domingo, março 21, 2021

OS NOSSO ALIADOS INGLESES

O mais antigo tratado de aliança diplomática do mundo, o Tratado de Windsor entre Portugal e a Inglaterra continua a ter significado para a política portuguesa, mas não tem a mesma reciprocidade por parte do governo inglês, e isso tem-se manifestado claramente nos últimos tempos, apesar da impassibilidade das autoridades nacionais.

Nós estamos inseridos na União Europeia, para o bem e para o mal, e3 a Inglaterra por vontade própria acabou por sair da mesma ao aprovar o Brexit.

No caso da escassez de vacinas na UE, a Inglaterra tem bloqueado o envio de vacinas para a Europa para satisfazer as suas necessidades de vacinação, estando por isso muito mais avançada relativamente à União Europeia. De Inglaterra não sai uma única vacina para a Europa.

A Europa que financiou a AstraZeneca e firmou encomendas da vacina contra a COVID-19 em quantidade muito apreciáveis, além de não receber a totalidade do que tinha sido estabelecido, ainda está a exportar vacinas da AstraZeneca fabricadas em território europeu, pelo que exigiu que a farmacêutica cumprisse as encomendas combinadas, ou então ver-se-ia obrigada a proibir a exportação das vacinas produzidas no espaço europeu.

É curiosa a resposta inglesa, que diz que seria “contraprodutivo” bloquear a exportação da vacina da AstraZeneca, mas nada diz sobre a sua própria proibição de exportação da vacina, o que diz muito sobre o cinismo com que encara a situação.

O proteccionismo britânico que devíamos conhecer bem desde o ultimato inglês (1890), não é só notório quanto à vacinação, mas também quanto à economia, já para não falar nas premissas do Brexit, e veja-se agora que o ministro da defesa pede aos britânicos que não marquem férias e aguardem recomendações por parte do governo, acrescentando “não podemos pôr em perigo os ganhos da nossa campanha de vacinação” referindo-se à possibilidade de os turistas regressados a casa virem infectados com mais perigosas e mais transmissíveis do vírus. “Se fôssemos imprudentes e importássemos novas variantes que comportam riscos, como reagiriam as pessoas”.

O cinismo britânico é conhecido, como conhecido é o lambebotismo tuga, mas custa ouvir responsáveis dum país que exportou uma variante altamente contagiante para a Europa, vir agora ter um discurso destes, e custa ainda muito mais ouvir o discurso dos nossos governantes que estão sempre de pernas abertas para com uns parceiros que são tudo menos confiáveis. Reciprocidade é algo que a diplomacia devia saber fazer respeitar, se queremos ser também respeitados.

 



 

Sem comentários:

Enviar um comentário