Uma das coisas que mais custa a
engolir por parte daqueles que votaram PSD/CDS é o facto de existir uma agenda
política, caracterizada pela defesa de quem já tem muito em detrimento de quem
tem pouco, que é a maioria dos portugueses.
A velha dicotomia
capital/trabalho está bem presente na accção política deste governo, que tudo
tem feito para transferir dinheiro do factor trabalho para o do capital, como
foi bem patente com aquela trapalhada da TSU. Podia também falar no agravamento
do IRS e nos benefícios fiscais a grandes empresas, mas é apenas mais uma
redundância.
Um dos exemplos que está na ordem
do dia é o do carros de alta cilindrada, daqueles que passeiam os membros do
governo, que por acaso continuam a ter uma grande procura, pelos ministérios e
pelos grandes grupos económicos, e onde o Estado perde 1440 euros por cada
viatura, em impostos.
A raia miúda paga para que os
traseiros de quem muito tem, se possam passear em viaturas de alta cilindrada,
enquanto a maioria dos portugueses conta os tostões que resultam do seu
trabalho, ou da sua reforma, caso sejam ainda dos que não fazem parte da larga
legião dos que nem trabalho têm.
Com mais medidas de austeridade no horizonte talvez seja altura dos portugueses se questionarem se querem continuar a ser "espremidos" enquanto outros continuam a ser poupados ao esforço e à contenção.
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Fotografia by Palaciano