segunda-feira, novembro 25, 2019

CRÍTICAS POUCO RAZOÁVEIS

O politicamente correcto é muitas vezes um perfeito disparate, em que se confunde o que se quer defender com tudo e mais alguma coisa. 

Em geral pega-se em algo do passado e vai de tecer condenações a torto e a direito, sem olhar às condicionantes do tempo, dos usos e costumes e até da racionalidade.

Alguém postou  numa rede social uma imagem publicitária da vetusta Casa Africana, que sempre foi aceite como razoável e inócua, mas logo surgiram as vozes críticas que só conseguiram realçar a cor da pele do símbolo da empresa em questão.

Infelizmente os críticos da imagem, que a ligaram apenas ao facto de ser de cor negra e à exploração que julgavam evidente pelos embrulhos que segurava, não viveram no século XX, desconhecem completamente as funções dos porteiros e bagageiros de hotel, e até de comboios e navios.

Enfim, a ignorância e a sede de protagonismo de quem apenas segue a onda do politicamente correcto...






domingo, novembro 24, 2019

NO REINO DA ALDRABICE


Portugal continua a ser um país virtual, em que aquilo que consta não bate certo com a realidade do dia-a-dia dos seus habitantes.

Os patrões acham que um ordenado mínimo nacional de 635€ podem ser factor desequilibrador para muitas pequenas e médias empresas nacionais, o que poderia ser prejudicial para muitos trabalhadores dessas empresas. É curioso que num país onde a maioria das 1,2 milhões de empresas nacionais não apresentam lucros, e os seu donos e gestores andam em carros topo de gama, o que não bate muito certo, bem como a baixa produtividade, que com dados martelados só pode mesmo ser baixa.

O Estado que devia ser o exemplo para todos, promete aumentos que deviam cobrir a inflação, afinal use dados de anos anteriores, como se os custos se mantivessem ao nível do modelo utilizado. Também convém recordar que os salários da função pública estão congelados desde 2009, sim, há dez anos.

Se os políticos (e os governantes são políticos), e os patrões usam destes estratagemas para iludir quem trabalha, então é licito dizer que vivemos num país dominado por aldrabões, tanto na política como no patronato.

 


segunda-feira, novembro 18, 2019

OS AUMENTOS DE LUXO QUE SE ESPERAM

Chegou o anúncio pomposo da "vontade" de aumentar os salários da Função Pública com base na inflação de 2019 e é ver por todo o lado funcionários a festejar.

Consta que as encomendas de Porsches, Mercedes e BMW's já nem são aceites por não haver produção suficiente para atender aos pedidos já feitos.

Os condomínios de luxo anunciados para toda a zona da Grande Lisboa e Grande Porto já estão vendidos, mesmo aqueles que ainda não foram iniciados.

As agências de viagens estão desesperadamente a lutar por encontrar destinos de sonho para tanta procura.

Desta vez os aumentos não serão percentuais mas sim iguais para juízes e assistentes operacionais, medida que é aplaudida por todos os sindicatos e partidos.
 

terça-feira, novembro 12, 2019

NOTÍCIAS E MUSEUS


Vamos ouvindo e lendo notícias boas e menos boas sobre o nosso Património, e enquanto o novo Orçamento de Estado não for aprovado só podemos fazer suposições baseadas na experiência.

Do Museu Nacional de Arte Antiga chegam algumas notícias boas, com o restauro dos Painéis de São Vicente e dos medalhões da oficina Della Robbia. Sobre a contratação de pessoal em falta só saberemos alguma coisa depois do OE.

Do Museu Nacional da Música pouco se tem ouvido, mas parece que a intenção de o vir a instalar no Real Edifício de Mafra se vai concretizar, apesar das resistências que se conhecem, e infelizmente não creio que isso traga benefícios para o Palácio Nacional de Mafra que está a necessitar muita atenção e algum investimento, para continuar a merecer a classificação recentemente atribuída pela UNESCO.

A Cultura tem sido relegada para os últimos lugares das prioridades dos últimos governos, vamos ver se existe alguma mudança nos próximos anos.


terça-feira, novembro 05, 2019

A PRODUTIVIDADE E OS ESTÍMULOS


Em Portugal sempre que se fala em aumentos salariais o patronato vem logo com a falta de produtividade, que não permite os tais aumentos. Falar da falta de investimento, da modernização das empresas, da diminuição das disparidades salariais, das condições de trabalho, ou da sua organização, são temas que apenas decoram os discursos políticos.

Um título da nossa imprensa “Microsoft introduziu semanas de trabalho de quatro dias e produtividade aumentou 40%”, passou literalmente ao lado da opinião pública, como se fosse uma coisa que tivesse acontecido em Marte, e não no nosso planeta.

O discurso da cenoura à frente dos olhos é, por cá, reduzido aos aumentos salariais, o que é redutor. Os estímulos podem ser de diversas formas e não só de natureza salarial, e é bem verdade que trabalhadores satisfeitos são trabalhadores mais produtivos.

Há factores que motivam os trabalhadores, ou as equipas, como as boas condições de trabalho (refeitórios decentes, subsídios de alimentação razoáveis, horários e folgas compatíveis com a vida familiar), uma comunicação efectiva e um diálogo frequente entre chefias e funcionários, estabelecimento de objectivos práticos e razoáveis, formação contínua, etc.

Podia falar de prémios por desempenho para todos, e não apenas para as chefias ou administrações, mas já estava a começar a escandalizar alguns.

Enumerei alguns tipos de estímulos que estão perfeitamente ao alcance da maioria dos empregadores, e que ou já estão previstos na lei (e não são cumpridos), ou que podem ser implementados sem grandes custos, basta haver vontade e menos ganância.



domingo, novembro 03, 2019

ESQUISITO


Portugal é um país muito interessante, ainda que por vezes se verifiquem coisas estranhas, muito complexas e mesmo inexplicáveis.

Ainda há poucos dias um ministro dizia que o Tejo não tinha falta de água, isso era verdade apenas para um afluente, mas poucos dias depois a gestão que Espanha fez do caudal do Tejo não é aceitável.

Agora soube-se do ataque ao quartel de uma associação humanitária, o quartel de bombeiros de Borba, e logo salta um ministro a dizer que Portugal é um país muito seguro e blábláblá.

Um político da extrema-direita, eleito para o nosso Parlamento, fez uma tese de doutoramento em que criticava o populismo penal e a estigmatização de minorias, mas agora afirma que a tese não era uma questão de opinião, mas sim uma questão de ciência, e que distingue muito bem a parte científica da parte opinativa.

A eleita dum partido português, mais conhecida por ser negra, discriminada e gaga, em todas as direcções contra quem com ela discorda, quem a critica e diz que já gaguejou menos do que actualmente. Por mero acaso é apenas esta a mensagem que passa para o eleitorado nestes primeiros dias de mandato.

Os nossos deputados europeus, mais precisamente alguns, votaram contra uma resolução que defendia mais ajuda a refugiados no Mediterrâneo, mas agora dizem que foi por engano, ou que não foi bem assim, e que não passa duma miserável manipulação.

É muito esquisito que nada seja o que parece, mas lá que parece…