Nem sou muito de arraiais, mas
nesta época costumo passar por lá uma vez, para comer umas sardinhas e beber
uma sangria, o que já faz parte da minha própria tradição.
As tradições dos Santos Populares
já não são o que eram, e não se julgue que mudaram para melhor, porque não é
verdade.
As barraquinhas dos tiros ou não
existem ou estão às moscas, as de argolas sumiram, as rifas também já eram, os
carroceis às vezes nem lá estão, e os carrinhos de choques escasseiam. Eu sei
que para alguns contam mais as procissões e as sardinhas assadas, mas isso
parece-me pouco.
A nova realidade tem mais
cerveja, ginjinha e gin, mais hamburguers e pizas, e em vez dos nossos ranchos
populares, das bandas filarmónicas, e dos nossos cantores pimbas, oferecem-nos
dj’s, música sertaneja e outras coisas semelhantes.
Cada vez mais oferecemos aquilo
que se pode encontrar em todos os destinos turísticos de baixo preço, e é com
esses que alguns querem competir, porque é essa a essência do turismo de
massas. É pena, porque nesse campo só podemos competir empobrecendo o país, e
ganhava-se muito mais oferecendo o que é genuinamente nosso.