Todo e qualquer humano na
condição de refugiado merece-me o maior respeito, e não me passaria pela cabeça
escorraçar quem passa por essa terrível situação, que em determinada altura da
vida também eu me encontrei, pelo que conheço bem o desespero que se sente
nessas alturas.
Há quem faça a distinção entre
refugiados de guerra e refugiados económicos, ainda que eu pense que não faz
grande sentido, porque se a vida é um valor maior, a miséria e o desespero são
igualmente motivos para qualquer pessoa migrar para um local onde possa viver
decentemente como devia acontecer com todos os seres humanos.
No meio desta crise de refugiados
que a Europa atravessa por estes dias, tenho assistido a muita hipocrisia,
muito oportunismo e ainda uma boa dose de ingenuidade, em doses desiguais.
Na política reina a hipocrisia e
o oportunismo, especialmente porque receber refugiados é feito a troco de
ajudas monetárias, e é usado como propaganda política. As coisas ficam mais
claras quando se discutem quotas de refugiados a aceitar, enquanto que se
constroem mais uns muros e umas vedações que impeçam a sua entrada em solo
europeu.
Também falo de ingenuidade de
alguns, que aplaudem a senhora Merkel pela sua posição favorável, mas que é
baseada na concertação com os parceiros europeus, querendo que estes respondam
na mesma medida. Todos sabem que a Alemanha e a Inglaterra são os destinos mais
ambicionados por esta onda de refugiados, facto que não é alheio a factores
económicos, transformando o sucesso económico destes países numa maldição que
os pode afectar, daí quererem partilhar o fardo, ainda que os outros parceiros
não tenham condições materiais para o fazer.