domingo, julho 26, 2020

O PERIGO DOS EXTREMISMOS



Começa a ser preocupante ver que muitas causas legítimas acabam por descambar em excessos que são condenáveis.

Quando se viraram as atenções para a existência óbvia da escravatura em determinada época, logo apareceram os que aos gritos berravam que estes e aqueles povos tinham praticado a escravatura e que tinham que ser condenados. Poucos se debruçaram sobre o fenómeno da escravatura no mundo, circunscrevendo as críticas a uma época e apenas a alguns povos, ignorando tudo o resto. As estátuas começaram a ser destruídas, sempre que as ligassem colonialismo ou esclavagismo, destruindo Património que podia, ou não, ser testemunho para gerações futuras dessas práticas.

Casos de justiça, alguns assassínios mesmo, estão a ser julgados em praça pública como casos de racismo, mas é notória alguma selectividade, pois acontece sobretudo quando as vítimas são de uma determinada etnia, mas quando as vítimas são de qualquer das outras etnias, o racismo quase nunca se fala de racismo. Há racismo evidentemente, mas será que só os europeus são racistas?

Com os incêndios perderam-se ainda há poucos anos imensas vidas humanas, e há poucos dias morreram dezenas de animais também durante um incêndio, e o tratamento público, e as declarações políticas foram tão diferentes que muitos se perguntaram se as vidas humanas são menos importantes que as de cães e gatos. Não se contesta que ambas as situações são lamentáveis e que nunca deveriam acontecer em lado nenhum, mas convenhamos que o discurso não foi feliz.

Como disse é importante falar sobre racismo, sobre o colonialismo, sobre os direitos das pessoas, sobre os direitos dos animais, sobre a escravatura, mas com serenidade, com conhecimento, com o distanciamento e conhecimento histórico, e sobretudo com informação e em diálogo. As sociedades não foram, não são e não serão sempre justas com todos. Não partir dessa premissa é sempre errado.



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