
quarta-feira, dezembro 28, 2016
POBRE JORNALISMO

quarta-feira, setembro 21, 2016
terça-feira, fevereiro 14, 2012
FOMENTAR A DIVISÃO
Já se assistiu em Portugal a manipulações grosseiras da opinião pública, fomentadas por indivíduos e até por governantes, visando dividir a sociedade portuguesa.
Nos últimos anos foi notório o ataque cerrado aos funcionários públicos, transformando-os em privilegiados perante os restantes portugueses, tentando-se assim distrair as atenções dos erros monumentais dos governantes.
Sempre que existem greves lá vem o governo e a comunicação social falar dos inconvenientes causados aos restantes trabalhadores, e uns quantos mais “espertos” a dizer que razões para reclamar têm é os desempregados.
Não nos podemos esquecer que a comunicação social ao dar eco a estas coisas, ou anda distraída ou então coopera com quem fomenta a divisão dos portugueses, defendendo interesses inconfessados.
Ao ler um título do Dinheiro Vivo, “Privados vão pagar até mais 2% de IRS todos os meses”, fiquei com a impressão de que estava perante mais uma ofensiva contra os funcionários públicos, mas lendo a notícia lá estava a explicação lógica dessa diferença entre público e privado, que se prende com os cortes dos subsídios de férias e de Natal.
Devo dizer que o título é infeliz, e que pode induzir muita gente em erro, mas não posso afirmar que seja intencional. Fiquei com a pulga atrás da orelha…

segunda-feira, outubro 08, 2007
CURTINHAS
Opinião curiosa – A liberdade de expressão, de que eu sou um acérrimo defensor, permite dizer o que pensamos numa determinada altura, ainda que nem sempre tenhamos razão. No domingo, por exemplo, li a opinião de um sociólogo sobre a figura de Che Guevara que me fez sorrir. Já tinha lido 6 pequenas reflexões do mesmo autor, referentes a diferentes dias da semana, pelo já tinha feito uma caracterização, muito minha do tipo de pensamento do autor, mas mesmo assim, a última conseguiu arrancar-me o tal sorriso. O título “até nunca, comandante” prenunciava o que se seguia. Os termos utilizados a seguir, ao dizer que os fiéis se babam sobre panfletos ou filmes hagiográficos e excitam-se com a fotografia de Korda, menos fiel ao homem que ao mito, e aos retratos do “Che”, onde “está lá o olhar transtornado, a postura animalesca, a boçalidade arrogante dos desequilibrados e dos assassinos”. Ou mais à frente, “umas vezes, o que se quer dizer é barbárie, barbárie, barbárie. Outras vezes, como acontece no mundo sórdido e superficial da cultura popular, não se quer dizer nada”.
Confesso que de um sociólogo, não estava nada à espera de um escrito destes. Começo a ficar preocupado com a possibilidade de Alberto Gonçalves vir a escrever sobre os retratos de George Bush, Tony Blair ou de Durão Barroso, pois as consequências não serão apenas sorrisos de escárnio, mas provavelmente muito mais gravosas para a sua integridade física e não só. A democracia tem destas coisas, e a superficial cultura popular, que refere, aconselha com razão, mais prudência e uns caldos de galinha, não vá cair na tentação de vir a comentar os retratos que mencionei.
domingo, outubro 07, 2007
SE A MODA PEGA...

O excessivo alinhamento e dependência do poder começou a revelar-se fatal para a classe jornalística, que começou a ver cerceada a sua actividade com cada vez maiores restrições por parte do poder político, o que começou a ser considerado uma ameaça à sua independência e objectividade.
As reacções já começaram, e é sem surpresa que ouvimos alguns dizerem que o papel dos jornalistas e da imprensa “é perseguir, caçar e derrubar os políticos” porque “alguém tem de controlar esta gente”, como Diogo Mainardi da Veja (Brasil).
Sem o mesmo radicalismo, mas igualmente com as baterias apontadas aos privilégios dos políticos surgiu no mês de Maio em Itália, o livro “La Casta”, um autêntico best-seller desde então onde jornalistas de 1ª linha do Corriere della Sera, desvendam uma série de privilégios verdadeiramente escandalosos de políticos italianos.
Por cá os nossos jornalistas estão, ao que parece mais acomodados à sombra do poder, e tem sido muitas vezes a blogosfera a trazer a lume alguns casos, pelo que tem sido o alvo preferido dos políticos que não controlando essas informações se sentem verdadeiramente ameaçados.
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quarta-feira, junho 06, 2007
O DESASSOMBRO DE BAPTISTA-BASTOS
«O Sindicato dos Jornalistas foi ao Parlamento "denunciar" que "profissionais experientes e incómodos para os órgãos de comunicação social estão a ser expulsos das redacções". A frase está mal construída, por confusa; a "revelação" é extraordinária, por atrasada. Há mais de 25 anos que o fenómeno da exclusão começou a verificar-se.»
Mais à frente uma frase marcante: «Não há anjos amotinados nestas questões de liberdade - porque de liberdade se trata.»
Para terminar, acrescenta o autor o que se tem passado e aponta o dedo, com um desassombro que só a sua autoridade lhe permite: «Grandes jornalistas, que lavraram, no armorial do ofício, páginas brilhantes, às quais nunca faltou a marca d'água da honra - e da gramática -, foram desprezados, humilhados, perseguidos. Uma casta parda mas perigosa, com sorriso de bisturi e alma de delinquente, assenhoreou-se de lugares de mando e tripudiou sobre a dignidade da imprensa. À esquerda e à direita. Terá o sindicato capacidade colectiva, autoridade moral e histórica para "denunciar" esta monstruosidade social, dispersa por outras monstruosidades sociais em que o País é fértil?».
Já aqui tenho tecido críticas ao jornalismo, mas devia sempre ter feito a distinção que agora imperiosamente tenho que fazer, há maus jornalistas, mas o jornalismo é e será sempre, enquanto houver quem escreva com verticalidade e coerência, uma profissão respeitável e necessária em qualquer democracia.

quinta-feira, abril 26, 2007
SANTOS SILVA VERSUS MORAIS SARMENTO
Santos Silva, com a inteligência e o tacto político que se lhe conhece, aborda essencialmente o dever de auto-regulação dos jornalistas, mencionando alguns casos onde o código de ética e deontológico não foi respeitado, como a divulgação das identidades de menores vítimas de crimes sexuais e de delinquentes menores. A isto chama jornalismo de sarjeta, expressão de que não é autor, acrescentando que em alguns casos “as más condições de trabalho facilitam erros” dos jornalistas (embora não os justifiquem).
Morais Sarmento, a propósito da nomeação de Pina Moura para a administração da TVI, lança outra abordagem muito realista sobre a possível dependência ou influência dos diversos poderes, político e económico (patronal no caso), no que respeita aos jornalistas. Reconhece que o poder político sempre pretendeu, e pretende, exercer a sua influência sobre os jornalistas, e eu acrescentaria que o poder económico, os grupos que detêm os média, também não vêm com bons olhos críticas aos seus interesses o que condiciona naturalmente o trabalho dos jornalistas. Ao falar do caso de Espanha, mostra um exemplo do que é evidente, a assumpção clara duma ideia política por parte de cada órgão de comunicação social.
Abordagens diferentes sobre o jornalismo, mas interessantes, pois deviam ser alvo de reflexão por parte dos jornalistas, já que todos compreendemos que a isenção é um mito, porque todos temos opiniões próprias e somos todos dependentes de alguém que pode não gostar de tudo o que dizemos, com todas as consequências que daí podem advir.