O ministro Eduardo Cabrita diz
que o governo vai penalizar empresas com práticas discriminatórias, o que
merece o aplauso de quase todos, e fala em disparidades salariais, da
segregação em certas profissões, da paridade nos cargos dirigentes e na
conciliação da vida pessoal, profissional e familiar, como exemplos das
preocupações do executivo.
É difícil criticar as
preocupações do senhor ministro, mas parece-me que dentro do próprio Estado
existem mecanismos de discriminação, e só vou falar da conciliação da vida
familiar, pessoal e laboral e num sector muito específico, os museus.
Existem trabalhadores com a
categoria de assistente técnico, que garantem a abertura dos museus, palácios e
monumentos, que são claramente discriminados relativamente a outros colegas com
a mesma categoria (e em muitos casos admitidos para essas funções), que
trabalham apenas de segunda a sexta, com a garantia de não trabalhar aos
feriados, e que até beneficiam de tolerâncias de ponto e fazem pontes sem
qualquer dificuldade. Os salário de uns e outros é rigorosamente o mesmo.
Não sei como é que este caso
absolutamente real e da esfera do Estado, ainda não foi considerado
discriminatório. Claro que conheço, e tenho à minha frente, um Despacho de 2015
que “legaliza” esta verdadeira aberração, mas não é por isso que deixa de ser
um mecanismo sofisticado de discriminação, usando uma classificação do próprio
ministro Eduardo Cabrita.
Não vi discutir a necessidade de
ter os museus, palácios e monumentos abertos aos fins-se-semana e alguns
feriados, porque não se perceberia num país dependente das verbas do turismo,
mas é evidente que para horários excepcionados terá que existir uma compensação
dessa mesma excepcionalidade, porque o sistema actual configura uma clara
discriminação negativa.
É difícil criticar as preocupações do senhor ministro mas é fácil desmontar a figura e a prática do senhor Eduardo Cabrita.
ResponderEliminarUm abraço e bom trabalho
O Estado não é um patrão exemplar e as suas práticas conseguem ser mais injustas até que no privado, onde a competência sempre interessa um pouco porque o lucro assim o determina.
ResponderEliminarJoca