sábado, junho 29, 2013

A EUROPA “AMIGA” DOS DESEMPREGADOS



Portugal “entrou” na Comunidade Europeia por vontade dos nossos políticos e o aprofundamento da integração foi feito sem a necessária consulta às populações. Independentemente das opiniões de cada um, o processo não foi verdadeiramente democrático.

Numa comunidade de países as coisas podem correr bem, mas também podem correr pior se o peso de cada país for diferente como acabou por acontecer na União Europeia, de alguns anos a esta parte. Portugal como país de pequena dimensão, com poucos habitantes e com uma economia fraca, quase não tem voz matéria na UE.

A Europa onde nos encontramos tem privilegiado os grandes países e os grandes grupos económicos em quase todas as áreas, tornando cada vez mais difíceis as condições concorrenciais das economias mais débeis.

Um exemplo mais do que flagrante está no facto de se ter tido conhecimento que, para a ajuda aos desempregados jovens a CE está a disponibilizar uma quantia que é 0,17% do que já deu aos bancos nesta última crise. Creio que até os mais fervorosos europeístas se indignam com esta discrepância de ajudas.



sexta-feira, junho 28, 2013

RESPEITO OU TOLERÂNCIA?



Este governo não consegue convencer nem na acção nem no discurso, onde é igualmente desastrado.

Foi deplorável ouvir da boca de um governante, ainda durante a greve geral de ontem, que respeitava quem aderiu à greve, mas que o governo respeitava mais quem estava a trabalhar.

Infelizmente o senhor ministro que proferiu esta incongruência não percebeu que só se pode respeitar ou não respeitar pessoas, e nunca respeitar mais uns do que outros, porque o respeito merece-se.

O conceito de tolerância é muito diferente, e o que se pode deduzir da afirmação do ministro, é de que o governo se limita a tolerar quem aderiu à greve, pois não pode (legalmente) combater esse direito porque não consegue mudar a lei.

Já agora, basta também consultar a Wikipédia para ver que o respeito não deve ser confundido com tolerância porque tolerância não diz necessariamente nenhum sentimento positivo, e não é compatível com desprezo, o contrário de respeito.

O português é tramado, e os políticos deviam estar mais atentos ao que dizem.



terça-feira, junho 25, 2013

PATRIMÓNIO À VENDA



Há poucos dias veio a público o caso de um Crivelli que saiu de Portugal e foi vendido no estrangeiro, apesar de não existir nenhuma obra deste pintor nos museus nacionais. Foi curioso saber-se que até estava catalogado por cá, mas a protecção legal foi levantada e lá partiu o quadro por 2,9 milhões de euros.

Agora soube-se que um caquesseitão, peça indo-portuguesa que é uma das 7 conhecidas em todo o mundo, que vai à praça em Paris por falta de interesse manifestado pelo Estado português, apesar da recomendação de aquisição feito por entidades reconhecidas.

Eu sei que estamos em tempos de vacas magras, mas também sei que o turismo cultural tem um grande impacto na nossa economia. O investimento no Património tem retorno, e a existência de benefícios fiscais para quem pratique o mecenato era uma medida inteligente para que peças únicas não saiam do país.  



domingo, junho 23, 2013

COIMBRA


Para As Raparigas de Coimbra

1

Ó choupo magro e velhinho,
Corcundinha, todo aos nós:
És tal qual meu avôzinho,
Falta-te apenas a voz.

2

Minha capa vos acoite
Que é p'ra vos agazalhar:
Se por fóra é cor da noite,
Por dentro é cor do luar...

3

Ó sinos de Santa Clara,
Por quem dobraes, quem morreu?
Ah, foi-se a mais linda cara
Que houve debaixo do céu!

4

A sereia é muito arisca,
Pescador, que estás ao sol:
Não cae, tolinho, a essa isca...
Só pondo uma flor no anzol!

5

A lua é a hostia branquinha,
Onde está Nosso Senhor:
É d'uma certa farinha
Que não apanha bolor!

6

Vou a encher a bilha e trago-a
Vazia como a levei!
Mondego, qu'é da tua agoa?
Qu'é dos prantos que eu chorei?

7

A cabra da velha Torre,
Meu amor, chama por mim:
Quando um estudante morre,
Os sinos chamam, assim.

8

- E só porque o mundo zomba
Que poes luto? Importa lá!
Antes te vistas de pomba...
- Pombas pretas tambem ha!

9

Therezinhas! Ursulinas!
Tardes de novena, adeus!
Os corações ás batinas
Que diriam? sabe-o Deus...

10

Teu coração é uma igreja:
N'uma eça dorme, alli,
Manoel, bemdito seja,
Que morreu d'amor por ti.

11

Manoel no Pio repoiza:
Todos os dias, lá vou
Ver se quer alguma coiza,
Perguntar como passou.

12

Agora, são tudo amores
A roda de mim, no Caes,
E, mal se apanham doutores,
Partem e não voltam mais...

13

Aos olhos da minha fronte
Vinde os cantaros encher:
Não ha, assim, segunda fonte
Com duas bicas a correr!

14

Nossa Senhora faz meia
Com linha feita de luz:
O novello é a lua-cheia,
As meias são p'ra Jezus.

15

Meu violão é um cortiço,
Tem por abelhas os sons
Que fabricam, valha-me isso,
Fadinhos de mel, tão bons...

16

Ó fogueiras, ó cantigas,
Saudades! recordações!
Bailae, bailae, raparigas!
Batei, batei, corações!


António Nobre, in 'Só'

sábado, junho 22, 2013

OS SANTOS, AS FESTAS E OS FERIADOS



Na sua fúria contra os trabalhadores em geral, e em particular contra os funcionários públicos, o governo cortou, entre outras coisas, uns quantos feriados, dizendo que assim aumentaria a produtividade nacional.

A única receita que este executivo conhece para o aumento da produtividade é a diminuição dos custos do factor trabalho, deixando bem clara a sua ideologia e a sua falta de conhecimentos sobre a multiplicidade de estímulos já testados com sucesso neste campo, que passam sobretudo pela satisfação de quem trabalha.

A trapalhada dos feriados municipais é apenas mais uma do rol das que o governo nos tem presenteado. Em Lisboa esqueceram-se de reconhecer o direito à tolerância de ponto no Santo António, ainda que a própria Assembleia da República tenha encerrado. No Porto seguiu-se o folhetim protagonizado por Rui Rio, e agora lá veio o governo (muito tarde) reconhecer o direito ao feriado do São João.

Como existem muitos outros feriados municipais que são comemorados por este país fora, será que estamos à mercê da boa disposição dos governantes para cada um deles, ou será reconhecido para todos os respectivos feriados municipais?