José Sócrates brindou-nos com um discurso optimista e confiante onde refere que que está ultrapassada a crise orçamental dos últimos anos, mostrando-se confiante para enfrentar os desafios e incertezas da economia global.
O sentido geral do discurso estava dado, seguiram-se os números, encabeçados pelo do crescimento perto dos 2%, o emprego onde afirma ter criado 106 mil novos empregos, em termos líquidos, mais 17% de alunos no ensino superior e 360 mil adultos inscritos nas novas oportunidades.
Apesar de toda a boa vontade que nos caracteriza a todos nesta quadra festiva, dá vontade de dizer que o senhor 1º ministro canta bem, mas não nos alegra.
Talvez por causa dos meus óculos novos, a minha visão mostra-me uma outra realidade, em que o crescimento do meu salário não acompanhou os valores do crescimento da economia nacional e nem sequer a inflação real, pelo que de há sete anos a esta parte estou a perder constantemente poder de compra. Também nos números da criação de emprego, José Sócrates não criou nem um sequer, pelo contrário extinguiu alguns na Função Pública, e o número de 106 mil “empregos líquidos” é uma balela, pois nem com os dados do INE isso confere, porque a taxa de desemprego não baixou dos números que eram conhecidos quando tomou posse, pelo contrário aumentou.
Falar do êxitos na educação também não me convence, porque continuamos a formar jovens para o desemprego por manifesta falta de planeamento, e continuamos a ter um défice enorme nos cursos profissionais que não formam gente em quantidade suficiente, e qualidade refira-se, para as necessidades reais do país.
Falou ainda José Sócrates em “promover políticas sociais” e referiu-se em particular aos idosos, e também aqui eu vejo algo de diferente, pois são inúmeros os idosos que vivem em péssimas condições económicas e não só, e que quando recorrem a lares, particularmente nos grandes centros urbanos, os seus rendimentos não são suficientes para a maioria das mensalidades cobradas.
Não sei se a minha visão decorre da cor das lentes, que garanto não são rosadas, ou se as do senhor 1º ministro são tão optimistas pela simples razão de não saber o que se passa no mundo real que eu frequento.
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Aguarelas
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