Nos tempos que correm tudo tem servido para justificar o aumento da idade de reforma, até a esperança de vida que entra no cálculo das pensões. Como se percebe isso não passa duma falácia e de um exercício meramente estatístico, que não respeita as especificidades nem do indivíduo nem da actividade profissional exercida.
É consensual que a esperança de vida tem sido apenas um instrumento para dificultar a entrada na reforma e para aumentar o período de descontos dos trabalhadores, ou então diminuir-lhes substancialmente os montantes das pensões, caso não trabalhem mais anos.
O cálculo da esperança de vida em Portugal tem sido uma incógnita para todos, e pode até dizer-se que não existe nenhum estudo fiável em que se baseiem os números que nos vão sendo adiantados pelas autoridades.
Este inverno com muito frio veio alertar a Direcção-Geral da Saúde (DGS) para o aumento exagerado da mortalidade de pessoas idosas. Sendo certo que com as fracas condições económicas de boa parte dos idosos, associadas à fraca qualidade da construção de grande parte das habitações, levam a que muitas pessoas passem muito frio, perigando desse modo a sua saúde, isso não é tudo.
As pensões muito baixas, o desemprego de longa duração e mesmo salários demasiado baixos, fazem com que existam cada vez mais famílias que se alimentam mal, se agasalham mal e que não tomam a medicação adequada para os males de que vão padecendo.
Há portugueses a morrerem prematuramente, e já são quase um quarto dos portugueses os que não passam dos 70 anos. Este problema não se combate com caridadezinha, mas sim com um aumento da qualidade de vida, o que não vai ser possível com as políticas que nos estão a ser impostas.
Será que a esperança média de vida que o governo tem utilizado é real e baseada em dados credíveis e comprováveis?
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