É raro mas, por vezes, tenho a
oportunidade de conversar abertamente com altos responsáveis da Cultura (
abaixo dos representantes do ministério), e é interessante constatar que andam
mal informados e que estão “amarrados” pelo politicamente correcto, ou seja,
preferem não levantar ondas ou pressionar os superiores, defendendo os
subordinados.
Quando questionados sobre a
problemática da falta de pessoal de vigilância, e sobre a dificuldade em fixar
funcionários nessas funções, só conseguem dizer que não têm verbas para abrir
mais concursos dos que os impostos pelo Tribunal de Contas em 2015.
A facilidade e ligeireza com que
dizem que não existem verbas disponíveis para valorizar as funções de
vigilância, que têm horários (impostos) diferenciados, ao contrário dos colegas
do mesmo grupo profissional (assistentes técnicos), é simplesmente indecente.
Não admira que das recentes
admissões para estas funções, boa parte já as tenham abandonado para “saltarem”
para outros ministérios com horários menos penalizadores, e com probabilidades
futuras de progressão, que nos museus não existem.
Os senhores políticos, e aqui
também os dos partidos que suportam o governo, vêm recomendar mais
gratuitidades nos museus, palácios e monumentos, mesmo sabendo que se não
fossem as receitas geradas, nem dinheiro haveria para o normal funcionamento
dos serviços.
Defender os trabalhadores sem
cuidarem das receitas e das dotações orçamentais é pura hipocrisia. Não
investir em pessoal, em formação, e em conservação, não conduz a melhores
serviços e a um aumento de receitas, disso podem estar cientes. A Cultura não
pode estar entregue a quem se acomoda e não a defende.