terça-feira, setembro 29, 2020
A MINHA LEITURA ACTUAL
domingo, setembro 27, 2020
FOI PERIGOSO TRADUZIR A BÍBLIA
John Wycliffe (1330-1384) foi um dos grandes pensadores ingleses do séc. XIV. Teólogo era a sua profissão e foi assessor do Parlamento nas negociações com Roma.
Wycliffe começou por se indignar com a corrupção e interesses pessoais que grassavam em Roma, e depois de publicar uns panfletos em que chegou a classificar o papa como “o anticristo, o sacerdote mundano de Roma e o mais amaldiçoado carteirista”, foi chamado ao bispo de Londres para se explicar.
Foi julgado numa audiência que mais não foi do que uma farsa, sendo mais tarde acusado de heresia e forçado a deixar de ensinar em Oxford.
Como as pessoas comuns não percebiam o latim, e só tinham acesso ao que dizia o clero, Wycliffe, que acreditava que todos deviam poder ler a Bíblia, acabou por produzir uma bíblia em inglês, resultado do trabalho de 13 anos com ajuda dos seus assistentes.
Ainda durante o trabalho de tradução o Parlamento votou um projecto de lei para proibir a tradução e mesmo a posse duma cópia da Bíblia, mas tal projecto não foi aprovado por influência de John de Gaunt.
A igreja voltou a perseguir Wycliffe mesmo depois deste já ter morrido, e por isso o papa Martinho V mandou exumar os seu ossos do túmulo para depois os queimar e jogar as suas cinzas num rio, em 1427, para que o seu túmulo não fosse reverenciado.
John Wycliffe entrega a tradução da Bíblia aos padres, que ficaram conhecidos como lolardos. (quadro de William Frederick Yeames) (Wikipédia)terça-feira, setembro 22, 2020
COMPORTAMENTOS E FISCALIZAÇÃO
Vivemos uma situação delicada de saúde pública e todos temos que evitar a progressão das infecções, através do comportamento responsável.
Nos últimos tempos assistimos a algum desleixo, que se via nas praias, nas festas ilegais, nos ajuntamentos irresponsáveis, e na entrada de turistas sem qualquer controlo sanitário. O pretexto era a economia, as férias também ajudavam à descontração, e tudo parecia estar a correr bem.
Agora veio o fim das férias e o retorno ao trabalho para muita gente, o começo das aulas nas escolas e universidades, exactamente na altura em que o número de infectados aumenta dum modo que já começa a fazer soar as campainhas de alarme.
Tem sido divulgado que o número de jovens infectados tem aumentado muito, e que isso é o resultado de comportamentos errados, e isso é uma realidade. Hoje mesmo passei pelo parque infantil da Portela de Sintra, perto da Escola Secundária de Santa Maria, e apesar das grades e sinais que impedem a entrada nesse espaço, estava cheio de jovens na cavaqueira, quase todos sem máscara, e por acaso passava um carro da GNR que apesar de andar devagar não parece ter considerado oportuno intervir.
Não gosto de estados policiais, mas também não creio que este tipo de comportamentos de risco seja evitado sem a devida fiscalização por parte das autoridades.
Tudo ao molho...
segunda-feira, setembro 21, 2020
MUSEUS E A FALTA DE TRABALHADORES
O problema da falta de pessoal nos museus, monumentos e palácios dependentes do Ministério da Cultura é crónica há pelo menos duas décadas.
A degradação dos serviços é notória, o fecho de salas e o afrouxamento da vigilância são realidades que o público mais atento já constatou.
Já há bastantes anos os museus deixaram de ter pessoal operário para as limpezas, recorrendo-se a empresas externas, e como se sabe os concursos são ganhos por quem oferecer preços mais baixos, o que se reflecte naturalmente na qualidade de serviço. Na vigilância os concursos têm sido muito poucos, e o recurso à mobilidade também se revelou um falhanço pois apenas serviu de ponte para a ida para outros serviços com horários melhores e outras possibilidades de progressão.
A escassez de pessoal é problemática, mas os problemas não se esgotam por aí. O nível etário é altíssimo, com todos os inconvenientes daí decorrentes. A formação profissional é uma miragem e em muitos serviços nem sequer é dada a conhecer aos vigilantes.
Podia falar da escassez de verbas e de autonomia, que serve a muitos dirigentes para disfarçar a mediocridade do seu desempenho, tanto na organização do trabalho como na investigação e divulgação do espólio dos serviços. As excepções são conhecidas, quer pelas reivindicações apresentadas, muitas públicas, quer pela actividade que os visitantes podem aferir nas suas visitas.
domingo, setembro 20, 2020
CIPAIOS
Outro dia, um dos membros (Beira no coração) comentou “Cipaio” na foto do “sinaleiro”...., o que avivou a minha memória de mais uma palavra linda por mim usada , enquanto adolescente na Beira. Embora não seja nenhuma novidade para a maioria dos membros, talvez exista alguém que possa beneficiar da informação que existe disponível sobre o Cipaio, salientando a sua evolução na História.
O “Cipai”, “Sipai”, “Sipaio”, “Cipaio” tem origem na língua persa “sepahi, sepoy ou sipahi” significando cavaleiro turco e, também soldado hindu no exército inglês na Índia, sob as ordens de oficiais britânicos.
Abreviando.... em Moçambique, estes “cipaios” eram vátuas e eram considerados guerreiros destemidos, pois serviam Gungunhana contra o exército português e, que após a rendição do grande chefe negro, os mesmos guerreiros prestaram voto de lealdade ao Rei de Portugal, formando assim unidades de infantaria, com funções de policiamento. Daqui, o significado e o uso de “soldado de infantaria”.
Eles fizeram parte do exército da África Oriental portuguesa, lutando do mesmo lado das unidades que foram enviadas para Moçambique para combater os alemães na primeira guerra mundial, no norte do território e no Tanganica, que era colónia alemã.
Portugal manteve forças de “cipaios” no seu Estado Português da Índia e, qualquer militar português com gabarito (naquela época), passou pela Índia. Moçambique tinha muitas ligações com a Índia.
Mais tarde, Moçambique foi o território ultramarino que tinha o maior contingente de cipaios. Nos anos vindouros esta palavra passou a ser usada, mas como sinónimo de uma força militar, sob a administração portuguesa e, direccionada para o policiamento local e rural, sendo comandada por um oficial europeu.
Esses cipaios landins, pelo que constatei teria sido por volta de 1930/1940, e que a pouco e pouco começaram por participar nas campanhas de ocupação. Começaram por dissociar-se das suas comunidades, a assimilar os valores, os ideais, os gestos e a língua do branco “civilizado” e, sucessivamente ascenderam aos cargos da administração colonial portuguesa, tendo chegado a guardas dos quadros mais importantes, como por exemplo, dos governadores de distrito e do governador geral de Moçambique.
Serviram de elo entre brancos e indígenas e, ao contrário do que se julga, eram eles que aplicavam os mais duros castigos aos desobedientes.
Com a evolução dos tempos, a figura de “cipaio”, que eu me lembro de ver na Beira, já era ligeiramente diferente dos das 3 fotos anexas.
Texto de Ana Anasha