segunda-feira, outubro 08, 2007

CURTINHAS

Jornalismo – Ao tecer algumas críticas ao jornalismo português no meu post de ontem, tive o cuidado de não generalizar, porque seria injusto, mas também não podia deixar de lado a minha preocupação com o panorama em geral que não é nada famoso. Na área da sociedade e da política é muitas vezes impossível distinguir a notícia pura, do comentário e dos comunicados oficiais emanados das centrais de informação. Não sai deste modo prestigiado o jornalismo e os jornalistas, a credibilidade é assim posta em causa e os consumidores de informação sentem-se defraudados. O jornalismo tal e qual o concebo, é uma actividade que deve ser exercida com total liberdade e responsabilidade, onde os jornalistas possam dizer ou escrever o que realmente pensam, independentemente das suas ideias políticas ou outras, sem constrangimentos impostos por qualquer poder económico, político ou outro.

Opinião curiosa – A liberdade de expressão, de que eu sou um acérrimo defensor, permite dizer o que pensamos numa determinada altura, ainda que nem sempre tenhamos razão. No domingo, por exemplo, li a opinião de um sociólogo sobre a figura de Che Guevara que me fez sorrir. Já tinha lido 6 pequenas reflexões do mesmo autor, referentes a diferentes dias da semana, pelo já tinha feito uma caracterização, muito minha do tipo de pensamento do autor, mas mesmo assim, a última conseguiu arrancar-me o tal sorriso. O título “até nunca, comandante” prenunciava o que se seguia. Os termos utilizados a seguir, ao dizer que os fiéis se babam sobre panfletos ou filmes hagiográficos e excitam-se com a fotografia de Korda, menos fiel ao homem que ao mito, e aos retratos do “Che”, onde “está lá o olhar transtornado, a postura animalesca, a boçalidade arrogante dos desequilibrados e dos assassinos”. Ou mais à frente, “umas vezes, o que se quer dizer é barbárie, barbárie, barbárie. Outras vezes, como acontece no mundo sórdido e superficial da cultura popular, não se quer dizer nada”.
Confesso que de um sociólogo, não estava nada à espera de um escrito destes. Começo a ficar preocupado com a possibilidade de Alberto Gonçalves vir a escrever sobre os retratos de George Bush, Tony Blair ou de Durão Barroso, pois as consequências não serão apenas sorrisos de escárnio, mas provavelmente muito mais gravosas para a sua integridade física e não só. A democracia tem destas coisas, e a superficial cultura popular, que refere, aconselha com razão, mais prudência e uns caldos de galinha, não vá cair na tentação de vir a comentar os retratos que mencionei.

««« - »»»
Fotos - Sinfonia Azul
Blue Flame by *Deb-e-ann
Litvinov_Evgeny

»»» - «««

Humor

Olle Johansson

Randy Bish

8 comentários:

  1. O sociólogo analista de retratos mostra bem a qualidade dos comentários que encontram acolhimento na nossa comunicação social. O que é que esse senhor sabe sobre simbologia e sobre mitos? A liberdade permite-lhe estes disparates, mas se alguém fizesse uma análise ao seu retrato, tão expressivo como o que ele fez, já estaria com um processo por difamação às costas.
    Bjos

    ResponderEliminar
  2. Isto cada um tem liberdade de escrever o que lhe apetecer... aliás, hoje em dia qualquer alimária escreve por aí umas asneiradas... e há asnos que lêem aquilo como se fossem verdades, dogmas até... mas numa sociedade em que andamos sempre a correr como baratas tontas isso é apenas mais um reflexo... assim como algum alegado jornalismo de referência e de qualidade em que, sibilinamente, no que só devia ser notícia se vai alfinetando opinião.

    ResponderEliminar
  3. a liberdade é até dizer coisas como limitação ou coacção...paradoxal..

    lol

    boa semana

    ResponderEliminar
  4. Olá Guardião, está tudo lindo no teu blogue...
    Desde os textos ás fotos lindoooooooooooooooooooo
    Não podias fazer um desconto aos teus 250 anos.
    Podia ser que eu também acha-se uma boa ideia e me posse-se a saldo.
    Muitos beijinhos!
    Fernandinha

    ResponderEliminar
  5. A questão que levanta estas postagem é aquela que faz com que não leia a impressa portuguesa, ou então só muito raramente.E não o faço peo snobismo. Muitas vezes não entendo o que os comentadores querem dizer. Outras vezes estão todos a dizer a mesma coisa. Outras vezes é disparates a toda a prova. Encontrar alguma coisa que detenha a nossa atenção e eduque é raro. Sobre o Che: saiu ontem, no el Pais, uma excelente reportagem sobre a vida dele, com relatos de episódios da sua vida, menos conhecidos. Recomendo vivamente ao amigo Guardião e a todos os leitores e frequentadores deste blog a sua leitura, neta direcção:
    http://www.elpais.com/articulo/reportajes/podria/decir/extrano/elpepusocdmg/20071007elpdmgrep_1/Tes

    Em Portugal, a relação entre a politica e o jornalismo é muito promiscua. Muito facilmente os jornalistas passam de simples jornalistas a politicos e os politicos a jornalistas....é impressionante!
    Com este tipo de recrutamento e formação nas lides, politicas e jornalistas, os jornais, para mim, não se podem ler e estão inquinados desta maneira...obviamente que há alguns articulistas e jornalistas que prezo.

    As fotos são de rara beleza como sempre!

    Um abraço fraterno
    António

    ResponderEliminar
  6. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  7. Relativamente à qualidade jornalística é bom reflectir sobre as pressões do poder sobre a comunicação e ainda mais as escolhas de programas de entretenimento que afastam os portugueses dos problemas essenciais. Sobre a vida de Che já li muito. Umas coisas mais favoráveis que outras.Tinha os seus defeitos e as suas virtudes e vivia de acordo com os padrões da época e do seu espírito libertino. Foi uma figura fascinante como mito mas como pessoa não seria tanto assim.

    ResponderEliminar
  8. É por esses e por outras que perdi a paciência para ler peças jornalísticas. Tornou-se muito difícil para o meu frágil discernimento, averiguar onde é que estava o jornalismo e onde é que estava a opinião formada, a encomenda ou a segunda intenção.
    Posto isto, agora sou todo blogosférico, por aqui é tudo às claras, sem rodeios.
    Um abraço sem segundas intenções

    ResponderEliminar