recordar que não vejo a mesma animosidade para com o Reino Unido, que também
vai realizar um referendo sobre a permanência na UE, talvez porque se trata dum
parceiro que não acata a maioria das decisões do directório europeu, desde o
princípio.
Dar a voz ao povo quando se está
perante uma situação para a qual o governo não se sente mandatado deveria
merecer o respeito de todos os democratas.