domingo, maio 24, 2020

PESSOA

domingo, maio 17, 2020

CULTURA E MITOS URBANOS


Existem muitos mitos urbanos que envolvem a História e o Património, mas é bem verdade que as pessoas gostam, e fixam melhor estes mitos do que a verdade histórica comprovada.


Durante as várias décadas de trabalho no Património aprendi um a coisa, que foi nunca me esforçar demasiado em desmistificar os mitos, embora sempre os tenha classificado como mitos ou lendas quando a eles me refiro.


No Mosteiro da Batalha ouve-se a lenda da abóbada da Sala do Capítulo e do mestre Afonso Domingues, e eu acho que é uma ume narrativa deliciosa, um pouco nacionalista, mas que trás um certo misticismo ao monumento. Quem desejar aprofundar mais o seu conhecimento, pois então que o faça, mas não desfaça o imaginário dos outros.


No Palácio da Vila de Sintra temos a Lenda das Pegas, talvez um pouco machista mas por isso mesmo interessante, ou as divagações sobre o Quarto Prisão de D. Afonso VI, seja pelas razões da sua desgraça, do desgaste do solo do seu cárcere, ou até dos sinais que trocaria com o conde de Castelo Melhor, que compõem uma narrativa melodramática. E o que dizer da hipotética leitura dos Lusíadas ao rei D. Sebastião pelo próprio Luís de Camões, no Pátio da Audiência, potenciado pelo filme de Leitão de Barros?


Também podemos ir para Mafra onde temos as ratazanas dos subterrâneos, e os exércitos de morcegos que tratam da conservação dos livros, que fazem a delícia de quem ouve estas narrativas.


Claro que as lendas e as narrativas fantasiosas apimentam o imaginário de muita gente, mas devem sempre ser antecedidas do aviso correspondente, porque nunca se sabe a quem as contamos…


sábado, maio 09, 2020

GRANDE CONFUSÃO


As regras depois do estado de emergência são um pouco confusas e nem sempre possíveis de entender ou de colocar em prática.

Entrando num supermercado vi que era impossível manter os tais 2 metros de distância entre cada pessoa, porque a minha lista de compras era diferente da duma senhora que tinha voltado para trás e entrou no meu espaço pessoal. Segui em frente e um cavalheiro falava ao telefone com alguém e eu parei para não o incomodar, mas a senhora que tinha voltado atrás mandou-me andar porque não tinha o dia inteiro para fazer compras.

No dia seguinte decidi sair de casa para dar uma volta a pé para fazer uma pequena caminhada em volta do meu quarteirão de residência e, menos de duzentos metros depois sou abordado por um senhor polícia a cavalo que me perguntou o que estava a fazer, ao que respondi que estava a dar uma volta perto da residência, e a resposta imediata foi, o senhor já tem mais de 65 anos (é verdade), por isso está no grupo de risco, pelo que deve regressar imediatamente para a sua residência porque temos uma regra de recolhimento. Por acaso tenho mais de 65 anos mas não estou aposentado, mas o senhor polícia nem merecia qualquer resposta minha.

Não fui à praia, nem sequer em passeio de carro, mas vi na televisão que estas estão abertas apenas para os surfistas, ou para quem esteja a fazer exercício físico, mas uma pessoa que se sente sozinha para apanhar sol está a infringir as regras. Parece que em algumas praias também se pode fazer pesca lúdica, mas estar a apanhar sol, mesmo que sozinho, é contra as regras. Mergulhar para dar umas braçadas é proibido, a não ser a surfista ou praticantes de bodyboard com a prancha.

Para os restaurantes que vão abrir dia 18 a distância entre clientes está estabelecida em 2 metros, e no comércio vigoram os 20 metros quadrados por pessoa, mas para os museus, palácios e monumentos, onde os espaços estão muitas vezes limitados por baias, existem espaços com menos de dois metros de largura, e com menos de 20m2 por sala, a abertura está marcada para o próximo dia 18.

Também pensei nas questões legais das proibições de circulação e de acesso a certos locais, num estado de calamidade (não de emergência) e não encontrei explicação para muitas destas regras impostas.

Será que sou o único a não compreender isto?Há diferenças entre o estado de emergência e o estado de calamidade, mas parece que a confusão é imensa...